Economia

Presidente da Eletronuclear renuncia ao cargo

Na quarta-feira, 15, a Âmbar Energia anunciou que se tornou sócia da estatal ao adquirir participação da Eletrobras

Angra 1 da Eletronuclear (Angra 1 Eletronuclear/Divulgação)

Angra 1 da Eletronuclear (Angra 1 Eletronuclear/Divulgação)

Luciano Pádua
Luciano Pádua

Editor de Macroeconomia

Publicado em 17 de outubro de 2025 às 12h28.

Última atualização em 17 de outubro de 2025 às 12h58.

O presidente interino da Eletronuclear, Sinval Zaidan Gama, renunciou ao cargo na segunda-feira, 13, segundo nota da empresa divulgada hoje, 17. Gama alegou "motivos de ordem pessoal", diz nota da estatal. A saída ocorreu dois dias antes de o grupo J&F, conglomerado controlado pela família Batista, anunciar a compra da participação da Eletrobras na estatal, por meio da Âmbar Energia.

"O executivo informou que permanecerá no exercício de suas funções até que sejam designados os substitutos para ambas as posições, garantindo continuidade administrativa e operacional durante o período de transição", diz a Eletronuclear, em nota.

Segundo a empresa, a operação seguirá normalmente com manutenção de "seu compromisso com a excelência, a segurança operacional e o fortalecimento do setor nuclear brasileiro". Ele ocupava o cargo interinamente desde julho.

Nova sociedade

Com a aquisição, a Âmbar passará a deter 68% do capital total e de 35,3% do capital votante da Eletronuclear — antes detida pela Eletrobras. A União continuará como controladora, por meio da Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar), detendo 64,7% do capital votante e cerca de 32% do capital total.

A operação, ainda sujeita à aprovação dos órgãos reguladores, ampliará a diversificação do portfólio de geração de energia da Âmbar. Hoje, a companhia tem 50 unidades — considerando também projetos em fase de fechamento — que incluem fontes solares, hidrelétricas, de biodiesel, biomassa, biogás, gás natural, entre outras.

“A energia nuclear reúne estabilidade, previsibilidade e baixas emissões — atributos essenciais em um contexto de descarbonização e de aumento da demanda por eletricidade impulsionada pela inteligência artificial e pela digitalização da economia”, disse Marcelo Zanatta, presidente da Âmbar Energia, em nota divulgada.

Angra 1 e 2 — e a esperada Angra 3

A Eletronuclear é responsável pela operação das usinas Angra 1, com capacidade instalada de 640 megawatts (MW), e Angra 2, de 1.350 MW, além do projeto em desenvolvimento de Angra 3, que terá 1.405 MW. Juntas, as três unidades terãopotencial para gerar até 3,4 GW.

As usinas em operação contam com contratos de longo prazo, o que garante previsibilidade nas receitas: Angra 1 possui contrato vigente até 2044, e Angra 2, até 2040. “A participação na Eletronuclear nos proporciona um fluxo estável de receitas, com geração próxima aos principais centros de consumo do país”, disse Zanatta.

A chegada de um sócio privado e capitalizado injetou ânimo ao setor nuclear brasileiro, que vive anos de paralisia. A expectativa é que a nova composição societária permita finalizar a construção de Angra 3, que está parada há uma década e tem custo anual superior a R$ 1 bilhão aos cofres públicos.

O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) se reunirá no dia 31 de outubro para deliberar sobre a retomada ou não da obra da usina. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, tem sido um dos defensores mais vocais do retorno da construção, bem como de uma reestruturação do planejamento da energia nuclear no país.

"Estamos em discussão no Conselho Nacional de Política Energética sobre o término da terceira usina (Angra 3) e sobre o advento e a possibilidade real que vivemos da instalação e da tecnologia global dos pequenos reatores nucleares como solução em especial para os sistemas isolados", afirmou durante audiência pública na Câmara dos Deputados na quarta-feira, 15.

O país hoje tem 211 sistemas de energia isolados, em especial na Amazônia, que ainda custa custam ao Brasil R$ 13 bilhões por ano, segundo o ministro.

"Os pequenos reatores nucleares, no futuro breve, serão a solução para que a gente saia desses sistemas isolados, onde não há viabilidade de elevar a linha de transmissão", afirmou Silveira aos parlamentares.

Na audiência, o ministro apontou que a gestão do setor nuclear no país está "muito aquém" do que o país precisa.

"Queremos ainda nesse terceiro mandato do presidente Lula, anunciar ao Brasil uma política contextual, holística do setor nuclear brasileiro", afirmou.

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