(Mike Kemp/Getty Images)
Redatora na Exame
Publicado em 19 de maio de 2025 às 10h45.
Última atualização em 19 de maio de 2025 às 10h50.
As ações de mercados emergentes voltaram ao radar dos grandes bancos de Wall Street. Na segunda-feira, 19, o JPMorgan elevou sua recomendação de compra para esse segmento, citando a trégua na guerra comercial entre Estados Unidos e China e o enfraquecimento do dólar como principais catalisadores para o movimento.
Na semana passada, os dois países anunciaram uma redução tarifária por 90 dias. Os EUA baixaram as tarifas sobre produtos chineses de 145% para 30%, enquanto a China reduziu as taxas sobre importações americanas de 125% para 10%.
“A redução nas tensões comerciais elimina um dos principais obstáculos para as ações de emergentes”, afirmaram os analistas do JPMorgan, acrescentando que a fraqueza do dólar deve continuar beneficiando os mercados ao longo do segundo semestre.
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O banco também reforçou sua visão positiva para Índia, Brasil, Filipinas, Chile, Emirados Árabes, Grécia e Polônia. No caso da China, vê oportunidades especialmente no setor de tecnologia. Segundo o relatório, apesar da recuperação parcial, as ações emergentes ainda estão baratas: negociam a 12,4 vezes o lucro estimado para os próximos 12 meses, contra 19,1 vezes nos mercados desenvolvidos.
O movimento do JPMorgan vem na esteira de um relatório publicado na sexta-feira, 16, por Michael Hartnett, estrategista-chefe do Bank of America. Segundo ele, as ações de emergentes devem superar todas as outras classes de ativos em 2025. Hartnett destacou o mesmo pano de fundo: recuperação da China e dólar mais fraco.
De acordo com o BofA, o índice MSCI Emerging Markets (excluindo China) subiu 20% no último mês e pode romper o teto técnico de 4.500 pontos. O desempenho chama atenção em um momento em que os ativos de risco nos Estados Unidos enfrentam obstáculos mais intensos.
No relatório, o estrategista também destaca uma mudança no perfil dos ativos que lideram os ganhos em 2025. Segundo ele, os chamados “trades da paz” — ativos que se beneficiam da redução de tensões geopolíticas ou da normalização de economias antes isoladas — têm superado os “trades da guerra”, tradicionalmente associados a choques e incertezas.
Entre os exemplos citados estão as Bolsas de Teerã e Tel Aviv, que atingiram máximas históricas, e o rublo russo, que já acumula alta de 41% no ano. Em contrapartida, o petróleo, normalmente visto como proteção em tempos de conflito, registra a pior performance do ano, com queda de 12%.
Hartnett compara o atual momento a dois períodos históricos de “dividendos da paz”: o fim da Guerra do Vietnã, nos anos 70, e a dissolução da União Soviética, no início dos anos 90.
Para ele, o comportamento dos títulos públicos americanos será decisivo para indicar se os EUA caminham para um ambiente inflacionário, como nos anos 70, ou desinflacionário, como nos anos 90. “Para nós, 2025 vai surpreender com rentabilidades menores dos títulos e desinflação”, afirma o BofA.