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Toda a Amazônia perdeu, entre 1985 e 2023, mais de 88 milhões de hectares de florestas (Reprodução/Getty Images)
Agência de Notícias
Publicado em 4 de setembro de 2025 às 16h46.
Última atualização em 4 de setembro de 2025 às 17h03.
A Amazônia é a maior floresta tropical do planeta e, há décadas, sofre com a destruição de sua superfície, mas qual é o valor de mantê-la em pé? Um dado-chave: evapora 20 mil milhões de toneladas de água por dia.
O Brasil quer responder a essa pergunta na próxima cúpula mundial do clima, que será realizada em novembro na cidade de Belém, e levará uma proposta aos líderes do mundo: pagar para conservar as florestas tropicais por meio de um fundo internacional.
O problema é que poucos sabem da contribuição incalculável da Amazônia para a regulação climática do planeta, mas também para o desenvolvimento da agropecuária na América do Sul, conforme explicaram nesta quinta-feira especialistas na terceira edição do Fórum Latino-Americano de Economia Verde (FLEV), organizado pela Agência EFE.
Tasso Azevedo, coordenador-geral do MapBiomas e coautor do livro O Silêncio da Motosserra, afirmou que a Amazônia evapora 20 mil milhões de toneladas de água por dia.
"Para fazer isso com energia, seriam necessários seis meses de toda a energia elétrica do planeta para realizar o serviço que a Amazônia faz em um dia", indicou.
Esse vapor de água chega à atmosfera por meio da transpiração das árvores e forma os chamados "rios voadores", acúmulos de umidade que irrigam com chuva a região sul-americana.
Sem esse gigantesco processo de evaporação, as vastas áreas agrícolas do Brasil e da Argentina, por exemplo, estariam em sérios perigos.
Então, quanto vale manter as florestas tropicais vivas em vez de apostar em um modelo econômico com base na agropecuária intensiva, na mineração e na destruição das florestas?
"É muito difícil de responder, mas a ideia é que, se se protege a floresta, deve-se receber um valor que tenha algum significado, embora nunca alcance o valor real da floresta", indicou Azevedo.
Nesse sentido, o Brasil lançará na COP30 o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), um novo mecanismo de conservação para as florestas tropicais do planeta.
O objetivo é agregar investimentos públicos e privados, e direcionar recursos diretamente para quem conserva as florestas, como os povos indígenas.
No entanto, Cláudio Angelo, coordenador de Política Internacional da rede ecológica Observatório do Clima e coautor do livro O Silêncio da Motosserra, expôs no fórum algumas dificuldades para adotar um modo de vida sustentável na região amazônica brasileira.
Ele destacou o caráter "conservador" do setor pecuário e o fato de que comprar terras e destruir sua vegetação continua sendo "muito barato". Além disso, "os incentivos para mudar o comportamento são muito baixos".
Também há uma questão política, pois os grupos de pressão do setor agropecuário têm ganhado terreno no Parlamento, de onde têm impulsionado iniciativas para flexibilizar a regulamentação ambiental.
Toda a Amazônia perdeu, entre 1985 e 2023, mais de 88 milhões de hectares de florestas, uma área quase tão grande quanto a Venezuela, segundo uma análise do Mapbiomas Amazônia, uma iniciativa da Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (RAISG).
Nas áreas onde o bosque diminuiu, o uso de solos para agricultura se expandiu em 598%; e na pecuária, 298%.
O III FLEV é patrocinado pela ApexBrasil, a agência de promoção das exportações e investimentos do Brasil; Norte Energia, concessionária da central hidrelétrica de Belo Monte; e Lots Group, empresa que fornece soluções para a descarbonização do setor de logística.
Também conta com a colaboração de Imaflora, do Observatório do Clima e da universidade Ibmec, no qual o encontro é realizado.