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Coinbase: corretora ainda vê posição favorável do Brasil em cripto (NurPhoto/Getty Images)
Editor do Future of Money
Publicado em 24 de julho de 2025 às 17h25.
Apesar do avanço acelerado da regulação de criptomoedas nos Estados Unidos, o Brasil ainda tem uma posição favorável e vantagens em relação à maior economia do mundo. É o que avalia Fabio Plein, diretor regional da Coinbase para as Américas, em uma entrevista exclusiva à EXAME.
Plein afirma que o "grande avanço regulatório nos Estados Unidos" é o grande marco para o mercado cripto em 2025, mas que isso não significa que o Brasil perdeu sua atratividade, obtida nos últimos anos após a criação de um marco regulatório para o setor anos antes do país norte-americano.
O executivo da maior corretora de criptomoedas dos Estados Unidos também destaca que 2025 tem sido um ano de forte institucionalização para o setor e reforçou seu otimismo em relação aos preços de ativos digitais, com um cenário ainda mais favorável.
"O grande marco do ano foi esse grande avanço regulatório nos Estados Unidos, e em consequência disso os desdobramentos positivos que se vislumbram para a indústria. É o maior destaque e tem trazido muito otimismo para a indústria e para a Coinbase, que tem sido um player muito ativo nessa questão e no debate regulatório de lá", comenta Plein.
O executivo vê um "contexto novo" para as criptomoedas: "No passado recente, cripto era visto como um tema de discussão sobre se ia regular ou não e qual o lugar nos serviços financeiros. Agora, os países estão entendendo o lugar de cripto no futuro das finanças e o debate é como regular".
No caso dos Estados Unidos, essa mudança está ligada principalmente à chegada de Donald Trump à presidência. Desde então, o presidente já sancionou o Genius Act - projeto específico para stablecoins - e defende a aprovação de outros projetos, incluindo o Clarity Act, que cria um arcabouço regulatório para todo o mercado cripto.
"Isso resulta em um entusiasmo e adoção cada vez maiores pelas empresas", resume Plein. Ele avalia que o país caminha para construir uma "estrutura regulatória unificada, com fundação e alicerces bem claros. Isso muda um cenário em que os EUA estavam atrás das discussões regulatórias. Agora, estão rapidamente se posicionando como um líder nessas discussões. Dá uma clareza regulatória e uma solidez para a indústria".
O principal ganho, ressalta, é que agora as empresas de criptomoedas poderão canalizar recursos que antes concentrados nos esforços para avanço da regulação em direção ao desenvolvimento de produtos e projetos, como parte de um esforço para "atualizar o sistema financeiro".
Mesmo assim, Plein acredita que o Brasil mantém sua posição internacional favorável. O país aprovou o Marco Legal das Criptomoedas em 2022, criando uma estrutura regulatória para o setor anos antes dos Estados Unidos. Nos últimos anos, porém, o processo de regulação infralegal pelo Banco Central tem sido mais lento.
"O Banco Central vem trabalhando no detalhamento, na regulação em si. Os tempos talvez até se casem, com o Clairty Act aprovado lá. A diferença é que eles já têm uma regulamentação específica para stablecoins lá. Talvez no passado o Brasil estivesse muito à frente, mas agora os EUA se aproximaram. Entretanto, tudo está ocorrendo em um timing favorável para o Brasil", afirma.
Sobre o futuro da regulação de criptomoedas, Plein enxerga um amadurecimento das discussões e está otimista com as regras que a autarquia vai criar, inclusive para stablecoins. Ele pondera, porém, que o setor também teve "efeitos mais contrários, menos construtivos", em especial por parte do Executivo e no âmbito tributário.
"Diferentemente do trabalho do Banco Central, que foi mais técnico, entendendo impactos, a solução do governo foi mais ampla, o que tem efeitos negativos para a indústria cripto. Por cripto ser um mercado global, se taxa tão agressivo as compras de ativos digitais no exterior acaba tendo um impacto direto", comenta.
O diretor da Coinbase acredita que a alta na incidência do IOF em algumas operações de empresas de criptomoedas vai obrigá-las a buscar outras soluções, como a criação de livros de ordens locais, em reais. Porém, isso pode "limitar a oferta de ativos para compra e venda e pode aumentar os preços para os usuários".
"O mercado vai ter que adaptar, encontrar soluções, mas tem um feito negativo e incentiva a busca por players não regulados ou fora do país. São preocupações, mas é muito cedo para dizer como isso vai impactar a adoção de cripto no Brasil. Pode ter forças que atrapalhem a adoção ou incentivem, mas a visão ainda é positiva por ser uma população acostumada a adotar inovação nos serviços financeiros e vendo cripto como uma solução muito importante e com ganhos de qualidade", avalia.
No caso da Coinbase, Plein destaca que 80% da receita da empresa ainda vêm dos Estados Unidos, mas que o avanço regulatório no país "nos dá animo para ter mais tranquilidade nesse mercado para poder ter ainda mais atenção e foco para seguir investindo no Brasil, trabalhando com os reguladores para seguir avançando na clareza regulatória".
"No Brasil, foco é de seguir aumentando a presença. Foi o primeiro mercado em que a Coinbase foi lançada na América Latina e em dois anos se consolidou no top3 de empresas do setor no país. Queremos expandir a presença América Latina e espero que tenhamos agora um momento de muita construção e expansão", projeta.
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