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Julho registra menor área queimada em sete anos, com queda de 40%, segundo MapBiomas

A redução das queimadas, especialmente no Cerrado e na Amazônia, é atribuída ao retorno das chuvas e esforços mais intensos de prevenção e monitoramento

No acumulado do ano, o Cerrado segue como o bioma mais afetado, com 1,2 milhão de hectares destruídos (Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil/Agência Brasil)

No acumulado do ano, o Cerrado segue como o bioma mais afetado, com 1,2 milhão de hectares destruídos (Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil/Agência Brasil)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 20 de agosto de 2025 às 15h38.

O mês de julho deste ano registrou o menor número de hectares queimados desde o início das medições do Monitor do Fogo do MapBiomas, em 2019. Com 748 mil hectares impactados, houve uma redução de 40% em relação ao mesmo mês de 2024, com 510 mil hectares a menos destruídos.

Em comparação com 2019, quando a série histórica foi iniciada, a área queimada foi 26% menor (1,01 milhão de hectares em 2019). Esse dado reflete uma redução no impacto ambiental dos focos de incêndio, mas o Brasil ainda enfrenta desafios no controle do fogo, especialmente em biomas como o Cerrado e a Amazônia.

A maior parte dos focos, 76,5%, afetaram a vegetação nativa. As formações savânicas, predominantes no Cerrado, foram as mais alteradas, representando 36% da região atingida. Em áreas de uso agropecuário, as pastagens se destacaram, correspondendo a 14,3% da região impactada.

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O Cerrado, que é composto principalmente por savanas, teve 571 mil hectares queimados, representando 76% da região afetada no país. A área foi 16% inferior ao mesmo período de 2024 e continua sendo a mais afetada.

Focos de incêndios em biomas brasileiros

A Amazônia, por sua vez, registrou 143 mil hectares destruídos, uma redução expressiva de 65% em relação ao ano passado.

Vera Arruda, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia e coordenadora técnica do MapBiomas Fogo, explica que, embora tenha ocorrido uma redução no número de focos, a estação seca, que começa neste período, continua sendo crítica, pois o acúmulo de material combustível seco aumenta o risco de grandes incêndios. "É justamente nesse momento que a prevenção deve ser intensificada, já que as principais fontes de ignição têm origem humana", afirma.

Os estados que mais registraram focos de incêndio em julho de 2025, todos localizados no Cerrado, foram Tocantins (203 mil hectares), Mato Grosso (126 mil hectares) e Maranhão (121 mil hectares). Nos municípios, destaque para Lagoa da Confusão (TO), com 52,6 mil hectares queimados, Mirador (MA), com 38,5 mil hectares, e Formoso do Araguaia (TO), com 34,8 mil hectares impactados.

Queimadas em 2025

Entre janeiro e julho de 2025, o total de hectares queimados foi de 2,45 milhões, o que representa uma queda de 59% em relação ao mesmo período de 2024, quando 6,09 milhões de hectares foram atingidos pelo fogo. A maior parte das chamas consumiram vegetação nativa, com destaque para as formações campestres, que representaram 28,5% da área afetada nos primeiros sete meses de 2025. Já as pastagens foram responsáveis por 358 mil hectares destruídos.

Felipe Martenexen, pesquisador do IPAM e do MapBiomas Fogo, acredita que o retorno das chuvas, com um período mais intenso e prolongado, melhorou o cenário. Além disso, os danos ambientais e econômicos de 2024, somados ao maior monitoramento dos focos de incêndio, podem ter levado produtores e comunidades a adotar maior cautela. "O impacto do fogo nos últimos dois anos, junto com a maior conscientização, pode ter contribuído para a queda nos números", afirma.

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No acumulado do ano, o Cerrado segue como o bioma mais afetado, com 1,2 milhão de hectares destruídos, o que representa metade de toda a área consumida pelo fogo no Brasil neste período. Na Amazônia, 1,1 milhão de hectares foram alterados, o que representa uma redução de 70% em relação ao mesmo período de 2024.

O Pantanal teve uma redução impressionante no número de focos de incêndio em 2025. Entre janeiro e julho, apenas 13 mil hectares foram atingidos, o que representa uma queda de 97% em relação ao mesmo período de 2024, quando 563 mil hectares foram queimados. A maior parte da área destruída no Pantanal foi em vegetação nativa, com 94% da área afetada. Dentro dessa vegetação, 86% das queimadas ocorreram em formações campestres.

Impacto na Mata Atlântica e Pampa

Outras regiões, como a Mata Atlântica e o Pampa, apresentaram aumento nas queimadas. Entre janeiro e julho de 2025, 61 mil hectares da Mata Atlântica foram destruídos, com 79,5% da parte afetada em áreas de agropecuária. Já no Pampa, 9,3 mil hectares foram impactados, sendo 93% da área impactada em vegetação nativa.

Os dados de 2025 indicam uma tendência positiva de redução das queimadas, especialmente na Amazônia, com o menor número de focos registrados desde 2019. No entanto, o fogo no Cerrado e a contínua pressão sobre a vegetação nativa exigem atenção constante. A prevenção, o monitoramento e a educação ambiental permanecem como as principais estratégias para controlar o fogo e reduzir os impactos sobre os biomas brasileiros.

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