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Brasil desperdiça liderança em energia limpa por falta de integração no ecossistema, diz MIT

Em entrevista à EXAME durante o Energy Summit, Travis Hunter, do MIT, apontou falta de conexão entre startups, governo e empresas como maior 'gargalo' rumo à transição energética

Travis Hunter, Diretor do Programa de Aceleração de Empreendedorismo Regional do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT): "O empreendedorismo e a inovação são os principais motores da transição energética" (Energy Summit/Divulgação)

Travis Hunter, Diretor do Programa de Aceleração de Empreendedorismo Regional do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT): "O empreendedorismo e a inovação são os principais motores da transição energética" (Energy Summit/Divulgação)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 24 de junho de 2025 às 18h00.

Última atualização em 24 de junho de 2025 às 19h14.

*De Rio de Janeiro

Embora o Brasil seja líder em energia limpa e esteja à frente de várias regiões do mundo em apoio a novas tecnologias verdes, há um problema estrutural que pode comprometer seu potencial na transição energética global.

A avaliação é de Travis Hunter, Diretor do Programa de Aceleração de Empreendedorismo Regional do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), que identifica um gargalo no ecossistema brasileiro.

Em entrevista à EXAME durante o Energy Summit no Rio de Janeiro, maior evento promovido pelo MIT no Brasil, o executivo destacou que existe uma desconexão entre governos, universidades, startups e grandes empresas e este é  "provavelmente o maior desafio do país" para alavancar a descarbonização do setor.

"Há uma falta de integração entre a comunidade empreendedora e outros stakeholders importantes. O empreendedorismo e a inovação são os principais motores da transição energética", disse ao caracterizar o cenário como um "desperdício do potencial brasileiro".

Em ano de Conferência de Mudanças Climáticas da ONU (COP30) em Belém do Pará, a organização internacional considera participar dos debates de combate à crise climática e trazer sua experiência em outros países com ecossistemas integrados. A mensagem do MIT é clara: o Brasil não precisa reinventar a roda, apenas conectar 'melhor' as que já tem.

Com uma matriz elétrica composta por quase 90% de renováveis e impulsionada principalmente pela expansão de fontes hidrelétricas, eólica e solar, o setor vem investindo fortemente na descarbonização e em novas tecnologias. 

Como tendências deste ano, estão o armazenamento energético em baterias, hidrogênio verde, eletrificação e o aumento da demanda por infraestrutura verde para alimentar a inteligência artificial.

Segundo especialistas presentes no evento nesta terça-feira, 24, muitas das inovações e soluções ainda precisam de escala e apoio financeiro para decolarem.

Para Travis, o gargalo não é só sobre falta de recursos ou subsídios governamentais. Na realidade, as startups brasileiras não conseguem obter apoio suficiente do ecossistema como um todo e ter acesso a oportunidades de colaboração com grandes corporações, universidades e capital privado.

"As conexões não estão acontecendo na velocidade e escala necessárias. É preciso lembrar que as maiores companhias já foram pequenas e a agilidade das startups pode ajudar mais do que prejudicar", disse o especialista ao defender parcerias estratégicas em vez de uma visão de concorrência no mercado.

No MIT, o executivo trabalha à frente do programa de desenvolvimento econômico regional que visa conectar os cinco atores fundamentais: governo, universidades, corporações, capital de risco e empreendedores.

"Há muitas soluções verdes no Brasil, mas é necessário financiamento e apoio de muitos mecanismos", frisou.

Os '4Ds' da transição energética

Hudson Mendonça, CEO do Energy Summit, destacou à EXAME que as discussões globais sobre energia permeiam quatro pilares fundamentais, o que ele chama de "4Ds": descarbonização, digitalização, democratização e descentralização. 

Descarbonizar o setor é essencial e pode ser realizado de diversas formas, além de utilizar várias soluções.

Já a digitalização está intrinsecamente conectada. "Cada vez mais o mundo se torna digital, seja por data centers ou inteligência artificial", disse Hudson.

Por último, democratizar traz como foco tornar a energia acessível a todos e gerar emprego, renda e desenvolvimento, e descentralizar é sobre sair do modelo de grandes unidades geradoras para expandir eólica e solar, ou até "fusão nuclear" -- o que também é uma das tendências para o MIT.

Em sua segunda edição em 2025, o evento de inovação, empreendedorismo e sustentabilidade acontece de 24 a 26 de junho, no Rio de Janeiro. Um dos nomes esperados na abertura do primeiro dia era o de Fernando Haddad, ministro da Fazenda do Brasil, mas que acabou não comparecendo e foi representado por Igor Marchesini, seu Assessor Especial.

*A jornalista viajou a convite do Energy Summit

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