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COP30: Ministra da Colômbia acusa países petroleiros de travarem acordo

Irene Vélez é uma das mais vocais autoridades a defender a inclusão do fim dos combustíveis fósseis no texto final da COP30

A ministra do meio ambiente da Colômbia, Irene Velez: países produtos de petróleo travam acordo  (Leandro Fonseca/Exame)

A ministra do meio ambiente da Colômbia, Irene Velez: países produtos de petróleo travam acordo (Leandro Fonseca/Exame)

Luciano Pádua
Luciano Pádua

Editor de Macroeconomia

Publicado em 21 de novembro de 2025 às 15h56.

Última atualização em 21 de novembro de 2025 às 16h09.

Belém, Pará - No último dia de negociações da COP30, em Belém, a ministra do Meio Ambiente da Colômbia, Irene Vélez, fez um duro diagnóstico do impasse que travou a redação do texto final da conferência.

Segundo ela, países produtores de petróleo estão se recusando a aceitar qualquer compromisso com um roteiro de eliminação gradual dos combustíveis fósseis, o que impede avanços essenciais para manter vivo o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5°C.

Vélez afirmou que diversas delegações — incluindo países da América Latina, membros da União Europeia e Austrália — pressionam para incluir no documento final um cronograma claro para o fim dos combustíveis fósseis, medidas para proteção da natureza, compromissos sobre adaptação e financiamento climático.

Mas, segundo ela, essas propostas estão sendo sistematicamente barradas.

"Todos os grupos estão dizendo que o texto não aborda suficientemente os temas importantes relacionados à redução gradual dos combustíveis fósseis, ao roteiro para a natureza e as florestas, à adaptação e ao financiamento", disse, questionada pela EXAME. "Mas há uma relutância em tratar desses assuntos."

Sem espaço, segundo a Colômbia

A ministra acusou diretamente a presidência da COP30 de não abrir espaço para discutir os pontos levantados pelo grupo de mais de 40 países que demanda incluir a discussão sobre os combustíveis fósseis no texto final.

“Estamos sendo forçados a tratar apenas do que estava no primeiro rascunho. Isso não é aceitável”, afirmou. “As questões que colocamos na mesa estão sendo silenciadas. Estão bloqueadas. Nós, os ambiciosos, estamos sendo enquadrados como os bloqueadores. Isso é profundamente injusto.”

Segundo Vélez, o grupo de países que defende maior ambição climática está sendo marginalizado, apesar de serem na sua maioria nações com baixa responsabilidade histórica pelas emissões.

“Somos os menos responsáveis por esta crise. Somos os que têm menos recursos para se adaptar. E mesmo assim estamos sendo apresentados como quem trava o processo. Isso não é democracia. Isso não é multilateralismo.”

Ao ser questionada sobre quem estaria bloqueando o avanço das discussões, a ministra citou países petroleiros — sem os citar nominalmente — que rejeitam qualquer menção explícita à necessidade de eliminar gradualmente os combustíveis fósseis.

“Os países produtores de petróleo querem focar apenas em adaptação. Mas adaptação não basta se a mitigação não vier junto. A causa raiz do problema são os combustíveis fósseis", afirmou. "Como vamos sair desta COP dizendo às pessoas que negamos a verdade científica mais básica, de que os fósseis são responsáveis por mais de 80% das emissões?”

Vélez alertou ainda que, sem um acordo para reduzir rapidamente o uso de petróleo, gás e carvão, a COP30 corre o risco de produzir um resultado insuficiente e desconectado da ciência.

“Estamos há 30 anos tentando enfrentar os problemas reais, e estamos 30 anos atrasados para tomar decisões", afirmou.

Segundo, as ações precisam ser concretas para atingir a meta de 1,5°C. "Não podemos aceitar um texto que não trata o problema real", disse.

Com as negociações entrando na madrugada e sem consenso sobre os temas centrais, a ministra afirmou esperar por uma nova proposta que reflita as demandas dos países mais ambiciosos. Mas, até agora, segundo ela, não houve qualquer sinalização de abertura.

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