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Bitcoin: Strategy começou a comprar ativo em 2020 (Joe Raedle/Getty Images)
Editor do Future of Money
Publicado em 11 de agosto de 2025 às 17h49.
Última atualização em 11 de agosto de 2025 às 18h34.
Em 10 de agosto de 2020, a Strategy, então MicroStrategy, revelou uma das ações mais importantes da história da companhia: a aquisição de 21 mil unidades de bitcoin e um investimento de US$ 250 milhões. Foi o início de uma estratégia ousada, mas que ajudou a companhia a ressurgir das cinzas e ter uma valorização de quase 3.000% desde então.
Na época, o preço do bitcoin estava abaixo de US$ 30 mil e a criptomoeda começava a ganhar espaço no mercado financeiro. Hoje, ele vale mais de US$ 118 mil e tem se consolidado como um ativo de reserva de valor capaz de rivalizar com o ouro, atraindo cada vez mais investidores e instituições tradicionais.
E a Strategy acreditava que esse cenário se concretizaria desde 2020, com declarações ousadas do grande nome responsável por criar a primeira reserva corporativa do mundo da criptomoeda: Michael Saylor. Então CEO e atual presidente do conselho da empresa, Saylor é um defensor do ativo até os dias de hoje, afirmando que ele tem todas as características necessárias para ser o "ouro digital" do mercado.
A lógica da Strategy para a criação da sua reserva de bitcoin pode parecer simples em 2025, mas era considerada pouco ortodoxa e excessivamente ousada há cinco anos. Em um cenário de desvalorização intensa de moedas fiduciárias e retornos pouco atraentes de ativos tradicionais para reservas corporativas, por que não adotar comprar bitcoin?
A pergunta passa por uma aposta que, até o momento, tem se mostrado acertada: com uma oferta fixa, demanda crescente e valor disparando, o ativo seria a opção perfeita para ter proteção contra adversidades no mercado e, ao mesmo tempo, surfar as ondas de alta de ativos mais especulativos.
Foi com isso em mente que a Strategy começou a comprar bitcoin. Hoje, ela é a maior detentora institucional do ativo e soma 628 mil unidades, com mais de US$ 45 bilhões investidos. A reserva é avaliada em US$ 76 bilhões, com um lucro potencial de mais de US$ 30 bilhões. Mas a empresa não tem a intenção de vender os ativos tão cedo.
Durante muitos anos, as compras periódicas da criptomoeda não tiveram uma influência significativa nas ações da empresa, que estava longe dos seus tempos de glória durante a Bolha da Internet no início dos anos 2000. Mas, em 2024, tudo mudou.
Investidores tradicionais passaram a ver o bitcoin com bons olhos, e a Strategy e sua reserva passou a ser vista como uma forma de obter exposição indireta e mais segura à criptomoeda, sem precisar lidar com variações de preço ainda abruptas que o bitcoin pode ter. Deu-se início, então, a uma disparada das ações da empresa.
O sucesso da Strategy também criou um efeito de contágio. Hoje, diversas empresas com ações em bolsas de valores criaram reservas de bitcoin e de outras criptomoedas, incluindo as que estão em um momento difícil e querem voltar a atrair investidores e atenção do mercado.
No Brasil, a Méliuz se tornou em 2025 a primeira empresa com ações na B3 a criar uma reserva de bitcoin. As ações da empresa saltaram mais de 100% desde então, e ela já conta com a maior reserva da América Latina.
A estratégia também tem seus riscos, com analistas afirmando que a forma da Strategy e outras empresas reunirem capital para as compras seriam, na prática, um "bug de dinheiro infinito" que poderia ruir se a criptomoeda tivesse quedas rápidas e intensas. Mas, até o momento, o pior não ocorreu.
Enquanto isso, a Strategy segue investindo no bitcoin e tem realizado sequências de compras semanais do ativo. E Michael Saylor reforçou seu otimismo com a criptomoeda, afirmando recentemente que ela tem potencial para valer US$ 200 trilhões até 2045.
André Portilho, head de Digital Assets e sócio do BTG Pactual, afirma que "tão importante quanto as compras feitas pela Strategy, foi o engajamento do seu fundador, Michael Saylor, em educar o mercado sobre bitcoin. Isso trouxe outras empresas para o mercado, aumentou as compras e difundiu e estratégia globalmente".
Para o analista da Mynt, plataforma cripto do BTG Pactual, João Galhardo, "um ângulo menos óbvio e pouco mencionado é o de eficiência de capital: em 2025, a Strategy reporta um 'bitcoin yield' de 25% ao ano, um aumento de 'bitcoins por ação' em um ritmo que supera de longe o 'shareholder yield' combinado de dividendos e recompras do S&P 500, hoje na casa dos 3,3% em 12 meses".
"Em termos práticos, a companhia converteu captações em acréscimo de ativo por ação num nível que programas de buyback típicos raramente entregam", pontua Galhardo.
E, apesar da Strategy ter se tornado uma referência entre empresas, ele acredita que também há lições que o público pode tirar do caso. "Para o investidor, a lição é priorizar consistência: entradas graduais, com DCA, confiança na tese e visão de longo prazo podem permitir com que qualquer um replique a disciplina que tornou a tese de Saylor estruturalmente vencedora".
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