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Ethereum: projeto completou 10 anos em 2025 (Reprodução/Reprodução)
Redação Exame
Publicado em 2 de agosto de 2025 às 09h33.
Há uma década, a Ethereum surgiu como uma plataforma revolucionária, introduzindo os contratos inteligentes e transformando a lógica dos blockchains. Com ela, passamos a contar com uma revolucionária infraestrutura programável e descentralizada, permitindo então a execução automática de acordos previamente programados sob a forma de “contratos inteligentes” ou mais conhecido sob sua forma internacional “smart contracts”.
Ao longo desses anos, a rede expandiu seu alcance em termos de adoção e abrangência de casos de uso, em especial devido à sua forte e consistente evolução tecnológica.
A Ethereum hoje serve de base para milhares de aplicações em todo o mundo e começa a ser adotada não apenas pelos usuários experimentais (chamados de early adopters), mas também por grandes e relevantes instituições financeiras, que começam a compreender o potencial revolucionário da tecnologia.
Podemos dizer que a Ethereum foi um marco tecnológico que, após dez anos, continua liderando novos caminhos para inovação.
Idealizada por Vitalik Buterin em 2013, a Ethereum foi concebida com o propósito de ir além das transações financeiras. A proposta era criar um ambiente onde qualquer tipo de aplicação descentralizada pudesse ser construída.
Lançada em 2015, a plataforma rapidamente ganhou tração entre os usuários experimentais (“early adopters”). Ainda em seus primeiros anos, experimentou tanto avanços quanto desafios: como o episódio da The DAO, que levou à divisão da rede em Ethereum e Ethereum Classic, marcando seu primeiro grande teste de governança.
Mesmo após essa crise, a Ethereum manteve sua trajetória de crescimento. Em 2017, protagonizou o boom das ICOs, sendo o palco principal para a criação de novos tokens e projetos. Foi também o ano do fenômeno CryptoKitties, que popularizou os NFTs e expôs os limites de escalabilidade da rede. Essas pressões impulsionaram o desenvolvimento de novos padrões, como o ERC-721, e evidenciaram a Ethereum como um celeiro de inovação no setor cripto.
Com a chegada de 2020, a Ethereum consolidou sua posição como líder no ecossistema DeFi. Protocolos de empréstimos, swaps e rendimento financeiro se proliferaram, movimentando bilhões sem a necessidade de intermediários. Em paralelo, os NFTs explodiram em popularidade, reforçando a Ethereum como o principal ambiente para arte e colecionáveis digitais.
No entanto, o crescimento trouxe gargalos de desempenho e custo, deixando claro que medidas estruturais, para garantir a sustentabilidade da rede, deveriam ser tomadas. Além da necessidade clara para que a rede Ethereum suportasse maior tráfego, o consumo de energia elétrica era um dos pontos mais sensíveis e críticos, e esse modelo apenas aumentava.
A resposta mais significativa a esse desafio, do consumo energético protagonizado pelo modelo “Proof-of-work - PoW”, foi o The Merge, em 2022, que substituiu o modelo de mineração vigente (PoW) por staking, reduzindo o consumo energético da rede em mais de 99%.
A redução do consumo energético foi muito celebrada, e o segundo grande passo foi também a adoção de um quadro de evolução tecnológica (“roadmap”) baseado em camadas, chamadas de L2 e até L3. Essa arquitetura de “segunda camada” permitiu um aumento sem precedentes na capacidade transacional, ao mesmo tempo mantendo-se as mesmas garantias de segurança da rede Ethereum.
Uma outra forte vantagem desse modelo de crescimento é que a infraestrutura passou a crescer de maneira modular, se adaptando aos diversos casos de uso e suas respectivas demandas técnicas. Desde então, Ethereum vem constantemente evoluindo, por meio de uma série de atualizações técnicas, mantendo o foco em performance e descentralização.
Olhando para o futuro, a Ethereum caminha para uma fase menos guiada por promessas especulativas e mais por fundamentos técnicos sólidos. A tendência aponta para soluções modulares, verificáveis e escaláveis que sirvam como base confiável para aplicações mais complexas e críticas.
A valorização dessas tecnologias mostra que o amadurecimento do ecossistema depende, cada vez mais, de engenharia consistente e interoperabilidade com padrões amplamente usados fora do blockchain.
Essa evolução técnica também redefine os critérios de maturidade no setor. Projetos que demonstram descentralização real, auditabilidade e robustez operacional estão sendo priorizados por analistas, investidores e desenvolvedores.
Essa maturidade é o que tornará a Ethereum apta para uma adoção mais ampla, inclusive por organizações e governos que exigem segurança e previsibilidade. Escalar, portanto, não é só fazer mais; é fazer com mais responsabilidade.
Esse momento que a rede Ethereum alcançou também chamou a atenção dos mercados financeiros tradicionais que vêm escolhendo Ethereum como opção tecnológica para que serviços financeiros tradicionais entrem no mundo das finanças tradicionais. O exemplo mais recente foi o anúncio da Robinhood, gigante americana, lançando sua plataforma de ativos digitais como uma segunda camada sobre Ethereum.
Vale lembrar que não somente instituições privadas, mas também bancos centrais têm apontado na direção de usar redes compatíveis com Ethereum (EVM compatible) no lançamento dos chamados CBDCs (Central Banks Digital Currencies), que seriam “stablecoins” lançadas diretamente pelos bancos centrais dos países.
Ao completar 10 anos, a Ethereum se prepara para sua década mais desafiadora e promissora: tudo aponta para uma adoção explosiva da tecnologia pelo mercado financeiro e, com isso, o potencial lançamento de serviços financeiros inovadores. Sustentar seu protagonismo exigirá menos foco em tendências passageiras e mais em resolver os problemas fundamentais que ainda limitam a adoção global.
O que vem adiante dependerá da capacidade coletiva da comunidade em manter viva a essência original do projeto: descentralização, acessibilidade e confiança, e equilibrar isso com a constante evolução necessária para endereçar as demandas técnicas que estão por vir.
Os próximos dez anos não serão uma repetição; serão uma nova era de construção e adoção em massa.
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