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Dogecoin é uma das criptomoedas para ficar de olho em março (Reprodução/Reprodução)
Especialista em criptoativos
Publicado em 28 de junho de 2025 às 10h00.
Estamos vivendo um ciclo de alta cripto bem diferente dos anteriores, como venho comentando há algum tempo por aqui. O bitcoin passa por um momento histórico de consolidação de sua força como ativo de proteção e reserva de valor, impulsionado pela adoção institucional via ETFs e pelo interesse de governos ao redor do planeta.
Enquanto a moeda flerta com uma nova máxima histórica, as altcoins ainda patinam e algumas operam inclusive até 80% abaixo de seus recordes de preço.
Muitos investidores estão vendo os seus portfólios estagnados, frustrados pela desconexão entre a resiliência do bitcoin e a lentidão das criptos alternativas.
Uma pergunta que pode rondar a sua cabeça: será que na atual conjuntura ainda faz sentido diversificar a carteira cripto?
Claro que sim, mas com uma mudança significativa: agora só vai ganhar mesmo quem fizer uma diversificação cirúrgica, seletiva e fundamentada. Dificilmente a festa da multiplicação insana que acompanhamos nas altcoins durante o verão cripto de 2021 se repetirá na atual temporada.
No entanto, o momento que vivemos, de forma alguma, anula a lógica dos ciclos cripto. Historicamente, depois que o bitcoin estabelece novos pisos de preço, o capital naturalmente começa a migrar para ativos mais arriscados, com os investidores em busca de maior assimetria.
Na visão tradicional, um investimento diversificado é a exposição a diferentes tipos de ativos financeiros, como ações, imóveis, commodities e títulos, com o objetivo de fugir da armadilha da dependência de apenas um tipo de investimento.
Não é só sobre "ter vários ativos", mas combiná-los com estratégia.
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Diminui a dependência de um único ativo ou setor, protegendo seu portfólio caso algum deles tenha desempenho abaixo do esperado. No caso de um ativo ter uma queda, outros podem ajudar a equilibrar os resultados, reduzindo o impacto negativo geral.
Permite capturar oportunidades em diferentes narrativas do mercado. Equilibra a carteira entre ativos mais estáveis e aqueles de alto crescimento (que podem fazer uma boa diferença nos seus ganhos).
Aquela velha máxima "não coloque todos os ovos na mesma cesta" ganha interpretações específicas aqui. Na prática, isso significa que é importante:
Exemplo apenas ilustrativo: unir no portfólio projetos de camada 1 (como ether e solana), DeFi (protocolos de empréstimo e rendimento), Infraestrutura (oráculos, armazenamento descentralizado) e tokens de IA.
Combinar ativos já estabelecidos, como o bitcoin e o ether, com projetos de alto potencial, só que mais voláteis e, portanto, mais arriscados.
Em geral, os setores respondem de formas diversas a narrativas de mercado. Por exemplo: alguns projetos DeFi podem sofrer mais impacto no preço com mudanças nas taxas de juros no mercado. Enquanto outro grupo, como os tokens de inteligência artificial, pode ganhar um impulso quando surgem novidades ou avanços na tecnologia.
Ainda que a gente esteja claramente testemunhando uma transformação inédita na maturidade do mercado cripto, a imprevisibilidade é um fator inevitável.
Quem não se lembra do episódio da derrocada do ecossistema Terra/LUNA, em 2022, que em poucos dias fez bilhões evaporarem das carteiras?
Meses depois, mais susto com o colapso da exchange FTX, deixando investidores sem acesso aos seus fundos, e a crise da plataforma Celsius, que paralisou saques de clientes.
Esses eventos mostram que a falha de um protocolo, a quebra de uma empresa ou até mudanças regulatórias podem acabar com o que você levou um longo tempo da sua vida para construir.
O bitcoin vem apresentando uma resiliência impressionante diante de turbilhões econômicos e geopolíticos, sustentado pelo fluxo institucional e sua aceitação como ativo macro. O sinal de que a criptoesfera está amadurecendo.
