ESG

Patrocínio:

espro_fa64bd

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

Pela primeira vez, cientistas identificam relação direta entre petrolíferas e ondas de calor

Pesquisa publicada na revista Nature aponta para cada uma das maiores companhias do setor produziu emissões individuais capazes de gerar mais de 50 ondas de clima extremo

Mesmo as companhias que ficaram nas posições mais baixas da lista dos principais emissores provocaram impactos consideráveis (Mekdet/Getty Images)

Mesmo as companhias que ficaram nas posições mais baixas da lista dos principais emissores provocaram impactos consideráveis (Mekdet/Getty Images)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 11 de setembro de 2025 às 15h01.

Tudo sobreEmissões de CO2
Saiba mais

Uma pesquisa inédita divulgada na revista Nature conseguiu demonstrar pela primeira vez como as emissões das principais empresas de combustíveis fósseis estão diretamente relacionadas a dezenas de eventos de calor extremo.

O trabalho representa um progresso importante nos esforços legais para tornar as gigantes do petróleo responsáveis pelos impactos das mudanças climáticas.

O estudo identificou que cada uma das 14 maiores companhias de combustíveis fósseis produziu emissões individuais capazes de gerar mais de 50 ondas de calor que não ocorreriam naturalmente.

Dados mostram que as emissões da ExxonMobil, por si só, aumentaram a probabilidade de 51 episódios de calor extremo em pelo menos 10.000 vezes comparado a um cenário sem aquecimento global. A Saudi Aramco apresentou números equivalentes.

Eventos climáticos extremos

O planeta vem registrando ondas de calor mais intensas e regulares devido ao aquecimento global, fenômeno que contribui para aproximadamente 500.000 óbitos anuais relacionados ao calor.

Segundo os pesquisadores, as 180 principais companhias emissoras analisadas no trabalho responderam por aproximadamente metade do aumento na intensidade dos eventos, enquanto o desmatamento foi responsável pela maior parcela do restante. Os 213 episódios de calor extremo examinados se tornaram, em média, 200 vezes mais prováveis entre 2010 e 2019 em decorrência da crise do clima.

COP30: acesse o canal do WhatsApp da EXAME sobre a Conferência do Clima do ONU e saiba das novidades!

Os cientistas calcularam inicialmente quanto as emissões de cada grande empresa elevaram as temperaturas globais e depois determinaram como elas aumentaram as chances de ondas de calor extremas. Trabalhos anteriores já haviam conectado centenas de eventos isolados ao aquecimento global, porém esta é a primeira análise sistemática de uma série de ocorrências.

Mesmo as companhias que ficaram nas posições mais baixas da lista dos principais emissores provocaram impactos consideráveis. Cada uma dessas empresas contribuiu para que 16 ondas de calor se tornassem pelo menos 10.000 vezes mais frequentes do que no período anterior às mudanças climáticas.

Perspectivas jurídicas

O Tribunal Internacional de Justiça determinou em julho que não prevenir danos climáticos pode gerar obrigação de indenizar. Já na Alemanha, uma corte superior criou precedente legal em maio estabelecendo que empresas de combustíveis fósseis podem ser responsabilizadas por suas contribuições.

Contudo, ainda não houve responsabilização judicial de emissores. Entre os obstáculos estão definir quais tribunais devem conduzir os casos e se produtores de combustíveis fósseis devem responder pelas emissões de seus consumidores.

Acompanhe tudo sobre:Emissões de CO2CarbonoCréditos de carbonoPegada de carbonoCombustíveisIndústria do petróleoPetróleo

Mais de ESG

África anuncia US$ 150 bilhões em compromissos climáticos rumo à COP30

Nespresso investe R$ 2 milhões para transformar o 'cafezinho' em energia renovável

Como funciona a contabilização dupla do preço de eletricidade?

Ilhas brasileiras estão entre as mais importantes do mundo para biodiversidade marinha, diz estudo