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Natura atualiza visão para 2050 e mira negócio 100% regenerativo

Em entrevista à EXAME, a VP de sustentabilidade da companhia destacou que o grande diferencial está em caminhar para ser positiva em todos capitais: humano, social, natural e financeiro

Fundada em 1969, a Natura alcançou a neutralidade de carbono em 2007 e mira a regeneração em 2050 (Leandro Fonseca/Exame)

Fundada em 1969, a Natura alcançou a neutralidade de carbono em 2007 e mira a regeneração em 2050 (Leandro Fonseca/Exame)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 5 de julho de 2025 às 08h00.

Última atualização em 5 de julho de 2025 às 14h00.

No dia 3 de julho de 2025, passamos a estar mais perto de 2050 do que de 2000. Pensando que o mundo caminha rapidamente para a metade do século, o que podemos fazer diferente daqui para frente?

Simbólico ou não, a Natura acaba de atualizar sua "visão para 2050", um caminho redesenhado a partir de agora e que guia seus próximos passos na agenda de regeneração.  

"Sustentar o mundo como é hoje não é mais possível, precisamos mudar e curar, restaurar e regenerar", destacou o CEO da Natura, João Paulo Ferreira, durante o evento de lançamento nesta sexta-feira, 4. 

O documento nasceu há 10 anos e é "vivo", assim como o mundo em constante transformação, se moldando ao contexto de novas tecnologias, soluções e inovação. Por isso, a "revisita", foi feita a mais de 100 mãos.

"Quando falamos de visão, estamos falando de ambição para que vire ação e impacto positivo", explicou o CEO. 

Com a revisitação de compromissos públicos e mais ambição rumo à 2050, a gigante de cosméticos caminha para estar sistematicamente transformada em um negócio 100% regenerativo nos próximos 25 anos.

O conceito é um modelo baseado na expressão "Bem estar Bem", voltado a promover a vida em indivíduos, comunidades, na natureza e nos relacionamentos.

No fim das contas, a missão é renovar os projetos para deixar um novo legado: "Queremos ter um resultado econômico maior que financeiro, ou seja, gerar valor para sociedade", complementou João.

Sonhos em impacto mensurável

Embora não seja simples 'quantificar' o valor da vida, a companhia adota no dia a dia um índice batizado de "iP&L" para mensuração dos seus impactos nas mais diversas áreas. 

Além do desempenho financeiro, a ferramenta mede outros três fluxos fundamentais: capital natural, social e humano. Se o resultado é positivo, significa que o negócio está contribuindo para as pessoas viverem melhor. 

Em entrevista à EXAME, Ana Costa, vice-presidente de Assuntos Corporativos e Sustentabilidade da Natura, destacou que o grande diferencial do redesenho da 'visão 2050' é justamente falar em ser positivo em todos os capitais e ser totalmente regenerativo está atrelado a este impacto individual em cada um.

Quando chegar lá, a empresa pode falar de forma mensurável que "o bem está em tudo que faz". 

"Hoje o que acontece é que ainda precisamos compensar, ninguém é perfeito. Mas mesmo na imperfeição e com uma série de desafios, estamos caminhando para ser a melhor versão a cada dia. Isso é regeneração", disse Ana. 

Em um contexto geopolítico complexo de guerras, crise climática e retrocessos na agenda social e ambiental, a VP foi incisiva: "retroceder nunca foi uma opção".

"Retroceder nos nossos compromissos é retroceder no próprio negócio. Dependemos das pessoas que estão na ponta, nas que trazem a matéria-prima para transformar em produto. Isso impactaria não apenas o resultado da Natura, mas também a vida de milhares de pessoas com quem trabalhamos há 25 anos", disse Ana. 

Visão para 2050

Em 2030, a Natura quer gerar um impacto socioambiental quatro vezes maior do que o resultado financeiro. Ou seja, a cada dólar de receita deve gerar quatro dólares de resultado para a sociedade.

"A rentabilidade já está incorporada no nosso índice de impacto. Isso é libertador, porque, quando surge qualquer questionamento, a resposta é que a sustentabilidade está no nosso modelo de negócio", complementou Ana. 

Em 2024, a Natura bateu 6 anos antes algumas de suas metas para 2030. Uma delas é a de conquistar 95% de fórmulas biodegradáveis (chegou a 97,3%).

Outra foi alcançar 46 comunidades agroindustriais na Amazônia, o compromisso inicial era 45. Além disso, bateu a equidade salarial, garantiu o salário digno para 100% dos seus colaboradores e atingiu 51,5% de mulheres em cargos de liderança.

Entre outras no pilar ambiental até o fim desta década, estão: 100% das embalagens reutilizáveis e recicláveis (84,6% em 2024), 95% dos ingredientes renováveis ou de origem natural (em 94,8%), adquirir 50% dos créditos de carbono em projetos no bioma amazônico (em 46%).

Para 2050, as metas são mais ambiciosas. Uma delas é a 'desmaterialização e minimalismo' das fórmulas e embalagens, ter 100% dos plásticos do portfólio de origem renovável e compostável, garantir que todas comunidades fornecedoras recebam pagamento por serviços ambientais e as matérias-primas substituídas por insumos amazônicos.

"O plástico foi uma solução tão boa, que o mundo utilizou para tudo. O problema é que o mesmo material ainda está na terra e estamos tentando reciclar. Este é o tamanho do desafio desta cadeia", ressaltou Ana.

Na descarbonização, os fornecedores são peças-chave: o escopo 3 representa hoje 95% das emissões da companhia. Atualmente, já são mais de 130 comprometidos com as metas de regeneração. 

Já no pilar social, o quadro de colaboradores deve alcançar a mesma proporção de grupos sub-representados de cada país onde atua.

De sustentar para regenerar

Fundada em 1969, a sustentabilidade sempre foi central para a Natura. Mas se naquela época havia um "fascínio" por ingredientes sintéticos, após 20 anos a empresa sintetizou suas ideias de impacto positivo ao lançar a "visão 2050" em 2014.

"Somos um organismo vivo cuja longevidade depende da nossa capacidade de contribuir com a sociedade", definiu o CEO. 

No mesmo ano, a empresa se tornou a primeira de capital aberto a receber a certificação de Empresa B. Das metas públicas, várias foram entregues antes. A exemplo, está o fato de ter se tornado carbono neutro em 2007, com a compensação de todas suas emissões de gases estufa. 

Desde 1999, a gigante cosmética também atua para manter a economia da floresta em pé e hoje beneficia 46 comunidades da Amazônia ao trabalhar com os ingredientes da sociobiodiversidade da região.

Atualmente, são 20 agroindústrias da Natura no bioma, e a última lançada recentemente foi um marco ao ser a primeira 100% movida a energia solar e em área de várzea, na Ilha das Cinzas (PA).

Como maior desafio da jornada, Ana cita a inclusão de cada vez mais atores com a mesma sinergia. "Sozinhos, não faremos nada. E ninguém virá nos salvar também. Este é um ponto que tenho verdadeira paixão: como construir sem barreiras?", refletiu. 

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