"Muito relevante". É assim que técnicos do Ministério de Minas e Energia (MME) descrevem a notícia, divulgada pela BP nesta segunda-feira, 4, de que fez uma descoberta de uma jazida na Bacia de Santos, no Rio de Janeiro.

O MME ainda aguarda informações oficiais e detalhadas da companhia. Mas uma reunião nos próximos dias entre o ministro Alexandre Silveira, técnicos da pasta e membros da empresa britânica está marcada.

"Depois de muitos anos sem descobertas no pré-sal, devemos comemorar os resultados da BP. Essas novas descobertas são muito relevantes para o Brasil, pois ajudam a garantir o equilíbrio fiscal, segurança energética e abastecimento nacional", diz o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, à EXAME.

O governo já tem conhecimento de alguns aspectos da nova descoberta, como o fato de o poço ter atingido o reservatório a aproximadamente 500 metros abaixo do topo da estrutura e ter atravessado uma coluna de hidrocarbonetos bruta estimada em 500 metros, em um reservatório de carbonato pré-sal de alta qualidade, com uma extensão areal superior a 300 quilômetros quadrados.

Técnicos comentaram que os 500 metros da coluna de hidrocarbonetos são muito significativos. Até o momento, o governo não tem estimativa da quantidade de barris por dia que serão produzidos, mas já iniciou os cálculos para ter uma projeção o quanto antes.

A descoberta foi feita no bloco Bumerangue, localizado na Bacia de Santos, a 404 quilômetros do Rio de Janeiro, a uma profundidade de 2.372 metros. O poço foi perfurado a uma profundidade de 5.855 metros.

A empresa já fez chegar à pasta a informação de que o Brasil é um país-chave para a BP, que explora novos recursos de petróleo e gás em 8 blocos offshore, incluindo um programa de perfuração operado na Bacia de Santos, onde Bumerangue está localizado.

Fontes do setor comemoram a descoberta porque a previsão anterior para o pré-sal era de um pico de produção até 2031. Com a nova jazida, o platô de alta produção provavelmente se estenderá por mais anos.

"Os investimentos na exploração e produção de petróleo e gás natural mostram o acerto da política energética nacional, focada em aproveitar de maneira sustentável e estratégica a pluralidade das nossas potencialidades. Mais recursos desse setor ajudam a financiar e acelerar a transição energética justa e inclusiva do Brasil", afirma Silveira, à EXAME.

O que a BP informou ao mercado?

A BP anunciou nesta segunda-feira, 4, que fez a sua maior descoberta de petróleo e gás no Brasil em 25 anos. A companhia identificou uma coluna de hidrocarbonetos com cerca de 500 metros de espessura (1.640 pés), mas não divulgou detalhes adicionais sobre volume recuperável ou cronograma de desenvolvimento.

"Estamos empolgados em anunciar esta descoberta significativa (...) a maior realizada pela BP em 25 anos", afirmou Gordon Birrell, vice-presidente executivo da BP, em comunicado. "Os resultados da análise no local da perfuração indicam níveis elevados de dióxido de carbono", acrescentou a empresa, que iniciará uma análise em laboratório para estudar a descoberta.

Novas diretrizes

A iniciativa segue a nova diretriz da BP, definida em fevereiro, quando o CEO Murray Auchincloss anunciou uma guinada estratégica. Após anos de investimentos com baixo retorno em projetos de baixo carbono, a empresa decidiu retomar o foco em petróleo e gás, alinhando-se a concorrentes do setor.

O objetivo de produção para 2030 permanece inalterado entre 2,3 milhões e 2,5 milhões de barris de óleo equivalente por dia. A BP afirma que tem “capacidade para expandir a produção até 2035”.

Segundo comunicado, a petroleira pretende avaliar se há viabilidade para estabelecer um polo de produção “material e vantajoso” no Brasil, ampliando sua atuação no país.