A China, que já superou os EUA e o Japão em densidade de robôs industriais, agora aposta em humanoides para avançar em tarefas domésticas e serviços de cuidado (Getty Images)
Redator
Publicado em 12 de setembro de 2025 às 10h28.
Última atualização em 12 de setembro de 2025 às 15h40.
Apoiada por Jack Ma, co-fundador da Alibaba, a Ant apresentou nesta quinta-feira, 11, seu primeiro robô humanoide, o modelo R1. Mais conhecida por ser dona do sistema de pagamento digital Alipay, a empresa fez o anúncio durante a Inclusion Conference, em Xangai, marcando sua entrada em um setor disputado por gigantes como a Tesla e a chinesa Unitree.
O robô foi desenvolvido pela Shanghai Ant Lingbo Technology, subsidiária também chamada de Robbyant. O R1 é projetado para atuar como guia turístico, auxiliar em farmácias, prestar consultas médicas ou executar tarefas básicas de cozinha. Segundo a empresa, a prioridade não é o hardware, mas o desenvolvimento do “cérebro” que dará autonomia às máquinas.
Essa estratégia aposta nos humanoides como forma de popularizar o uso de modelos de inteligência artificial em tarefas cotidianas. “Se usados em casas, eles não apenas ajudarão em tarefas do dia a dia, mas funcionarão como cérebros superinteligentes”, disse Zhu Xing, CEO da Robbyant.
Por isso, a Ant está desenvolvendo seu próprio grande modelo de linguagem (LLM), o BaiLing, e testando meios para treiná-lo com semicondutores mais barato e produzidos na China, numa tentativa de reduzir a dependência tecnológica de fornecedores estrangeiros.
Além disso, o R1 utiliza componentes de empresas locais como Ti5, responsável pelos módulos das juntas, e Galaxea AI, apoiada pela própria Ant, para o chassi. Segundo a Bloomberg, há também negociações com a Unitree e a Orbbec.
A empresa não divulgou preço ou cronograma de vendas. Por enquanto, o R1 está em testes em centros comunitários e restaurantes, com foco em segurança. A meta de longo prazo é ampliar o uso para cuidados médicos e assistência domiciliar.
No entanto, para especialistas, o sucesso dependerá mais do avanço dos modelos de IA do que da manufatura. “O mais importante será o software escalável, não necessariamente a engenharia”, disse Andy Mok, pesquisador do Center for China and Globalization.
No começo desta semana, a também chinesa X Square Robot levantou cerca de US$ 100 milhões em uma rodada liderada pela unidade de nuvem da Alibaba. Assim como a Ant, a aposta da empresa é que a integração entre humanoides e IA permitirá que as máquinas realizem tarefas complexas de forma autônoma.
Além das chinesas, o interesse de investidores ao redor do mundo em robótica é grande: desde 2024, startups do setor já receberam US$ 5 bilhões de capital de risco, segundo a Pitchbook. Isso sem contar iniciativas de big techs como Amazon, Google e a montadora Tesla, de Elon Musk.A China, que já superou os EUA e o Japão em densidade de robôs industriais, agora aposta em humanoides para avançar em tarefas domésticas e serviços de cuidado.