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Redação Exame
Publicado em 7 de junho de 2025 às 10h00.
Outro dia, conversando com um cliente, ouvi a seguinte frase: “O Ethereum pelo jeito acabou, né? Não conseguiu acompanhar o bitcoin” Na hora, até achei graça este comentário, não por menosprezo, mas em uma visão de alguém que já viu essa história acontecer antes. Com outras tecnologias e empresas.
Se você viveu o mercado de ações entre os anos 2000 e 2010, vai se lembrar bem: a Microsoft passou cerca de 11 anos praticamente estagnada em termos de valorização. E a Coca-Cola? Teve uma correção de mais de 80%, que durou sete anos. Nem por isso essas empresas deixaram de crescer, investir, dominar mercados. Só o preço não refletia isso — ainda.
O Ethereum está passando por algo parecido. Em um ciclo de alta, com bitcoin renovando máximas e os ETFs ganhando o noticiário, é fácil pensar que o ETH ficou para trás. Mas será mesmo?
Porque, quando olhamos para os fundamentos, a atividade na rede, o avanço das tecnologias e o número de usuários... O que vemos é exatamente o oposto. O Ethereum talvez não esteja falhando. Talvez ele só esteja se transformando — de promessa especulativa para uma verdadeira infraestrutura tecnológica.
E isso é um sinal importante para o próprio mercado tradicional!
O Ethereum chegou ao mercado com um simples objetivo: “Fazer aquilo que o bitcoin não faz”. Isso quer dizer que enquanto o BTC estava com sua rede muito restrita e ineficiente para qualquer coisa além da transação de valores, o ETH chegou colocando a mão na massa para trazer o desenvolvimento de aplicativos descentralizados (dApps) e finanças descentralizadas (DeFi) com maestria e escalabilidade.
Foi um percurso árduo e com polêmicas envolvendo hard forks, mas a tecnologia se consagrou como a maior rede para desenvolvimento de tecnologia. Ou como eu gosto de chamar: um celeiro de startups.
E se tem um evento que marcou a trajetória do Ethereum, esse foi o The Merge. Aconteceu em setembro de 2022 e, para muitos, a tecnologia passou batida. Mas, tecnicamente, foi uma das maiores evoluções que a rede já enfrentou.
A partir dessa atualização, o Ethereum deixou de funcionar com base em mineração (o chamado Proof of Work) e passou a operar com um modelo mais moderno e sustentável, o Proof of Stake.
O impacto disso? Uma queda de mais de 99,95% no consumo energético da rede — o suficiente para tornar o Ethereum uma alternativa mais "verde" do que muitas instituições financeiras tradicionais.
Com a transição, surgiram debates sobre uma possível centralização, já que a validação das transações passou a depender de usuários que travam seus tokens (os chamados validadores).
Mais recentemente, a atualização Pectra consolidou ainda mais esse amadurecimento. Além de aprimorar o desempenho técnico, ela também trouxe maior eficiência no uso da rede, melhorando a experiência tanto para os usuários quanto para os desenvolvedores.
Essa evolução constante é o que mantém o Ethereum competitivo mesmo sem precisar travar uma guerra direta com outros projetos.
É curioso observar que, enquanto muita gente vê o Ethereum "parado", ele está, na verdade, fazendo o que toda grande tecnologia faz depois de provar seu valor: se aperfeiçoar por dentro para crescer por fora.
Enquanto muita gente está preocupada com o desempenho de preço do Ethereum, quem acompanha os dados da rede vê um cenário completamente diferente. Na prática, o Ethereum nunca esteve tão vivo.
Comecemos pelo básico: a rede segue processando, em média, 1,4 milhão de transações por dia. E mais: só nas últimas 24 horas, 346,96 ETH foram pagos em taxas de transação, mostrando que a movimentação não é só técnica — há uso real, diário, com valor envolvido.
Além disso, um dado estratégico que costuma passar despercebido: a oferta de ETH em circulação está caindo. Desde a adoção do mecanismo de queima de tokens (implementado após o The Merge), parte do ETH utilizado nas transações é permanentemente removido do supply.
Isso cria um efeito deflacionário que, no longo prazo, tende a beneficiar o preço — mesmo que ele ainda não reflita isso.
Outro dado importante: o número de endereços únicos alcançou sua máxima histórica, com mais de 321 mil usuários ativos.
E esse uso é bem distribuído — varejo e baleias compartilham a detenção de tokens, o que indica confiança tanto de pequenos quanto de grandes investidores.
E se alguém ainda acha que o Ethereum está sendo engolido por outras redes, vale lembrar: a rede está usando apenas 50% da sua capacidade atual. Essa redução não é um problema, é uma consequência… E consequência positiva!
