Prato tradicional do brasileiro perde espaço nas mesas do país (Dercílio / Saúde/Divulgação)
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Publicado em 13 de outubro de 2025 às 18h59.
O brasileiro está comendo menos arroz e feijão. A constatação é de uma pesquisa realizada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Os dados mostram que os níveis de consumo per capita se encontram entre os menores patamares da história, desde os anos 1960.
Em 2024, o consumo médio de arroz por pessoa ao ano foi de 34 kg, enquanto o de feijão foi de 13,56 kg. Na comparação com anos anteriores disponibilizada pela Embrapa, o pico do consumo médio de arroz foi em 1997, com 48,69 kg. Em relação ao consumo de feijão, a máxima ocorreu em 1967, com 26,57 kg.
Ainda segundo o levantamento, desde 2020 o consumo de arroz na mesa do brasileiro tem variado entre 33 kg e 34 kg. No caso do feijão, a quantidade consumida tem sido entre 12 kg e 14 kg.
Contexto
Segundo a professora de Nutrição Rosana Farah, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, o prato tradicional do brasileiro perdeu espaço nas mesas do país, devido a uma combinação de diversos fatores culturais e sociais.
“Muitos ainda acreditam que o feijão é um alimento que faz ganhar peso e por este motivo também preferem excluí-lo do seu dia a dia. Outro dado importante é que houve um aumento no número de pessoas que comem fora do domicílio, que também pode justificar esta redução”, explicou.
Ainda que a escolha por dietas com menor ênfase em carboidratos e o consumo de alimentos ultraprocessados tenha crescido nos últimos anos, arroz e feijão formam uma combinação nutricional importante.
“A combinação arroz e feijão é uma excelente fonte de vitaminas, minerais e, também, de proteínas de origem vegetal. É acessível a todos os brasileiros, independente da região e da área de moradia (rural e urbana). O trabalho de educação nutricional, desmistificando questões e reforçando o consumo simples de arroz e feijão deve ser uma política que deve atingir todas as faixas de renda”, conclui Rosana Farah.
Cenário econômico
No cenário econômico, a queda no consumo pode atingir agricultores que dependem dessas culturas para sobreviver. E na avaliação do economista Adenauer Rockenmeyer, que também é delegado do Conselho Regional de Economia do Estado de São Paulo, políticas públicas podem ajudar a reverter o quadro.
“Os custos de produção, mesmo com a queda nas vendas, se mantém elevado e até volátil, o que afeta a rentabilidade do produtor. Então, tem uma dualidade entre o aumento dos custos e uma queda da receita por parte do produtor, através também dos preços", apontou.
“Nós também temos de pensar em uma política de abastecimento alimentar nacional, que visa garantir o acesso a produtos e alimentos saudáveis, que vai beneficiar toda a economia brasileira", concluiu Adenauer.