Dennis Herszkowicz, CEO da Totvs (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter de negócios e finanças
Publicado em 22 de julho de 2025 às 18h35.
Última atualização em 22 de julho de 2025 às 18h37.
Com a compra da Linx pela Totvs, Dennis Herszkowicz se reaproxima da empresa onde atuou por mais de 15 anos, antes de substituir a Laércio Cosentino na presidência da empresa de tecnologia.
O executivo participou da primeira tentativa de aquisição da companhia e sempre foi vocal sobre as vantagens de tê-la no portfólio quando a Stone colocou o negócio à venda."Tenho um carinho por ela, pelos clientes dela, por tudo que ela pode fazer pelo varejo brasileiro e tenho certeza absoluta que o lugar dela é aqui na Totvs", afirma Herszkowicz. No entanto, ele garante que as emoções pessoais não chegaram ao deal, que foi tratado com "frieza e disciplina".
"É o único sentimento que temos aqui quando estamos fazendo um M&A, buscando o que é melhor para a companhia em todos os sentidos, tanto no encaixe estratégico, quanto no preço, nas condições que a gente paga".
O CEO relembra que a Totvs "não mexeu uma vírgula" na proposta inicial que fez pela companhia em 2020 por entender que aquelas não eram as condições corretas. Na época, a empresa ofereceu R$ 6,1 bilhões pela Linx, mas a Stone cobriu a proposta e levou, por uma diferença de R$ 600 milhões.
Cinco anos depois, as empresas que antes competiram pelo ativo fecham negócio entre si. A Totvs, por fim, ficou com a Linx, pagando metade do valor proposto na primeira tentativa - pouco mais de R$ 3 bilhões.
"Estamos falando de condições de mercados diferentes e de múltiplos diferentes. Em 2020, os juros estavam em 2%, a Linx era uma empresa independente, listada em Bolsa. Ali teve uma disputa concreta, direta, ruidosa. Cada transação é diferente da outra, mesmo que seja com os mesmos atores, é sempre diferente", afirmou.
De qualquer forma, Herszkowicz admite que a Totvs fez um negócio por múltiplos "menores do que a média das transações similares que tenham acontecido no Brasil ou no mundo". A empresa afirma que pagou um múltiplo de 12,7 vezes EV/EBITDA pela Linx.
No mercado, a transação, já amplamente esperada, saiu no teto do valuation esperado pelos investidores (considerando que o caixa de R$ 360 milhões da Linx fica na empresa, na prática, a transação saiu por R$ 3,41 bilhões). A ação da Totvs recuou 1% no pregão de hoje, refletindo a percepção de que o preço ainda foi um pouco salgado. A Stone, por outro lado, subiu 4% – pelo mesmo motivo.
A Totvs avalia que, operacionalmente, a Linx é tão valiosa quanto era no passado. Herszkowicz descreve a adquirida como uma empresa resiliente, com enorme capacidade de retenção de clientes e um conhecimento de varejo que nenhuma outra empresa tem.
"Se a gente achasse que os cinco anos de vida dela dentro da Stone tinham prejudicado a essência do que é a companhia, não teríamos feito o negócio a preço nenhum", disse o CEO.
A Linx pode não ter dado certo dentro da Stone, mas na visão de Herszkowicz, existe uma complementariedade muito grande da adquirida com as operações da Totvs. É o "encaixe perfeito" do qual a empresa falava no comunicado ao mercado sobre a transação. "Totvs e Linx são empresas de software de gestão e conhecemos esse negócio profundamente. E estamos falando que, basicamente, a Linx não atua onde a Totvs atua e vice-versa", diz o executivo.
É por essa razão que o deal não deve enfrentar resistências no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), avalia o CEO. "Estamos muito tranquilos nesse sentido, porque o que importa nessa avaliação é exatamente o nível de concentração e a concentração nesse caso é baixíssima."
Uma vez dentro da Totvs, a Linx poderá ser integrada a uma área de negócios já existente ou se tornar uma nova frente - a companhia ainda não decidiu se o nome da empresa será mantido. "O que posso dizer é que nosso frame de integração é estar mais próximo possível do que a gente já faz ou conhece. Como a Linx tem esse perfil, a integração vai ser proporcionalmente mais rápida, profunda e mais intensa do que em outros casos".