Inteligência Artificial

Empresas só contratam humanos quando a IA falha, diz estudo

Proporção de tarefas automatizáveis nas vagas caiu 19% em três anos com o avanço da inteligência artificial

Publicado em 2 de junho de 2025 às 09h11.

Empresas como Shopify e Duolingo estão impondo um novo filtro para ampliar suas equipes: só há contratação de humanos quando fica comprovado que a inteligência artificial (IA) não é capaz de fazer o trabalho com a mesma eficiência. Desde o lançamento do ChatGPT, em 2022, esse movimento vem ganhando força e já começa a impactar os números do mercado de trabalho.

Um levantamento da Revelio Labs, consultoria especializada em dados de emprego, mostra que a proporção de tarefas realizáveis por IA nas vagas publicadas online caiu 19% nos últimos três anos. A principal explicação é a redução nas contratações para cargos que podem ser automatizados.

O estudo, liderado pela economista Zanele Munyikwa, dividiu os cargos em três categorias: alta, média e baixa exposição à IA. Desde a popularização do ChatGPT, a queda nas vagas foi mais acentuada nas funções com alta exposição (–31%) do que nas de baixa exposição (–25%).

As ocupações mais expostas são ligadas a funções técnicas, como administradores de banco de dados, especialistas em TI, segurança da informação e engenheiros de dados. Já as menos expostas envolvem presença física e habilidades práticas, como gerentes de restaurante, mecânicos e encarregados de obras.

A tendência não é isolada. Em 2023, pesquisadores das universidades de Washington e Nova York identificaram uma queda de 2% no número de vagas para freelancers de escrita na plataforma Upwork, acompanhada por uma redução de 5,2% nos ganhos mensais da categoria. Segundo os autores, a IA generativa “reduz a demanda geral por trabalhadores do conhecimento no curto prazo”.

Ainda que os dados mostrem o impacto já visível da IA nas contratações, especialistas alertam que as empresas podem estar superestimando o potencial da tecnologia. “Não está claro se a IA atual realmente consegue fazer tudo o que os empregadores acreditam que ela pode fazer”, pondera Munyikwa.

Algumas empresas já dão sinais de recuo. A fintech Klarna, que chegou a afirmar que um assistente de IA realizava o equivalente ao trabalho de 700 funcionários, voltou a contratar agentes humanos após uma queda na qualidade do atendimento.

Apesar disso, a tendência de enxugamento das equipes permanece. Para muitos líderes do setor de tecnologia, a IA representa uma solução mais eficiente e previsível que os humanos, que tiram férias, ficam doentes e se desmotivam. Enquanto as ferramentas de IA continuam avançando, o futuro dos empregos de escritório permanece incerto.

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