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El Salvador: FMI afirma que país parou de comprar bitcoins (NurPhoto/Getty Images)
Editor do Future of Money
Publicado em 16 de setembro de 2025 às 11h15.
Desde o início do ano, o FMI (Fundo Monetário Internacional) e El Salvador travam uma guerra de narrativas. De um lado, o órgão internacional afirma, com provas, que o país parou de comprar bitcoin. Do outro, o governo do presidente Nayib Bukele segue divulgando investimentos diários na criptomoeda.
Nesta semana, o FMI voltou a afirmar, em um e-mail enviado ao site Decrypt, que El Salvador não tem realizado novas compras da criptomoeda desde a assinatura de um acordo entre o órgão e El Salvador em dezembro de 2024. Enquanto isso, o governo do país mantém a posição de que estaria "desafiando" o órgão e investindo no ativo.
Pelo acordo, o país aceitou implementar uma série de medidas para receber um empréstimo de US$ 1,4 bilhão. Entre elas, estaria o fim das suas compras de 1 unidade de bitcoin por dia, anunciadas em 2022 pelo presidente Bukele após o país adotar o bitcoin como moeda legal.
Entretanto, o governo segue usando as suas redes sociais para anunciar aquisições diárias da criptomoeda. Para deixar o cenário ainda mais confuso, a carteira digital divulgada pelo governo realmente tem registrado a entrada diária de unidades da criptomoeda.
A combinação fez muitos investidores acreditarem na versão do governo de que El Salvador não teria parado as compras de bitcoin, o que violaria o acordo com o FMI. Mas, em julho, o FMI apresentou as provas mais concretas até o momento de que as compras realmente pararam.
Documentos assinados por integrantes do governo Bukele, incluindo o ministro da Economia, trazem afirmações de que o país realmente parou de comprar unidades da criptomoeda desde fevereiro deste ano. Mas da onde estão vindo as criptomoedas que entram diariamente na carteira de El Salvador?
O e-mail enviado pelo FMI nesta semana reforçou a principal justificativa apresentada pelo órgão para explicar o crescimento das reservas de bitcoin de El Salvador: o governo estaria, na prática, apenas remanejando unidades da criptomoeda que já possuía, mas não estavam na carteira.
Segundo o FMI, o motivo é que a carteira divulgada por Bukele não era usada desde 2022 para armazenar as unidades da criptomoeda. Por causa disso, o governo teria muitas unidades espalhadas e estaria, agora, reunindo tudo na carteira.
E a estratégia adotada por El Salvador envolveria realizar as transferências diariamente, dando a impressão de que o país manteve as compras diárias de unidades de bitcoin. Na verdade, as aquisições teriam parado há meses.
O mercado segue dividido, com alguns acreditando na versão de El Salvador e outros acreditando no FMI. Com isso, o ponto final dessa disputa poderá vir apenas quando o país concluir a concentração de unidades em uma única carteira, ou quando comprovar que realmente manteve as compras mesmo com o acordo de empréstimo. Até lá, a guerra de narrativas deve continuar.
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