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Brasileiros querem que empresas financiem ações climáticas, diz estudo

Pesquisa às vésperas da COP30 revela apoio a reparações financeiras de países ricos e ceticismo sobre eficácia da conferência

A pesquisa foi realizada entre 20 de junho e 4 de julho de 2025, com 23.700 adultos em 30 países (Rafael Medelima/COP30/Flickr/Divulgação)

A pesquisa foi realizada entre 20 de junho e 4 de julho de 2025, com 23.700 adultos em 30 países (Rafael Medelima/COP30/Flickr/Divulgação)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 3 de novembro de 2025 às 16h45.

A maioria dos brasileiros (64%) defende que empresas e indústrias sejam obrigadas a destinar parte de seus lucros para o combate às mudanças climáticas. O dado faz parte da pesquisa global "Atitudes em relação à COP30", realizada pela consultoria Ipsos em 30 países e divulgada a poucos dias do início da conferência do clima em Belém.

O levantamento mostra que 70% dos brasileiros acreditam que as empresas priorizam o lucro em detrimento das preocupações ambientais — próximo da média global, de 69%. A cobrança por maior responsabilização do setor privado aparece em diferentes países conforme o aquecimento global se agrava.

Outro ponto que aparece em alta no Brasil é o apoio a reparações financeiras de países desenvolvidos às nações mais afetadas por desastres climáticos: 59% dos brasileiros concordam com a medida, ante 55% da média global. A defesa das reparações varia significativamente por região. Indonésia (75%), África do Sul (69%), Colômbia (68%) e Itália (66%) lideram o apoio à proposta. Na outra ponta, Estados Unidos (42%), Alemanha (41%) e Japão (38%) registram os menores índices de concordância.

No Brasil, há forte apoio (61%) à proposta do governo de que países que preservam florestas recebam financiamento por isso, e sejam penalizados em caso de desmatamento (62%).

Globalmente, 54% dos entrevistados defendem que bilionários arquem com a maior parte dos custos do combate climático.

Ceticismo sobre a COP30

A pesquisa revela divisão sobre a eficácia da conferência, realizada pela primeira vez na Amazônia. Globalmente, 49% consideram o evento "meramente simbólico", sem ações reais contra as mudanças climáticas. No Brasil, o ceticismo é um pouco menor: 43%.

O otimismo é maior entre jovens — cerca de 45% da Geração Z acreditam que a COP30 será eficaz, contra apenas 29% entre os Boomers. Há também uma divisão geográfica clara: enquanto 51% no Oriente Médio e África consideram que o evento será efetivo, apenas 25% pensam o mesmo na Europa, 24% na América do Norte e 22% no G7.

Para 39% dos entrevistados globalmente, o sucesso da COP30 significa "proteger, reflorestar e mudar a economia para torná-la sustentável" — o que indica preferência por soluções integradas, e não medidas isoladas. Apenas 11% consideram que "simplesmente parar o desmatamento" seria suficiente.

Há rejeição quase universal à ideia de que o desmatamento deve continuar como parte do desenvolvimento: somente 4% concordam com essa narrativa.

Vontade política é o principal obstáculo

Os entrevistados identificam a falta de vontade política entre líderes governamentais como a principal barreira para atingir metas climáticas — citada por 47% dos brasileiros e 42% da média global. Em seguida aparecem a fiscalização fraca contra desmatamento e poluição (44% no Brasil, 34% globalmente) e a falta de financiamento para projetos ambientais (29% e 31%, respectivamente).

Apesar de 55% considerarem a COP30 uma oportunidade para o Brasil demonstrar liderança em sustentabilidade, e 56% defenderem papel de liderança para povos indígenas e comunidades tradicionais nas decisões climáticas, o propósito do evento não é amplamente compreendido: menos da metade dos entrevistados (44%) reconhece corretamente que a COP é uma reunião para negociar ações contra mudanças climáticas.

A pesquisa foi realizada entre 20 de junho e 4 de julho de 2025, com 23.700 adultos em 30 países.

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