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Por que as stablecoins podem crescer mais do que qualquer criptomoeda

Preservar poder de compra, reduzir custos de transação e abrir fronteiras para negócios que antes estavam presos a burocracias cambiais não estão mais em um movimento teórico

 (Andriy Onufriyenko/Getty Images)

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Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 4 de outubro de 2025 às 10h00.

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Por Matheus Moura e Leandro Noel*

“As stablecoins podem crescer mais do que outras criptomoedas.” A frase dita por Roberto Campos Neto, ex-presidente do Banco Central, em um evento recente, não é um exagero. Ela resume um movimento que já está em curso e que deve transformar a forma como lidamos com dinheiro, crédito e pagamentos no mundo todo, especialmente nos mercados emergentes.

Nos últimos anos, testemunhamos a transformação silenciosa das stablecoins: de uma solução restrita ao mercado cripto para um instrumento que já movimenta mais do que gigantes como a Visa, por exemplo. E essa não é apenas uma tendência passageira. É uma mudança estrutural que deve moldar o sistema financeiro dos próximos anos.

Preservar poder de compra, reduzir custos de transação e abrir fronteiras para negócios que antes estavam presos a burocracias cambiais não estão mais em um movimento teórico. Isso já acontece no dia a dia de pessoas que enviam remessas internacionais, de empresas que pagam fornecedores em outros continentes e de famílias em países emergentes que lutam contra a inflação.

Campos Neto também levantou outro ponto importante: stablecoins aceleram a desintermediação bancária. Ao transferir dinheiro para uma carteira digital, o usuário retira depósitos do banco, reduzindo sua capacidade de oferecer crédito. Isso abre discussões legítimas sobre impactos na política monetária e no papel das instituições tradicionais.

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Mas, em vez de enxergar apenas o risco, precisamos olhar para a oportunidade. A desintermediação pode ser um catalisador para modelos de crédito mais inclusivos e transparentes, como os que já surgem em plataformas descentralizadas. O desafio está em equilibrar inovação e estabilidade. E esse equilíbrio só virá com regulação clara, infraestrutura confiável e compliance robusto.

Mas stablecoins por si só não escalam. É a infraestrutura por trás delas — regulatória, de liquidez e de APIs — que garante que funcionem de forma confiável e integrada aos sistemas já existentes. Sem essa camada, não há confiança, interoperabilidade nem escala. É essa base que permite que stablecoins deixem de ser apenas tokens em blockchain e passem a ser rails de pagamentos globais, seguros e regulados.

Confiança, nesse contexto, é a palavra-chave. Investidores institucionais, empresas e consumidores não adotarão stablecoins em larga escala se não tiverem garantias de segurança, auditoria e governança. O Genius Act nos Estados Unidos e o MiCA na Europa já deram passos nessa direção.

No Brasil, avançamos na construção de um marco regulatório que precisa ser ágil, sem perder o rigor. Afinal, a regulação não deve ser vista como freio, mas como motor de expansão. Ela dá previsibilidade e protege o usuário, ao mesmo tempo em que legitima um mercado que já movimenta centenas de bilhões de dólares globalmente.

O que está acontecendo com stablecoins se assemelha ao que a AWS fez com a infraestrutura de servidores. Antes dela, lançar um servidor em outro país exigia meses de investimento em hardware, procurement e logística. Depois, passou a ser questão de minutos em poucas chamadas de API.

Da mesma forma, stablecoins têm o potencial de transformar o que antes levava anos de integrações bancárias e licenças em poucas chamadas de API, tornando acessível para qualquer empresa lançar produtos financeiros em questão de dias.

Hoje, mais de 99% das stablecoins são lastreadas em dólar. Em economias instáveis, dolarizar digitalmente é uma forma de preservar patrimônio. Mas a próxima fase dessa revolução será marcada pela pluralidade. Stablecoins lastreadas em moedas locais terão papel central na integração de sistemas de pagamento globais.

Imagine um cenário em que o real, convertido em stablecoin, pode ser liquidado instantaneamente via Pix, atravessar fronteiras sem fricção e ser convertido em sistemas de pagamento como SEPA na Europa ou SPEI no México. Esse “sanduíche” de stablecoins já está em construção e tem potencial para reduzir custos e aumentar a competitividade das empresas brasileiras no comércio internacional.

O crescimento das stablecoins também está profundamente ligado às necessidades de populações que enfrentam desvalorização cambial e inflação persistente. Isso acontece muito em países da América Latina, onde funcionam como refúgio financeiro e meio de pagamento cotidiano.

A experiência desses países mostra que, quando a confiança na moeda local se perde, as pessoas naturalmente buscam alternativas que ofereçam estabilidade. E isso não é um fenômeno distante: o Brasil, com sua longa memória inflacionária, também carrega essa sensibilidade.

Em paralelo, o uso de stablecoins traz benefícios claros para empresas que precisam operar em um mundo cada vez mais integrado. Transações que antes levavam dias e dependiam de intermediários caros podem ser feitas em minutos, com custos irrisórios. Essa eficiência não substitui sistemas já consolidados, mas os complementa. É uma camada adicional que conecta diferentes realidades e que abre espaço para novos modelos de negócio.

As stablecoins são o elo entre dois mundos: a solidez das moedas fiduciárias e a agilidade da tecnologia blockchain. São, ao mesmo tempo, um mecanismo de proteção e um motor de inovação. O que estamos vendo não é uma ameaça ao sistema financeiro, mas uma evolução natural dele. Um movimento que exige diálogo constante entre reguladores, empresas e sociedade. E o Brasil tem tudo para ser um dos protagonistas nessa jornada.

*Matheus Moura e Leandro Noel são cofundadores da Avenia, empresa por trás da stablecoin BRLA.

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