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Brasil anuncia enviados especiais da COP30. Quem são e o que isso significa?

Estratégia diplomática inédita é tentativa de expandir e acelerar engajamento para Belém, explicou secretário João Paulo Capobianco em evento exclusivo da EXAME

João Paulo Capobianco, secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, explica como atuarão os enviados especiais da COP30, em evento para convidados da Exame.

João Paulo Capobianco, secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, explica como atuarão os enviados especiais da COP30, em evento para convidados da Exame.

Lia Rizzo
Lia Rizzo

Editora ESG

Publicado em 17 de maio de 2025 às 15h00.

Última atualização em 17 de maio de 2025 às 15h16.

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Na quarta-feira, 14, a presidência da COP30 anunciou a designação de 30 enviados especiais, uma estratégia inédita que busca amplificar o engajamento entre diversos setores da sociedade e regiões do mundo, ajudando assim a garantir o êxito da Conferência.

A iniciativa está alinhada ao conceito de "mutirão global pelo clima", proposto pelo embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, e lembrado repetidamente pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva a cada comunicação do Brasil, sobre os esforços para pavimentar um caminho de implementações das decisões climáticas internacionais.

"Os enviados funcionarão como caixas de ressonância de setores e de geografias, verdadeiros canais e facilitadores do fluxo de informações e de percepções de suas respectivas áreas", explicou Corrêa do Lago.

Lideranças globais e expertises diversificadas

Os 30 enviados dividem-se em dois grupos: 10 para regiões estratégicas (oito estrangeiros e dois brasileiros) e 20 para setores-chave (todos brasileiros).  No grupo regional, há sete homens e três mulheres, enquanto no setorial a divisão é igualitária: 10 homens e 10 mulheres.

Entre os nomes de maior expressão está Jacinda Ardern, ex-primeira-ministra da Nova Zelândia, reconhecida mundialmente por suas políticas progressistas e e compromisso com questões ambientais.

Ardern será a enviada especial para a Oceania. Já Laurence Tubiana, economista francesa e uma das principais arquitetas do Acordo de Paris, representará a Europa.

Primeira Climate Champion (em livre tradução, Campeão do Clima, função responsável por liderar e conectar o diálogo entre a iniciativa privada, sociedade civil e ONGs) na história das COPs, a francesa declarou no comunicado oficial divulgado pelo time da COP30:

"Esta conferência, realizada na Amazônia em um momento de fratura geopolítica e urgência climática, deve ser um ponto de inflexão — uma oportunidade para reconstruir a confiança, recuperar o ímpeto e reafirmar o espírito de Paris."

O diplomata chinês Xie Zhenhua, figura central nas negociações climáticas globais, incluindo também o Acordo de Paris e a diplomacia climática entre EUA e China, representará o Leste Asiático.

Por fim, Patricia Espinosa, que comandou a UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) de 2016 a 2022, será a porta-voz para a América Latina.

Os únicos brasileiros no grupo regional são o CEO da varejista Bemol, Denis Minev, representando o setor privado amazônico, e o líder extrativista Joaquim Belo, pela sociedade civil amazônica.

Jacinda Ardern, Jurema Werneck, Sinéia do Vale e Marcelo Behar são alguns dos nomes designados como enviados especiais da COP30, conforme anúncio da presidência brasileira.

Representatividade e conexão territorial

A brasileira Sinéia do Vale, líder indígena Wapichana e gestora ambiental, destaca-se não apenas como enviada para o setor de povos indígenas, mas como símbolo da representatividade essencial para o estado anfitrião.

Sinéia é a única indígena na relação de 30 nomes, considerando que, no Pará, aproximadamente 11% da população se autodeclara indígena ou quilombola, com concentrações significativas na região metropolitana de Belém.

Como copresidente do Caucus Indígena da UNFCCC, Vale carregará a responsabilidade de trazer a perspectiva de comunidades tradicionais diretamente afetadas pelas mudanças climáticas.

"Os povos indígenas e tradicionais são guardiões históricos da biodiversidade amazônica e precisam ter voz nas decisões climáticas globais", já afirmou a gestora em pronunciamentos anteriores sobre seu trabalho no Conselho Indígena de Roraima.

A médica Jurema Werneck, diretora da Anistia Internacional Brasil e referência em direitos humanos, representará o setor de igualdade racial e periferias.

Por fim, Elbia Gannoum, presidente da ABEEólica que chegou a ser considerada forte candidata a Climate Champion no Brasil, atuará como enviada para o setor de energia, trazendo sua experiência como vice-chair do Global Wind Energy Council.

Completa a lista, outro dos nomes que chegou a ser considerado para Campeão do Clima, o executivo Marcelo Behar, atualmente Senior Advisor do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD), designado enviado especial para o setor de bioeconomia.

Estratégia diplomática em expansão

A designação dos enviados especiais representa apenas uma das múltiplas iniciativas adotadas pela presidência brasileira da conferência, à medida que a COP30 se aproxima.

Em evento exclusivo para convidados da EXAME, o secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, contextualizou: "É a continuidade de uma estratégia. Não vamos trabalhar só em novembro, mas estamos trabalhando para novembro."

Capobianco ressaltou ainda importância da "diplomacia das NDCs" (Contribuições Nacionalmente Determinadas):

"Os países apresentaram seus compromissos no acordo de Paris, e agora têm que reapresentar novos compromissos que se espera sejam mais ambiciosos."

A escalação dos enviados complementa outras ações da presidência brasileira, incluindo os quatro "círculos de liderança" e a solicitação de planos de descarbonização a setores econômicos específicos, explicou o secretário.

Enquanto os enviados funcionarão como intermediários e canais de comunicação, Dan Ioschpe, designado Climate Champion do Brasil, tem a responsabilidade de articular o diálogo entre o empresariado, atores da sociedade civil, governo e organismos internacionais.

A COP30 será realizada em Belém, Pará, de 10 a 21 de novembro de 2025, e coincide com o período do "global stocktake", momento de avaliação e revisão dos compromissos climáticos dos países signatários do Acordo de Paris.

A lista completa de enviados pode ser acessada aqui.

Acompanhe tudo sobre:COP30DiplomaciaMudanças climáticas

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