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Estação geotérmica de Wairakei, localizada próxima a Taupo, na Nova Zelândia. (Envato)
Colunista
Publicado em 27 de agosto de 2025 às 14h00.
O Brasil avançou muito na expansão das energias renováveis, com a solar e a eólica ganhando protagonismo na matriz. No entanto, a transição energética traz diversos desafios que passam não só pela diversificação, mas também pela complementaridade entre as fontes, escalabilidade da tecnologia, confiabilidade, competitividade e por último, mas não menos importante, pelo alinhamento com metas de descarbonização.
Entre as alternativas, há tecnologias menos conhecidas que podem complementar o sistema e gerar oportunidades, aproveitando em alguns casos a experiência internacional. Energia das ondas e marés, energia piezoelétrica, energia de gradiente salino e geotermia avançada são exemplos que, mesmo em estágio inicial, podem ocupar um espaço relevante se bem exploradas e adaptadas para a realidade doméstica.
Com uma costa extensa e rica em potencial, o Brasil pode testar projetos-piloto para aproveitar a energia gerada pelo movimento das ondas e marés, como já ocorre em Portugal e no Reino Unido. Um exemplo é o projeto em operação no Porto de Pecém (CE), utilizando tecnologia israelense, sendo o primeiro piloto da América Latina. A energia das ondas possui baixo impacto ambiental e interferência visual, podendo ser uma alternativa promissora.
A geração de energia a partir do movimento em calçadas e rodovias pode parecer algo distante, mas já está em uso em países como Israel e Japão. Em cidades brasileiras com grande fluxo de pessoas e veículos, poderia se tornar um complemento local interessante, principalmente em estações de transporte e corredores de ônibus.
A combinação de água doce e salgada em estuários pode gerar energia limpa de forma constante, complementando a intermitência de outras fontes. O Brasil possui regiões com geografia apropriada e potencial para projetos-piloto.
A geotermia avança com novas tecnologias de perfuração, como o fraturamento hidráulico e sistemas de circuito fechado, que permitem sua aplicação mesmo fora de áreas vulcânicas. Para o Brasil, pode ser uma alternativa de geração firme, diversificando a matriz e reduzindo pressões sobre o sistema em períodos de baixa geração de outras fontes.
No Brasil, fontes como hidrogênio verde e biogás já avançam impulsionadas pelo interesse de grandes players em consolidar tecnologias promissoras, enquanto outras soluções, como baterias térmicas, ainda estão em estágio mais incipiente, inclusive em nível global.
Explorar fontes inusitadas poderá ajudar o país a diversificar a matriz e estimular a indústria no desenvolvimento de novos modelos de negócio para navegar a “era da eletricidade”. Mesmo que isso ainda demande superação de barreiras regulatórias, econômicas e até mesmo tecnológicas em alguma medida, essas fontes poderão se tornar parte do caminho para o crescimento sustentável, preservando a competitividade e o alinhamento com as metas de descarbonização.