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Embraer perde disputa relevante com Airbus, mas caminha para novo recorde de pedidos em Paris

Nos primeiros dias da maior feira de aviação do mundo, brasileira conquista pedido de até US$ 3,6 bilhões – e dá show na área de Defesa

Embraer: boas novas também para a Eve, subsidiária fabricante dos eVTOLs (Leandro Fonseca/Exame)

Embraer: boas novas também para a Eve, subsidiária fabricante dos eVTOLs (Leandro Fonseca/Exame)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 18 de junho de 2025 às 17h55.

Última atualização em 18 de junho de 2025 às 18h10.

A Embraer vai trazer nas malas boas notícias de Paris.  

Na capital francesa, é a brasileira quem tem disputado com a dona da casa, a Airbus, as grandes encomendas, enquanto a Boeing vive mais um capítulo da sua longa crise – que se agravou com o acidente do 787 da Air India na última semana.  

No Paris Air Show, um dos eventos mais importantes do setor, a brasileira conseguiu fechar contratos relevantes na área comercial e especialmente no segmento de defesa. Houve ainda as cartas de intenção de compra dos eVTOLs da Eve.  

Nesta quarta-feira, 18, as ações subiram 4% e lideraram o Ibovespa. Desde segunda-feira, quando o evento começou, o papel acumula alta de 9,5%. 

Animado, o mercado superou até mesmo a derrota para a Airbus na disputa pelos pedidos da polonesa LOT.  

A companhia aérea, que por anos construiu sua frota com aeronaves da fabricante brasileira, se comprometeu a comprar 40 jatos A220 da francesa Airbus. O pedido pode ser elevado para 84 unidades, chegando a US$ 2,7 bilhões.  

O anúncio foi feito não só com a presença de executivos das duas empresas, mas também autoridades da Polônia e da França.

É um sinal de que, nessa disputa, as relações geopolíticas ganharam ainda mais relevância – um revés para a tentativa da Embraer de ganhar com seu jato E2 parte do mercado hoje dominado pelos A220 e A319 neo da Airbus, com 56% de share.  

Por outro lado, não faltaram novidades positivas – o que ajuda a explicar o ânimo dos investidores mesmo após o papel ter dobrado de valor em 12 meses.

+Próxima parada, Índia. Como a Embraer quer conquistar a quarta maior economia do mundo

A Embraer anunciou nesta quarta-feira, 18, um pedido firme da SkyWest para 60 aeronaves comerciais, com a opção de mais 50. O valor do pedido é de US$ 3,6 bilhões a preços de lista, ou US$ 1,8 bilhão, assumindo um desconto de 50%. As entregas começam em 2027.  

Ainda que haja esse desconto, o time do Itaú calcula que o pedido da SkyWest pode fazer o backlog do segundo trimestre atingir um novo nível recorde em comparação com os US$ 26,4 bilhões dos três primeiros meses deste ano.  

A empresa também divulgou novos contratos para seu programa de pool de componentes com vários outros clientes, além de novas parcerias para converter aeronaves de passageiros em E-Freighters.  

Além disso, a africana Airlink planeja alugar 10 novos E195-E2 da locadora Azorra, o que pode levar a novos pedidos da empresa de leasing no futuro.  

Já a Eve, sua subsidiária, assinou uma carta de intenções com a Future Flight Global para até 54 eVTOLs. No domingo, 15, a Eve já havia anunciado um pedido de R$ 1,39 bilhão da empresa de mobilidade urbana Revo, para até 50 eVTOLs.  

Sucesso na Defesa 

Ainda que esta quarta-feira tenha sido um dia melhor para a aviação comercial da Embraer do que os dois primeiros dias, quem está mesmo dando show, como definiu o time do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), é o segmento de Defesa.  

Hoje, a Lituânia anunciou a escolha do C-390 Millennium como seu novo avião de transporte multimissão militar. Os números não foram revelados, mas é o sétimo país da Otan, aliança liderada pelos Estados Unidos, a escolher o avião.  

A empresa já havia anunciado um contrato de Defesa com Portugal, que encomendou um KC-390 adicional e colocou 10 opções de compra. “Se considerarmos que as opções portuguesas se convertam em pedidos, isso assegurará os volumes da Embraer até 2030, configurando o segundo maior contrato de sua história para o KC-390", observa o time do BTG.  

"Embora o pedido firme não tenha sido algo extraordinário, a colocação de dez opções de compra para o jato pode desbloquear novas vendas dentro da aliança, pois poderia facilitar processos de due diligence por outros clientes”, escrevem os analistas do Santander.  

A equipe calcula que, se as dez opções se tornarem pedidos, o contrato total com Portugal representaria um acréscimo de cerca de US$ 1,32 bilhão no backlog da Embraer (+5% em relação ao backlog consolidado da empresa no primeiro trimestre ou +31% em relação ao seu backlog de Defesa e Segurança no período). 

Na terça-feira, a Holanda anunciou a opção de comprar até 8 unidades (um pedido firme + sete opções), que poderiam ser utilizadas com suas unidades já adquiridas (a Holanda tem cinco pedidos firmes para o KC-390) ou com países aliados (o contrato holandês foi alavancado por países parceiros, como a Áustria, que também tem um pedido de quatro unidades).  

O evento vai até 22 de junho – com a expectativa de que a bagagem de boas notícias para a fabricante brasileira continue a aumentar.  

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