Ela responde diretamente ao avanço das soluções de segunda camada, como Arbitrum e Optimism, que transferiram parte da demanda para fora da mainnet. Isso, aliás, é parceria — não concorrência. Nesse caso, o ETH não está travando uma guerra, está construindo alianças que fortalecem todo o ecossistema.
Por fim, o Ethereum continua liderando o desenvolvimento de aplicações descentralizadas (dApps). São mais de 5 mil apps ativos, com movimentações de US$ 85 bilhões. Em DeFi, o ecossistema detém US$ 115,1 bilhões em TVL, e mais de US$ 247,3 bilhões em market cap de stablecoins.
Esses números não são de um ativo qualquer. São de uma plataforma que se posiciona, cada vez mais, como uma infraestrutura crítica para o futuro das finanças e da tecnologia.
Se tem algo que o mercado financeiro tradicional pode nos ensinar, é que nem sempre o preço reflete a realidade de um ativo no curto prazo. E é aí que a comparação entre o Ethereum e as big techs (e outras empresas) ganha ainda mais relevância. Vamos aos fatos!
A Amazon passou por 34 meses de queda entre 2003 e 2006 antes de retomar sua curva de valorização. A Microsoft, entre dezembro de 1999 e março de 2009, enfrentou 11 anos de lateralização — quase 100 meses em que parecia ter perdido o protagonismo.
A Meta (Facebook) perdeu 77% do seu valor de mercado em apenas um ano, entre 2021 e 2022. E a Coca-Cola enfrentou uma correção de -80,06% ao longo de 90 meses, entre 2013 e 2020.
Esse movimento fica mais claro no gráfico acima, em que faço a comparação de desempenho entre Microsoft, Meta, Amazon, Coca-Cola e, claro, o Ethereum. As barras vermelhas sinalizam exatamente onde cada uma das empresas também sofreu com uma queda abrupta, antes de reverter.
E isso, claro, também parece estar acontecendo com o ETH!
O ativo já teve seus ciclos impressionantes, como uma valorização de 3.684,79% em apenas 19 meses, seguida por quedas igualmente bruscas, como os -80,96% registrados em um dos seus piores momentos. Mais recentemente, entre dezembro de 2024 e o primeiro trimestre de 2025, o token caiu 66,28%, para em seguida subir 55,44% em maio deste ano.
Esse vai e vem não é sinal de fracasso. É sinal de ciclo de amadurecimento. E mais: é sinal de que o Ethereum já entrou para o mesmo ritmo que empresas com décadas de estrada.
A diferença é que o Ethereum ainda é um protocolo descentralizado, construído por comunidades, validadores e desenvolvedores ao redor do mundo. E, por isso, está dentro da carteira de milhares de investidores institucionais — e continua sendo o coração de boa parte do ecossistema cripto.
Então, se você está olhando para o preço do ETH agora e achando que ele "não anda", talvez esteja esperando um comportamento que, neste momento, ainda não faz sentido. O Ethereum está virando uma empresa de infraestrutura global — com fundamentos, tração e uso real. E isso, como vimos com Amazon, Microsoft e tantas outras, leva tempo mesmo.
Olhando para todos os dados — técnicos, comportamentais, históricos e de mercado — fica claro que o Ethereum não é um ativo que "ficou para trás". Ele só está seguindo por um caminho que muita gente não gosta de enxergar: o da maturidade.
O ETH tem construído uma infraestrutura robusta, eficiente, segura e descentralizada. Está formando alianças estratégicas com soluções de segunda camada, melhorando sua performance, reduzindo oferta, e mantendo um nível de atividade que a maioria das redes sequer sonha em atingir.
Na prática, o Ethereum está saindo da adolescência especulativa para se tornar uma peça central do sistema financeiro digital não só do universo cripto, mas também do mercado tradicional — assim como Microsoft, Amazon, Meta e Coca-Cola, que também passaram anos sendo subestimadas entre uma grande valorização e outra.
É por isso que, se você ainda julga o Ethereum apenas pela cotação, pode estar olhando para o termômetro errado. Porque, quando um ativo tem esse nível de tração, adoção e desenvolvimento, o preço é só uma consequência.
E como a história já mostrou — repetidamente — essa consequência pode demorar. Mas quando chega, costuma surpreender até os mais otimistas.
Mas mais do que isso, estamos vendo algo importante acontecendo. Um cenário em que uma criptomoeda mostra que não é apenas um “hype” da internet ou uma “oportunidade de ciclo”. É um demonstrativo claro do quanto a tecnologia das moedas digitais tem um potencial grandioso para, sim, fazer parte da infraestrutura financeira global.
As empresas que não ficarem de olho, podem não ter o mesmo sucesso que o Ethereum.
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