LCI e LCA: com possível taxação, especialistas olham para tesouro direto e renda variável no exterior (Paulo Whitaker/Reuters)
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Publicado em 13 de junho de 2025 às 15h31.
Última atualização em 13 de junho de 2025 às 15h38.
Na última quarta-feira, 11, o Governo Federal publicou, em uma edição extra do Diário Oficial da União, uma Medida Provisória (MP) que muda a tributação de algumas aplicações financeiras, dentre elas o LCI e o LCA (Letra de Crédito Imobiliário e Agrícola).
Na prática, isso significa que investimentos em LCI e LCA vão passarão a ser tributados em 5% no Imposto de Renda, do qual eram isentos. A MP veio como uma alternativa à repercussão negativa do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) que havia sido proposto pelo governo.
Essas novas regras podem começar a valer em 2026, mas ainda precisam passar pela aprovação do Congresso. Nesse momento de mudanças, a EXAME te ajuda a entender quais são as melhores alternativas de investimentos. Veja a seguir.
LCI e LCA são Letras de Créditos Imobiliários e Agrícolas. Mas o que isso significa na prática? Para entender o que são e quais as melhores alternativas de investimentos, a EXAME ouviu Marcelo Lancerotti, professor na Saint Paul Escola de Negócios e mestre em economia pela Unifesp.
De acordo com o especialista, quando um investidor compra um título LCI ou LCA, ele está “emprestando” dinheiro para o banco financiar o mercado imobiliário ou o agronegócio. Ou seja: o valor que o banco recebe na compra de um título é direcionado para a construção e compra de imóveis ou para fazendeiros investirem em plantações e criações de gado.
“São títulos emitidos pelo mercado imobiliário ou pelo mercado agrícola, que tem o banco como intermediário onde as pessoas estão comprando uma dívida”, explica Lancerotti.
“A diferença desses títulos para os outros de renda fixa é que, hoje, ele é isento de imposto”, afirma Marcelo. “Eles se tornam atrativos porque eu consigo ter uma taxa semelhante entre eles e outros títulos, mas como são isentos de imposto, eu tenho uma rentabilidade maior”.
No entanto, Lancerotti argumenta que, caso a Medida Provisória apresentada pelo governo seja aprovada, o LCI e o LCA passam a ser taxados e, assim, podem se tornar menos interessantes. “Quem for adquirir um título de renda fixa vai ter que começar a analisar quanto esse título paga e qual é a alíquota de imposto”.
Nesse cenário, Marcelo analisa que voltar a olhar para títulos como o tesouro direto pode ser uma boa opção. Nesse caso, quando um investidor compra títulos do tesouro, está adquirindo uma fração da dívida do Estado.
Lancerotti afirma que esse é um tipo de investimento seguro, uma vez que o Governo Federal é um bom pagador e a rentabilidade é baseada na taxa de juros.
“Um tesouro Selic, que você compra diretamente a dívida do governo e não tem taxa de administração do banco, pode ser que fique mais interessante, principalmente em um momento de juro alto que não tende a diminuir”, diz o especialista.
Outra alternativa apresentada por Marcelo é procurar rendimentos em moeda estrangeira, especialmente em euro e dólar, mesmo fora da renda fixa: “Os EUA não tem um mercado tão variável quanto o nosso. O brasileiro varia bastante dado a nossa conjuntura econômica”.
Entender os principais conceitos de finanças, como noções de economia, matemática financeira, análise de performances empresariais e tipos de aplicações em renda fixa e variável é essencial para qualquer profissional, mesmo para aqueles que não atuam nesse mercado.
Pensando nisso, a EXAME e a Saint Paul Escola de Negócios desenvolveram o curso de extensão Finanças Para Profissionais Não Financeiros.
O curso é ministrado por professores reconhecidos e experientes no mercado: Lucas Dreves Gimenes, doutor em finanças pela FGV, Renato Monteiro da Silva, mestre em controladoria empresarial pelo Mackenzie e Mauricio Godoi, mestre em ciências contábeis pela PUC. A equipe ainda conta com Marcelo Lancerotti como coordenador.