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Lançamento contou com as empresas e representantes da presidência da COP30, como André do Lago e Ana Toni (Divulgação)
Repórter de ESG
Publicado em 5 de agosto de 2025 às 12h50.
Última atualização em 5 de agosto de 2025 às 12h51.
Foi em uma mesa de restaurante em Baku, durante a COP29, que surgiu uma ideia de como posicionar o Brasil como protagonista na agenda climática global.
Mirando a próxima conferência do clima da ONU que será sediada em Belém do Pará, a COP30, executivos de grandes empresas nacionais discutiam como o setor privado poderia se unir em 2025 para mostrar todo potencial do país.
Dessa conversa informal nasceu a C.A.S.E. (Climate Action Solutions & Engagement), lançada oficialmente na segunda-feira (4), durante a programação da São Paulo Climate Week e a menos de 100 dias da COP30 no coração da Amazônia.
A iniciativa encabeçada pelo Bradesco, Itaúsa, Itaú Unibanco, Natura, Nestlé e Vale tem como missão evidenciar que o Brasil já tem soluções climáticas concretas e em implementação e acelerar sua escala internacional.
O foco serão naquelas que tragam inovação, competitividade e crescimento econômico, dentro de sete pilares estratégicos alinhados às prioridades da presidência da COP: financiamento climático, bioeconomia, transição energética, sistemas alimentares, economia circular, infraestrutura e transição justa.
A jornada inicia em São Paulo e irá percorrer as principais semanas do clima do mundo: do Rio de Janeiro a Nova York.
Na COP em novembro, a C.A.S.E. terá um espaço próprio na capital paraense, que irá funcionar como uma "casa" vitrine destas soluções, visando dar visibilidade e atrair financiamento. Além disso, a programação conta com painéis e workshops para debater o papel do setor privado no combate à crise climática e frente aos maiores desafios ambientais.
Segundo os idealizadores, as ações prioritárias construídas de forma colaborativa entre setores não terminam na conferência e ficam como legado dos dois anos da presidência brasileira da COP.
Neste esforço conjunto com o governo, o embaixador André do Lago, presidente da COP30, destacou que a união das seis empresas são uma demonstração clara de que as "COPs são a construção de uma nova economia".
"Vocês estão mostrando uma dimensão de liderança que já existe, mas que realmente ainda não tem a projeção que merece e que pode crescer exponencialmente, como referências da economia", disse em fala no evento de lançamento, no Cubo Itaú.
Para Ana Toni, CEO da COP30, o lançamento carrega o "espírito de mutirão" e de união que o Brasil busca, ao mesmo tempo em que dá visibilidade a grande "vocação socioambiental" do país.
"O papel do setor privado é essencial nesta nova década de aceleração da implementação, garantindo inovação, recursos e dinamismo necessários em nossa resposta coletiva à mudança do clima", complementou.
André do Lago ainda citou a palavra da semana no The Economist: "Green Hush", que significa continuar com as políticas de sustentabilidade e do clima "sem fazer muito barulho" e reforçou que iniciativas como a CASE "são o caminho certo, mesmo que a geopolítica não esteja favorecendo" -- uma referência possível a medidas controversas de Trump nos Estados Unidos.
Além de estar aberta para articular novas soluções com players do mercado, a CASE já apresenta iniciativas sustentáveis em curso.
A gigante de alimentos Nestlé, por exemplo, implementa práticas de agricultura regenerativa em mais de 40% dos ingredientes principais que utiliza -- cacau, café e leite --, superando a meta de 20% estabelecida para 2025.
"O que é interessante da iniciativa é justamente demonstrar que é possível fazer, sendo viável economicamente e sustentável", disse à EXAME Gustavo Chiarini Bastos, vice-presidente Jurídico & Assuntos Públicos da Nestlé Brasil.
A Natura, com 25 anos de atuação sustentável na Amazônia, traz a perspectiva de "regeneração" no setor de cosméticos. Segundo Ana Costa, VP de sustentabilidade da empresa, primeiro "se faz o que é certo, depois se fala e aproveita a oportunidade da COP como vitrine".
"A Natura tem uma reputação ao longo do tempo, não é pra fazer marketing ou entrar em 'hype', muito pelo contrário", destacou.
A executiva também reforçou a importância de dar visibilidade a quem está no território amazônico. "São pessoas e empresas que conhecem as dores, os desafios locais e as oportunidades. Então como podemos nos unir em prol do desenvolvimento sustentável?", reflete.
A união não é apenas simbólica, mas representa setores estratégicos para a transição para a economia de baixo carbono. É o caso da mineradora Vale, altamente intensiva em energia e em emissões, além da presença dos bancos Bradesco e Itaú, pensando em financiamento das ações.
"Não conseguimos fazer nada sozinhos. Precisamos de recursos para conseguir chegar esse valor na ponta", reforçou Ana Costa.
Para Silvana Machado, diretora executiva responsável por recursos humanos e sustentabilidade no Bradesco, explica que o setor financeiro está desenvolvendo novos mecanismos: "Conhecer é o primeiro fator para pensarmos em como financiar as melhores soluções como resposta aos eventos climáticos extremos", disse.
Os executivos são unânimes: o Brasil tem uma vantagem competitiva única que precisa ser mostrada ao mundo.
"Estamos falando de uma iniciativa privada que opta em alavancar ações mais sustentáveis e que apostam em energias renováveis, além de práticas mais responsáveis em setores como aço, alumínio, cimento", observou Silvana Machado, diretora executiva responsável por recursos humanos e sustentabilidade no Bradesco.
A executiva complementou que não à toa o Brasil é o "melhor negociador de COPs": "está muito preparado para lidar com o novo clima e tem muitas ações em curso que não existem em nenhum outro lugar", concluiu.