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Um mundo sustentável nas mãos: a economia circular representa o caminho estratégico para transformar 80 milhões de toneladas anuais de resíduos brasileiros em recursos econômicos. (Freepik)
Publicado em 17 de maio de 2025 às 19h52.
Por João Audi
A produção global de lixo deve atingir 3,78 bilhões de toneladas em 2050, de acordo com o relatório Global Waste Management Outlook 2024 (GWMO 2024).
Hoje, somente no Brasil, esse volume chega a 80 milhões de toneladas ao ano e saltará mais de 50%, alcançando 120 milhões de toneladas anuais no mesmo prazo.
O melhor caminho para resolver a geração desenfreada, a destinação inadequada e promover a valorização dos resíduos em toda a cadeia é implementar a Economia Circular.
O grande desafio é que, em pleno 2024, o Brasil ainda recupera pouco mais de 4% de seus materiais, uma fatia irrisória diante de seu potencial.
Educação e políticas públicas mais abrangentes que envolvam escolas, universidades e ONGs, podem ser a chave para uma economia circular com menor impacto para o planeta. Na prática, essas ações poderão transformar muitas cenas comuns no nosso dia a dia.
Imagine, por exemplo, que no Brasil, onde os recursos são tão abundantes, o ciclo de produção de papel - do plantio da árvore à utilização e à eventual reciclagem - dura entre seis e doze anos.
Tanto esforço e uma cadeia tão longa para descartar uma folha ou um copo de papel em menos de 30 segundos. Já se o papel fosse produzido por meio do processo de reciclagem, seria possível salvar árvores, economizar milhares de litros de água, além de contribuir para a geração de empregos.
Justamente por isso, a solução mais sustentável pós-consumo está na Economia Circular. Contudo, é fundamental que o descarte seja feito de forma correta, com rastreabilidade e dentro de uma estratégia de gestão de resíduos bem traçada.
Hoje, o Índice de Recuperação de Resíduos (IRR), indicador que mede a porcentagem de resíduos sólidos reutilizados, reciclados ou reaproveitados energeticamente, tem uma taxa nacional de 2,2%. A meta é que esse número salte para quase 50% até 2040.
Nas economias mais desenvolvidas onde o processo de destinação correta do resíduo está maduro, já é possível trabalhar com altos índices de reciclagem. A Alemanha, por exemplo, recicla 67% do seu lixo, e os EUA, 35%.
Na Europa, somente 30% do volume de lixo produzido pode ser aterrado, o restante é encaminhado para reaproveitamento, por meio de diferentes tecnologias como a biocompostagem para a produção de fertilizantes.
A mudança para uma economia justa e consciente requer encarar a reciclagem como um conceito da Economia Circular que está no design do produto, na forma de produção e no pós-consumo, ou seja, o resíduo deve ser destinado corretamente para ser reciclado.
Tudo depende no final da coleta e do processo de logística reversa eficazes, que garantam o acesso e o retorno dos materiais ao ciclo produtivo.
Nos Ecoparques mais modernos, todas essas tecnologias coexistem para gerar valor ao lixo, reduzindo, assim, o volume de resíduos aterrados.
São processos que garantem, além da destinação correta do lixo, a produção de biogás e combustíveis renováveis, fertilizantes, reciclagem de resíduos e de água.
A circularidade permite potencializar a utilização dos recursos, reduzir a emissão de CO² no processo produtivo e evitar maior geração de resíduos. Os efeitos não param por aí.
Empresas atendidas por estes ecoparques se beneficiam cumprindo metas de descarbonização, principalmente pela redução de consumo de combustíveis fósseis.
A reciclagem, tanto da fração seca quanto da orgânica, é uma das ferramentas mais poderosas do mundo para resolver a questão climática e, no Brasil, há muito potencial no processo de reciclagem, desde que sejam aplicados os incentivos corretos.
A obrigatoriedade de um percentual mínimo de produtos reciclados e a total isenção de ICMS na comercialização, por exemplo, são considerados fundamentais para fomentar a cadeia.
Com uma transição justa da economia linear para a circular, que envolva toda a cadeia com um olhar socioambiental, será possível gerar uma nova economia, novos produtos e empregos, fomentando o desenvolvimento sustentável. Aqui na Orizon fazemos a nossa parte e estamos prontos para ajudar para que você faça a sua.
*João Audi é Vice-presidente de Economia Circular da Orizon Valorização de Resíduos