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Concorrente reduz preços nos EUA e derruba ações da Gerdau

Empresa vem passando por ‘soft landing’ nos Estados Unidos, que vinha como porto-seguro em meio ao cenário competitivo difícil no Brasil

Gerdau: preços mais agressivos da concorrência podem impactar resultados da metalúrgica (Bússola/Divulgação)

Gerdau: preços mais agressivos da concorrência podem impactar resultados da metalúrgica (Bússola/Divulgação)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 11 de outubro de 2024 às 16h36.

Última atualização em 11 de outubro de 2024 às 16h36.

Com a pressão da competição chinesa no Brasil, os Estados Unidos vinham se apresentando com um porto seguro para a Gerdau.

Agora, a rentabilidade no país, que já vinha numa tendência de “pouso suave”, arrisca perder mais momentum.

Ontem à noite, a concorrente Nucor anunciou uma redução de US$ 120 por tonelada nos preços de seus principais produtos. A medida, segundo a empresa, visa responder à pressão dos preços mais baixos justamente dos importados.

A empresa já vinha concedendo descontos nas últimas semanas e agora converteu as cotações mais baixas no preço de tabela.

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Se a Gerdau tiver que acompanhar o movimento na América do Norte e aplique um desconto semelhante, o impacto pode ser relevante para o EBITDA do próximo ano.

Nas contas do Itaú BBA, uma redução menor, entre US$ 50 e US$ 100 por tonelada nos preços, pode resultar numa redução de US$ 200 milhões a US$ 400 milhões no EBITDA anual. É o equivalente a 9 a 17% da estimativa do banco para o resultado operacional em 2025.

As operações na América do Norte representam mais de 50% das receitas da Gerdau. Com novas incertezas no ar, a ação figura entre as maiores quedas da sessão desta quinta-feira, 11, recuando 2,92% a R$ 18,59.

O Itaú tem um preço-alvo de R$ 25 para 2025, o que representa um potencial de ganho de quase 34,5% em relação à cotação acima. A recomendação do banco é de compra.

De um recorde de 30% durante os anos de pós-pandemia, a margem EBITDA da Gerdau vem se normalizando com volumes progressivamente menores e descontos com o soft landing da economia americana. A previsão do BTG (do mesmo grupo de controle da Exame) é que ela chegue a 16% no terceiro trimestre deste ano.

Mas no Investor Day na semana passada, a direção se mostrou ainda confiante em relação às perspectivas para a região, tanto em termos de demanda, quanto em termos de manutenção das tarifas. (Na visão do mercado, contudo, cenário mais protecionista, via Trump poderia ser um gatilho para a companhia.)

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