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Especialista em criptoativos
Publicado em 16 de novembro de 2025 às 11h00.
Entramos na segunda metade de novembro e o mês, historicamente de bons retornos para o bitcoin, se transformou desta vez em um verdadeiro teste emocional para os investidores.
Para ilustrar, na quinta-feira, 13, o Índice de Medo e Ganância, que mede o sentimento do mercado, caiu para a marca dos 15 pontos (de 100 pontos), registrando “Extremo Medo”, a mais baixa desde março.
Na sexta-feira, 14, o bitcoin chegou a romper abaixo dos US$ 95 mil, o seu menor valor em 7 meses, evidenciando um cenário de maior aversão ao risco.
Contribuindo para criar esse temor está uma série de fatores-chaves, incluindo saídas expressivas de capital dos ETFs à vista de bitcoin. Só na quinta-feira, 13, o saldo líquido ficou negativo em US$ 866,7 milhões, a segunda maior saída da história.
Todo esse ambiente de incerteza está deixando o mercado dividido.
Enquanto há quem enxergue os sinais de um possível fim do ciclo de alta, análises de dados feita por empresas de inteligência como a Glassnode sugere que podemos estar diante de mais um processo de ajuste cíclico, característico de fases de maturação de um bull market.
Muita gente está vendendo no pânico. Por outro lado, quem dedicou tempo para construir portfólios resilientes e compreende a mecânica dos ciclos sabe que o momento é de análise estratégica, não de pânico. A divisão atual está mais para um choque entre a ansiedade de curto prazo e os fundamentos de longo prazo.
E que fatores estão chamando a atenção neste momento?
ETFs à vista têm sido uma das alavancas principais desse bull market. Quando esses fundos registram saídas significativas, o efeito sobre preço e percepção acaba aparecendo logo.
O episódio dos mais de US$ 866 milhões em saídas sinaliza que o volume de novos compradores é menor do que o mercado precisaria agora. Assim, qualquer queda nesse ritmo pressiona a cotação quase de imediato.
Dados on-chain mostram um contexto importante para entender a natureza da pressão vendedora. Conforme a Glassnode, houve um aumento gradual na distribuição de bitcoin por parte dos holders de longo prazo. A quantidade de bitcoin vendidos por esse grupo dobrou, passando de 12,5 mil para 26,5 mil por dia.
A interpretação dos analistas especializados em dados on-chain é que este padrão se assemelha mais a um processo de realização de lucros estruturada, comum em fases avançadas de ciclo, do que a uma saída abrupta e generalizada de grandes investidores.
Esses movimentos indicam uma tomada de lucro por parte de quem acumulou ganhos significativos e não necessariamente uma perda de confiança no ativo.
A maior parte dos chamados Short-Term Holders está no prejuízo, em um patamar historicamente associado a momentos de exaustão vendedora de curto prazo (podendo ser um fundo local de preço).
Vimos níveis parecidos, por exemplo, em setembro de 2023, agosto de 2024 e abril de 2025, que acabaram sendo sinais falsos de baixa.
Mas é importante deixar claro que esse possível sinal de alívio está longe de ser uma garantia. A sustentação de qualquer recuperação significativa vai depender de uma série de fatores combinados, incluindo uma desaceleração do ritmo atual de distribuição pelos LTHs.
Vem chamando a atenção no mercado o fato de que os ciclos de 2017 e 2021 fizeram seus topos cerca de 1.060 dias após o fundo. E o pico de preço recente do bitcoin, de US$ 126 mil (no início do mês passado), surgiu na mesma região temporal, no dia 1.063, segundo as análises.
Esse alinhamento reforça a visão de quem acredita estarmos no fim natural do ciclo de alta. Mas o mesmo comportamento também se encaixa em uma fase de correção mais longa dentro de uma tendência maior, o que explica por que há leituras tão diferentes sobre o momento atual.
Por sua vez, o cenário macro continua incerto, já que o próprio Fed está dividido sobre os próximos passos. Uma parte defende cortar juros em dezembro, enquanto a outra prefere esperar por sinais mais claros de desaceleração.
Para completar, semanas de dados econômicos incompletos, resultado do shutdown, deixaram o mercado sem visibilidade. Tudo isso aumenta a volatilidade e afeta diretamente os ativos de risco como as criptos, pois os investidores ficam menos dispostos a assumir posições maiores quando não têm clareza sobre o rumo da política monetária.
O mercado também mostra uma perda de convicção na ponta compradora. Ralis acabam sendo vendidos mais rapidamente, o que demonstra um apetite menor por manter posições e uma liquidez mais sensível.
Com menos compradores ativos, até movimentos mais moderados acabam gerando volatilidade maior e levando a liquidações, um retrato de um mercado mais frágil e sem força suficiente para altas mais sustentadas.
Esses pontos ajudam a explicar por que alguns enxergam um estágio avançado do ciclo e outros já veem uma correção com potencial de virar um bear market.
Baseado em tudo o que falamos até aqui, dá para entender por que o investidor preparado atravessa esta fase com mais segurança.
A resiliência nasce das decisões tomadas durante toda a trajetória do ciclo e se manifesta agora, quando o mercado testa limites.
Na prática, isso aparece em três escolhas importantes:
A tomada de lucro progressiva consolida os ganhos e protege o capital inicial, reduzindo a exposição quando o mercado sinaliza que os preços estão esticados.
A alocação consciente em projetos com utilidade e modelo econômico definido é essencial. Diferentemente de ciclos passados, o mercado hoje premia projetos com produtos reais e penaliza aqueles baseados só em narrativas.
Entender que correções fazem parte da dinâmica dos mercados evita que você aja pelo medo. Em momento de divisão como o atual, a disciplina é ainda mais valiosa. A capacidade de aguardar sinais consistentes de reversão (em vez de tentar adivinhar se o fundo já ficou para trás ou se ainda há espaço para quedas) é o que dá consistência à postura do investidor.
A atitude mais inteligente agora não é apelar para a adivinhação, mas reconhecer que estamos em uma criptoesfera mais madura e seletiva.
O trunfo do investidor está na capacidade de esperar por sinais concretos de recuperação, sejam eles macroeconômicos, regulatórios ou de demanda institucional.
Enquanto o cenário não se define, pode ter certeza de que a paciência para observar o desenrolar dos fatos já é, em si, uma estratégia.
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