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Sete novos projetos brasileiros ganham apoio global para acelerar descarbonização

Com investimentos superiores a R$ 42 bilhões, o Acelerador de Transição Industrial (ITA) passa a apoiar iniciativas de setores estratégicos como o químico, aviação, cimento e alumínio

A nova rodada de aportes eleva para 11 o total de iniciativas apoiadas no país, representando um potencial de US$ 17,5 bilhões voltados à transição para uma economia de baixo carbono. (Freepik)

A nova rodada de aportes eleva para 11 o total de iniciativas apoiadas no país, representando um potencial de US$ 17,5 bilhões voltados à transição para uma economia de baixo carbono. (Freepik)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 15 de maio de 2025 às 17h21.

Última atualização em 15 de maio de 2025 às 17h24.

Com investimentos superiores a R$ 42 bilhões, o Brasil selecionou sete novos projetos para acelerar a descarbonização de setores industriais estratégicos e intensivos em emissões como o químico, aviação, cimento e alumínio.

O anúncio foi feito na quarta-feira, 14, pelo Acelerador de Transição Industrial (ITA), uma iniciativa global multissetorial fruto da COP28 e financiada pela Bloomberg Philanthropies e pelos Emirados Árabes Unidos.

O governo brasileiro foi o primeiro a aderir no mundo, em uma parceria do ITA com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), e colaboração com a recém-lançada Plataforma de Investimento em Transformação Ecológica e Climática do Brasil (BIP)

A nova rodada de aportes eleva para 11 o total de iniciativas apoiadas no país, representando um potencial de US$ 17,5 bilhões voltados à transição para uma economia de baixo carbono.

Segundo o ITA, todos receberão assistência técnica e estratégica para identificar desafios conectar parceiros na cadeia de valor e mobilizar soluções financeiras para visibilizar financiamento, impulsionando a implementação de tecnologias verdes.

Em dezembro de 2024, o ITA já havia anunciado European Energy, Fortescue H2V e o Green.

Novos projetos apoiados

Entre os projetos mais ambiciosos está o Solatio H2 Piauí, que prevê a construção de uma estrutura verticalizada com 14 GW de energias renováveis para abastecer uma planta industrial de hidrogênio e amônia verde.

Com capacidade de produção projetada de 2,2 milhões de toneladas por ano de amônia verde até 2030, a expectativa é posicionar o Nordeste brasileiro como potencial fornecedor global de combustíveis limpos.

No setor de aviação, a Acelen Renováveis apresentou o produto "da semente ao combustível" baseado no óleo de macaúba, planta nativa brasileira. A iniciativa prevê a implementação de um centro de pesquisa e desenvolvimento com capacidade para produzir 10,5 milhões de mudas anualmente, plantação de 180 mil hectares, cinco usinas de moagem e uma biorrefinaria.

Ao entrar em operação, o complexo deve produzir 1 bilhão de litros anuais de combustíveis renováveis, incluindo o de aviação sustentável (SAF) e diesel renovável.

"O Brasil está pronto para liderar a transição energética global, aproveitando suas vantagens comparativas em recursos naturais e potencial renovável", disse em nota Faustine Delasalle, diretora executiva do ITA. Segundo a executiva, a organização está comprometida em mobilizar toda a cadeia de valor nacional e internacional para torná-la financiável e acelerar as decisões de investimentos.

Descarbonização profunda

No setor de cimento, responsável por aproximadamente 8% das emissões globais de CO₂, outros três projetos foram selecionados para implementar tecnologias complementares de descarbonização:

  • A Votorantim Cimentos planeja reativar uma linha de produção de argila calcinada em sua fábrica em Nobres (MT), permitindo substituir parte do clínquer (componente de alta emissão) e reduzir em até 16% as emissões do cimento produzido.
  • A Mizu Cimentos implementará unidades de pirólise em sua fábrica de Aracaju (SE), para gerar energia a partir de biomassa residual e substituir combustíveis fósseis, com potencial de redução de até 32% nas emissões.
  • O consórcio Eco Fusion, formado pelas empresas Argo Tech, Apodi Cimentos, CTEC e Self Energy, instalará gaseificadores na fábrica da Apodi em Quixeré (CE) para produzir energia a partir de resíduos, com redução inicial estimada de 10% nas emissões por tonelada de cimento.

Já na indústria de alumínio, onde o Brasil já possui uma das menores pegadas de carbono do mundo, dois projetos buscam reduzir ainda mais as emissões:

  • A Alcoa planeja eletrificar as caldeiras da Alumar, em São Luís (MA), potencialmente reduzindo as emissões da refinaria para apenas 0,6 tonelada de CO₂ por tonelada de alumínio.
  • A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) desenvolve uma tecnologia pioneira de captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS) para sua fundição em Alumínio (SP), visando reduzir as emissões para menos de 2 toneladas de CO₂ por tonelada do produto.

Laboratório de inovação

Rodrigo Rollemberg, secretário de economia verde, descarbonização e bioindústria do MDIC, destacou que os projetos selecionados demonstram a ambição e o progresso da neoindustrialização verde em curso no Brasil.

Segundo o secretário, a parceria com o ITA, estabelecida em julho de 2024, foi a primeira do tipo no mundo e segue inspirando acordos similares com países do Oriente Médio e Norte da África.

O ITA ressalta que a diversidade de setores, localidades e tecnologias abrangidos irá permitir o desenvolvimento de uma compreensão profunda dos desafios enfrentados pela indústria brasileira na transição para uma economia verde, possibilitando a criação de soluções personalizadas que poderão ser replicadas em escala.

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