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Exportações de carne bovina do Brasil aos EUA disparam quase 500%, mesmo com tarifas de Trump

Com isso, os EUA se consolidaram como o segundo maior destino da carne bovina brasileira, atrás apenas da China

A explicação está na situação do setor pecuário dos Estados Unidos: o país enfrenta a menor oferta de gado bovino desde 1951 (Alfribeiro/Getty Images)

A explicação está na situação do setor pecuário dos Estados Unidos: o país enfrenta a menor oferta de gado bovino desde 1951 (Alfribeiro/Getty Images)

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Publicado em 17 de maio de 2025 às 06h00.

Mesmo diante de novas barreiras tarifárias impostas pelos Estados Unidos, as exportações brasileiras de carne bovina para o mercado norte-americano cresceram de forma expressiva em abril de 2025. O volume embarcado alcançou quase 50 mil toneladas, um salto de quase 500% em relação ao mesmo mês do ano anterior, quando foram exportadas cerca de 8 mil toneladas. Com esse desempenho, os EUA se consolidaram como o segundo maior destino da carne bovina brasileira, atrás apenas da China.

O crescimento ocorre em meio à decisão do governo Donald Trump de aplicar novas tarifas às importações, anunciadas em março. Tradicionalmente, o Brasil contava com uma cota anual de 65 mil toneladas com isenção tarifária. A partir deste ano, porém, mesmo dentro dessa cota, passou a incidir uma taxa de 10%. Fora dela, a tarifa total sobre a carne brasileira chega a 36,4%. Ainda assim, os frigoríficos brasileiros seguem aumentando sua presença no mercado estadunidense.

A explicação está na situação do setor pecuário dos Estados Unidos: o país enfrenta a menor oferta de gado bovino desde 1951. O rebanho encolheu por diversos fatores, como secas intensas e a migração de produtores para atividades mais rentáveis. A escassez local se deu durante a manutenção de uma demanda elevada – o consumo de carne bovina é profundamente enraizado na cultura alimentar norte-americana

"Nos Estados Unidos, eles comem hambúrguer todo dia. É como o arroz com feijão para o brasileiro", disse o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Roberto Perosa, à imprensa.

Esse desequilíbrio entre oferta e demanda elevou o preço da carne norte-americana a patamares muito superiores aos praticados no Brasil. Segundo estimativas do mercado, enquanto a arroba do boi gordo no Brasil custa em média entre US$ 54 e US$ 55, nos EUA o mesmo volume chega a custar entre US$ 115 e US$ 120. Essa diferença de preços tem feito da carne brasileira uma alternativa competitiva, mesmo com a incidência das novas tarifas.

Histórico recente

De janeiro a abril deste ano, os EUA já importaram cerca de 135 mil toneladas de carne bovina do Brasil, quase cinco vezes mais do que no mesmo período de 2024. Esse volume representa aproximadamente 15% de tudo que o País exportou no setor no quadrimestre. A expectativa da Abiec é de que as compras norte-americanas continuem em alta nos próximos meses, mantendo o Brasil como fornecedor relevante – mesmo com a concorrência de grandes exportadores como Austrália, Canadá e México.

A Austrália, hoje maior fornecedora de carne bovina aos EUA, atua em um segmento diferente. Enquanto os australianos exportam principalmente cortes prontos para as prateleiras, o Brasil abastece majoritariamente a indústria de processados. Esse posicionamento favorece a continuidade da demanda por carne brasileira, que se mantém competitiva mesmo em um ambiente de tarifas mais agressivas.

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