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Lula assina MP que cria incentivos para instalação de data centers no Brasil

Medida estabelece descontos em imposto de importação para o setor

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Publicado em 17 de setembro de 2025 às 19h04.

Última atualização em 17 de setembro de 2025 às 19h13.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou nesta quarta-feira a medida provisória (MP) que estabelece o Redata, o plano nacional de incentivos para o setor de data centers. As empresas não pagarão tributos sobre a compra de equipamentos e em contrapartida terão de investir na indústria nacional e fazerem uso sustentável de energia e água.

A MP faz um “adiantamento” de mudanças que serão implementadas na reforma tributária em 2027. As empresas contarão com uma isenção do IPI, PIS/Pasep, Cofins na aquisição de equipamentos de TIC (tecnologias da informação e comunicação) para data centers. Caso esses equipamentos não sejam produzidos no Brasil, também haverá desoneração do imposto de importação.

Os benefícios do Redata terão validade de até cinco anos. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que essa medida é necessária para garantir a "soberania digital".

— Nós rodamos 60% dos nossos dados na Virgínia [nos Estados Unidos], apenas 40% é processado em ambiente nacional, todo o resto é enviado por cabo submarino para ser processado no exterior, onde nossa legislação não alcança. Queremos trazer esse processamento para o Brasil para prover o serviço a preço baixo para os brasileiros — disse.

Renúncia fiscal

A medida vai exigir uma renúncia fiscal estimada em aproximadamente R$ 7,5 bilhões nos próximos três anos. O Ministério da Fazenda aponta que os estímulos têm potencial para atrair investimentos de R$ 2 trilhões nos próximos dez anos.

Na avaliação do governo, a reforma tributária criou uma série de “desincentivos” para o investimento no setor antes de 2027, data em que o custo tributário será menor. Daí surge a MP, para garantir que as empresas não vão represar investimentos no ano que vem.

A adesão ao Redata será opcional. Em contrapartida pelos benefícios, as empresas terão de aplicar 2% de seus investimentos em pesquisa e desenvolvimento nas cadeias produtivas digitais no Brasil, e pelo menos 10% dos serviços providos terão de ser destinados ao mercado interno.

Este último ponto é importante para o governo, que constatou que aproximadamente 60% dos dados no Brasil estão armazenados em estruturas fora do país, principalmente nos Estados Unidos. A ideia é tornar o Brasil mais autossuficiente nesta questão, e alcançar a marca de apenas 10% dos dados armazenados fora do Brasil.

Além disso, os projetos a serem implantados deverão cumprir exigências de sustentabilidade, com uso de energia renovável ou limpa. Os datacenters também terão de garantir um baixo uso de água, com sistemas que garantam uma eficiência hídrica próxima de 0%.

O plano nacional também vai ter mecanismos para incentivar a redistribuição dos data centers pelo Brasil, já que mais da metade dos empreendimentos está instalada no Sudeste atualmente. As empresas que abrirem data centers fora destes grandes centros terão uma redução no percentual de investimentos de contrapartida.

Atualmente existem cerca de 165 data centers instalados no Brasil. O país ocupa a décima participação relativa no mercado mundial, atrás de países como Japão e Holanda. Com o Redata, o governo quer tornar o Brasil uma das principais opções para as empresas, levando em consideração a energia renovável, preços competitivos e infraestrutura de comunicações adequada.

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