Mesmo neste cenário, as altcoins ainda se veem mais vulneráveis à instabilidade e às incertezas globais. O resultado?
Haverá uma seleção natural de projetos, sobrevivendo apenas ecossistemas com utilidade real e comunidades sólidas.
A conclusão óbvia: movimentos especulativos — que muitos arriscaram forte em ciclos de alta anteriores — do tipo "comprar qualquer altcoin porque vai subir" perderam o sentido.
Que cuidados, então, os investidores devem ter para diversificar e buscar mais assimetria na carteira?
O principal é abandonar de vez a ideia de que quantidade é sinônimo de segurança. Uma carteira cripto bem diversificada não é aquela lotada de tudo que é ativo ou tipo de ativo, mas aquela construída com critério.
Faça a você mesmo as seguintes perguntas:
No contexto atual, fique com a atenção redobrada em duas principais frentes:
1. Seletividade redobrada dos ativos
O excesso de altcoins no portfólio pode gerar uma falsa sensação de diversificação. Muitos tokens andam juntos, expostos às mesmas narrativas, vulneráveis aos mesmos riscos. Em vez de pulverizar recursos, concentre-se nos projetos que mostram:
A seletividade de ativos só gera assimetria quando combinada ao timing estratégico.
Não é só sobre o que comprar, mas também sobre quando comprar. A hora certa de se posicionar faz toda a diferença. Até projetos ótimos podem render abaixo do potencial se adicionados ao portfólio no momento errado, enquanto ativos medianos, com timing preciso, podem surpreender positivamente.
Os preços das criptomoedas são influenciados por uma série de fatores-chave, dos quais falei aqui nesta coluna.
Um dos mais impactantes é a liquidez global. Como mostra o levantamento mais recente do renomado especialista Michael Howell, neste mês de junho, a liquidez global voltou a recuar, encolhendo US$ 2,4 trilhões. Howell trabalha no setor financeiro há mais de 30 anos e foi diretor de pesquisa na Salomon Brothers, criando o conceito de “liquidez global”.
Ele destaca que ativos de risco e criptomoedas ainda estão se mantendo bem, sustentados pela expansão de liquidez observada no primeiro trimestre. No entanto, se a tendência de desaceleração continuar, essas classes de ativos podem perder força no terceiro trimestre.
A liquidez global reflete o montante de dinheiro, em âmbito mundial, que pode circular pelo sistema financeiro.
Quando ela está em alta, há mais recursos procurando aplicação, o que impulsiona os preços de ativos de risco como as criptos. Por outro lado, em tempos de aperto monetário, a oferta de crédito diminui e os investidores tendem a se retrair: a demanda diminui e pressiona os preços para baixo.
Na cena cripto, os ciclos de alta costumam coincidir com períodos de expansão de liquidez (caso do bull market de 2021), quando investidores têm capital fácil e barato para alocar.
Já a retração, como a deste mês, sinaliza que o combustível do mercado está se esgotando.
Saber identificar esses ciclos ajuda não só a escolher o momento mais adequado de entrada, mas também a dimensionar melhor as exposições, evitando ser pego de surpresa por correções rápidas em fases de contração de liquidez.
Sendo assim, muitas vezes, vale mais a pena fazer caixa e acompanhar a situação para comprar na hora certa. Quem tem paciência costuma sair muito melhor do que quem tenta antecipar o ciclo e se expõe cedo demais.
Diversificar, sim, mas com maturidade
Quem chegou agora no mercado pode até achar que essa é uma fase morna, com menos oportunidades. Mas quem já passou por outros ciclos sabe: o tempo de preparar a carteira é exatamente este: o da seleção, da análise, do estudo.
A diversificação qualificada é que vai permitir capturar os próximos movimentos em busca da melhor performance. Em um mercado em transformação, a capacidade de adaptação pesa mais do que nunca. E uma carteira bem estruturada é sempre a melhor ferramenta para isso.
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