Inteligência Artificial

CEO da Uber admite que carros autônomos podem ameaçar empregos de motoristas

Embora reconheça a gravidade do impacto social, Dara Khosrowshahi afirmou que não tem uma "resposta simples" para a questão

Dara Khosrowshahi: CEO da Uber (Anushree Fadnavis/Reuters)

Dara Khosrowshahi: CEO da Uber (Anushree Fadnavis/Reuters)

Publicado em 19 de setembro de 2025 às 16h08.

A ascensão dos carros autônomos pode, eventualmente, custar o emprego de muitos motoristas de aplicativo. Isso é um grande problema, admitiu o CEO da Uber, Dara Khosrowshahi. A declaração foi feita durante um evento realizado neste mês, no qual o executivo discutiu os desafios que a tecnologia pode impor aos trabalhadores temporários da empresa, fundamentais para o crescimento e a sustentabilidade do negócio.

Em uma conversa no podcast All-in, Khosrowshahi foi questionado sobre as preocupações de que os motoristas de aplicativos, conhecidos como gig workers, possam perder seus empregos à medida que os carros autônomos se tornem mais comuns nas ruas.

Segundo o CEO da Uber, nos próximos cinco a sete anos, a empresa terá mais motoristas e entregadores humanos, já que está em expansão e o processo de transição para a autonomia será gradual. No entanto, “daqui a 10 a 15 anos, isso será um problema real", completou Khosrowshahi.

Embora reconheça a gravidade do impacto social, Khosrowshahi afirmou que não tem uma "resposta simples" para a questão. Ele afirmou que este é um tema que diz respeito à sociedade como um todo e que muitas outras indústrias também terão que enfrentar.

A preocupação com a substituição de empregos por inteligência artificial e outras tecnologia está crescendo. Em parceria com a Waymo, subsidiária da Alphabet, dona do Google, a Uber já realiza testes com carros autônomos em cidades como Atlanta e Austin. Os primeiros resultados indicam que esses veículos são mais eficientes do que muitos motoristas humanos.

No entanto, alguns motoristas da Uber ainda expressam ceticismo quanto à eficácia da tecnologia, questionando a capacidade dos veículos autônomos de lidar com obstáculos comuns, como buracos nas ruas.

Na conversa, Khosrowshahi também destacou que a IA está criando novas oportunidades de trabalho para contratantes independentes, como funções de rotulagem de dados e processamento de informações para treinar modelos de IA. "Estamos expandindo para outros tipos de trabalho sob demanda para ajustar as opções disponíveis para as pessoas que querem ganhar dinheiro em nossa plataforma", concluiu.

Previsões vs realidade

Anteriormente, Khosrowshahi já havia dito que a profissão de motorista de aplicativo só duraria mais uma década, sendo substituída por IA e veículos autônomos. Somente na Uber, sete milhões de pessoas atuam como motoristas ou entregadores de aplicativos nos EUA.

Outra previsão que ainda precisa ser comprovada é sobre a lucratividade dos serviços de robotáxis. Analistas do banco britânico HSBCalertaram que o potencial pode ter sido “amplamente superestimatado” e que pode levar até oito anos para que eles se tornem rentáveis.

Fundada em 2009, a Uber registrou seu primeiro lucro líquido anual somente em 2023, com cerca de US$ 1,9 bilhão. Ou seja, foram quase 14 anos para se tornar lucrativa. Desde então, no entanto, a empresa tem apresentado resultados cada vez melhores. O segundo trimestre de 2025 registrou lucro líquido de US$ 1,4 bilhão, um aumento de 33% em relação ao ano anterior.

Acompanhe tudo sobre:Inteligência artificialTecnologiaUberCarros autônomos

Mais de Inteligência Artificial

Nvidia negocia investimento de US$ 500 mi na Wayve, startup britânica de carros autônomos com IA

DeepSeek revela que treinamento de sua IA custou US$ 294 mil – menos de 0,3% do custo do ChatGPT

Governo Federal deve investir R$ 23 bilhões em IA até 2028

Notion, startup de produtividade, lançou assistente de IA antes do ChatGPT e hoje fatura US$ 500 mi