Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 7 de outubro de 2025 às 13h21.
Última atualização em 7 de outubro de 2025 às 14h03.
A menos de três meses do início do período de transição da reforma tributária, apenas 9,5% das empresas brasileiras estão de fato preparadas para a transição. O dado é de um estudo da All Tax, empresa especializada em automação fiscal e tributária, que ouviu 408 profissionais de 222 companhias sobre os planos de adaptação ao novo sistema que começa a valer em janeiro de 2026.
Segundo a pesquisa, apenas 13,5% dos profissionais afirmaram que suas companhias estão prontas para as mudanças estruturais nos tributos brasileiros, enquanto mais de 40% ainda buscam ou estão em processo de implementação de novas soluções. Há também um grupo crítico: entre 9% e 10% das empresas sequer iniciaram um plano de preparação.
Outro destaque é a baixa utilização de tax engines, sistemas que automatizam a aplicação de regras fiscais no ERP, sigla para Enterprise Resource Planning, os softwares de gestão empresarial. Somente 14% dos entrevistados declararam utilizar a tecnologia, que poderia reduzir erros e aumentar a eficiência nas operações tributárias.
A pesquisa ainda mostra um cenário dividido entre conservadorismo e renovação. Enquanto 48,3% das empresas preferem manter seus atuais fornecedores de soluções fiscais, 41,4% já estão em busca de novos parceiros ou adotando ferramentas diferentes.
Para Roberto de Lázari, diretor de Estratégia e Vendas da All Tax, o momento pode ser decisivo. “O Brasil está diante de uma oportunidade histórica. A reforma pode ser vista como fardo ou como catalisador de produtividade. Quem enxergar a área fiscal como motor de governança e estratégia terá vantagem real na próxima década”, afirmou.
O Senado aprovou no fim de setembro o texto alternativo ao projeto de lei complementar (PLP 108/2024) que regulamenta a segunda parte da reforma tributária sobre consumo e outros pontos da Emenda Constitucional 132. Como teve alterações, o projeto volta à Câmara dos Deputados.
O texto aprovado regulamenta a governança, a fiscalização e as regras para o funcionamento do novo sistema tributário, criando o Comitê Gestor do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) que vai substituir o principal imposto estadual, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), e o Imposto Sobre Serviços (ISS) municipal. O Comitê Gestor será responsável pela arrecadação e distribuição do novo imposto, que será dividido entre estados e municípios.
A reforma tributária também criou a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), na esfera federal.