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A COP30 acontece no Parque da Cidade, em Belém, de 11 a 23 de novembro (Getty Images)
Repórter de ESG
Publicado em 23 de setembro de 2025 às 16h52.
A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) divulgou nesta terça-feira, 23, um marco na cooperação climática global: o resumo das contribuições para o novo plano de cinco anos da agenda de ação, com a promessa de ser o maior roteiro já criado para coordenar ações de governos, empresas e sociedade civil no combate à crise do clima até 2030.
Ainda em construção, o plano oficial deve ser apresentado na COP30 em Belém.
O lançamento aconteceu em meio aos discursos acalorados da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, com destaque para a pauta ambiental no discurso do presidente Lula.
O documento, desenvolvido em parceria entre a presidência da COP30, os Campeões de Alto Nível do Clima e a UNFCCC, reúne 67 contribuições vindas de representantes de mais de 120 países .
Segundo a nota, este é o maior número de consultas já registradas: seis vêm de grupos de países e o restante de atores não estatais como empresas, cidades e organizações da sociedade civil.
Esta é a grande diferença em relação as negociações formais da ONU: a agenda de ação foca na coordenação entre todos os atores.
Em evento da SB COP realizado na segunda-feira, 22, Dan Ioschpe, campeão climático da COP30, destacou a importância de um trabalho contínuo a longo prazo. Na ocasião, empresas entregaram 23 prioridades rumo à COP30.
"Precisamos canalizar a ambição, a energia e os esforços já existentes em uma agenda mais estruturada, integrada e impactante", disse o executivo que intermedia as negociações com o setor privado, ao enxergar na agenda de ação uma ferramenta fundamental para "implementar soluções para que no final possamos alcançar os objetivos do acordo".
Para o campeão climático, os próximos cinco anos precisam ser de entrega e a COP será um momento de implementação e grande "mutirão" em torno da mesma direção.
"Se conseguirmos alinhar o que os governos já acordaram com a liderança de empresas, cidades e comunidades, o Balanço Global pode se tornar um guia para a transformação necessária", destacou.
O plano surge como uma resposta direta aos desafios identificados na última década desde o histórico Acordo de Paris, marco que estabeleceu o limite de 1.5ºC de aquecimento em relação aos níveis pré-industriais.
Mesmo com avanços significativos na economia verde, o relatório conclui que o progresso permanece desigual e insuficiente. Entre os sinais positivos, estão a alta de investimentos em energia limpa que ultrapassaram US$ 2 trilhões em 2024 e a descarbonização de indústrias intensivas em carbono.
O resumo revela consensos importantes entre países e organizações sobre os rumos da ação climática global. As contribuições apontam quatro direcionamentos centrais:
Quase todos os participantes enfatizaram que o sucesso deve ser medido pela "implementação mensurável, ao invés da criação de novos compromissos ou iniciativas". O foco deve estar na entrega de resultados concretos, particularmente na aceleração da implementação das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e dos Planos Nacionais de Adaptação (NAPs) em cada país.
As contribuições destacam a importância de usar os resultados do primeiro Balanço Global (GST) para trazer mais consistência e estabilidade à ação climática, garantindo que as iniciativas estejam ancoradas nos objetivos do Acordo de Paris.
A maioria dos países e organizações vinculou o sucesso à mobilização de recursos para países em desenvolvimento driblarem a crise climática, "com foco particular no fortalecimento de iniciativas e recursos para adaptação e resiliência das cidades". O plano deve focar na distribuição equitativa e no acesso direto às comunidades vulneráveis, as que mais sofrem com eventos extremos.
Outra recomendação fala sobre sistemas mais robustos de monitoramento, com "métricas claras, indicadores e pontos de revisão vinculados aos marcos e ciclos do Balanço Global" para acompanhar o progresso e entender os resultados.
Entre as melhorias propostas para ferramentas como o Portal de Ação Climática Global (NAZCA) e o Anuário de Ação Climática Global estão a desagregação de dados por região e setor, automação de lembretes para atualizações e diferenciação clara entre "ações prometidas, em andamento e alcançadas" para maior transparência sobre o avanço real das iniciativas.
Um dos pontos destacados nas contribuições foi a necessidade de garantir participação efetiva de grupos sub-representados.
O relatório síntese aponta que "quase todos os países e atores não estatais afirmaram que a necessidade de suporte técnico e financeiro sustentado para garantir engajamento significativo" de pequenos estados insulares em desenvolvimento e menos desenvolvidos, povos indígenas, mulheres e jovens.
As recomendações incluem formatos híbridos de participação, consultas regionais, serviços de tradução e apoio financeiro para incluir esses grupos, que "trazem conhecimento crítico, experiência vivida e abordagens inovadoras que podem fortalecer as soluções climáticas", destaca o documento.
O cronograma até a conferência do clima da ONU em Belém do Pará inclui:
Semana do Clima de Nova York (esta semana): Engajamentos informais, desde reuniões bilaterais até mesas-redondas temáticas;
Pre-COP em Brasília (13-14 de outubro): Oportunidade para que os países opinem sobre os elementos centrais da Agenda de Ação;
Consultas: Os Campeões estão disponíveis para criar espaços adicionais de diálogo conforme necessário;
COP30 (11 a 23 de novembro): Momento de consolidação da visão coletiva que orientará o plano de cinco anos;