Inteligência Artificial

OpenAI testa modelo de cinema com IA e mira estreia em Cannes

Com orçamento de menos de US$ 30 milhões, “Critterz” quer provar que a IA pode reduzir custos e tempo em Hollywood

Critterz: produção é da Vertigo Films e da Native Foreign, com financiamento da Federation Studios (The Critterz/YouTube/Reprodução)

Critterz: produção é da Vertigo Films e da Native Foreign, com financiamento da Federation Studios (The Critterz/YouTube/Reprodução)

Publicado em 8 de setembro de 2025 às 10h07.

A OpenAI, empresa dona do ChatGPT, quer provar que a inteligência artificial generativa pode fazer filmes “mais rápido e mais barato” do que Hollywood faz hoje.

Segundo reportagem do jornal Wall Street Journal, a empresa está cedendo suas ferramentas e infraestrutura de computação para viabilizar “Critterz”, um longa-metragem de animação feito majoritariamente com IA, que deve estrear nos cinemas globais em 2026.

A trama acompanha criaturas da floresta que embarcam em uma aventura após a chegada de um estranho à vila. A ideia é de Chad Nelson, que começou a desenvolver os personagens há três anos, enquanto produzia um curta usando o DALL-E, ferramenta da OpenAI capaz de criar imagens a partir de descrições em texto.

O curta foi lançado em 2023, e, posteriormente, a OpenAI contratou Nelson para atuar como interlocutor entre a empresa e artistas no uso de suas ferramentas. Agora, em parceria com produtoras de Londres e Los Angeles, ele trabalha para lançar o longa em maio, no Festival de Cannes.

Aposta da OpenAI

A animação Critterz está sendo produzida pela Vertigo Films, de Londres, em parceria com a Native Foreign, estúdio que combina inteligência artificial e ferramentas tradicionais de vídeo.

O cofundador da Vertigo, James Richardson, afirmou que a meta é concluir o filme em cerca de nove meses, em vez dos três anos normalmente necessários para uma animação tradicional. O longa terá orçamento inferior a US$ 30 milhões.

O modelo de produção prevê o uso de atores para as vozes e de artistas para criar esboços, que depois serão processados nas ferramentas da OpenAI, incluindo o GPT-5 e modelos de geração de imagens.

O roteiro de “Critterz” foi escrito por parte da equipe de “Paddington in Peru”. A produção já está em andamento, e a definição do elenco de vozes deve ocorrer nas próximas semanas.

IA no cinema

A OpenAI aposta que, se o projeto for bem-sucedido, servirá como prova de que a inteligência artificial pode chegar às salas de cinema e acelerar sua adoção em Hollywood, além de reduzir barreiras de entrada para novos criadores. Ainda assim, o lançamento envolve riscos. O filme ainda não tem distribuidora, e um título original animado é sempre uma aposta incerta.

Há também desafios legais: trabalhos gerados integralmente por IA não são protegidos por copyright. No entanto, o uso de vozes humanas e de arte criada por pessoas antes de serem integradas às ferramentas pode tornar a obra elegível à proteção autoral, explicou Nik Kleverov, cofundador da Native Foreign, ao Wall Street Journal.

Enquanto isso, grandes estúdios como Disney e Netflix também vêm testando inteligência artificial em diferentes áreas, da produção ao marketing. A adoção, porém, ainda é cautelosa diante da resistência de trabalhadores da indústria do entretenimento e de disputas sobre propriedade intelectual.

Essas tensões já chegaram aos tribunais. Em junho, Disney e Universal processaram a Midjourney por suposta cópia de obras protegidas; a empresa contestou as acusações. Na semana passada, a Warner Bros. Discovery abriu uma ação semelhante.

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