Agência de notícias
Publicado em 12 de junho de 2025 às 17h42.
A inflação na Argentina ficou em 1,5% em maio em relação ao mês anterior, resultado de uma desaceleração no preço dos alimentos, segundo informou hoje o Instituto de Estatísticas Nacional (Indec). Na comparação anualizada, o índice ficou em 43,5%. No ano, o índice acumula alta de 13,3%.
A variação mensal de 1,5% foi a menor desde maio de 2020, durante a quarentena por causa do coronavírus, quando o governo de Alberto Fernández e Cristina Kirchner mantinha preços máximos por decreto e a atividade econômica estava em profunda crise.
A diferença em relação ao momento atual é que hoje os preços são livres, no contexto de um processo de estabilização econômica, com ajustes nos preços relativos e uma economia sem controle cambial para pessoas físicas.
O setor com maior aumento no mês foi Comunicação (4,1%), devido a altas nos serviços de telefonia e internet. Em seguida, vieram Restaurantes e hotéis (3%), impulsionados pelas altas em restaurantes e refeições fora de casa.
As categorias que registraram as menores variações em maio em relação ao mês anterior foram Alimentos e bebidas não alcoólicas (0,5%) — com quedas nos preços de frutas e verduras — e Transporte (0,4%).
“A inflação do mês foi a mais baixa desde maio de 2020. Se excluirmos o efeito particular sobre o IPC nos primeiros meses da pandemia, a inflação mensal foi a menor desde novembro de 2017”, informou o Ministério da Economia. “A variação interanual do IPC Nacional foi de 43,5%, com treze meses consecutivos de desaceleração na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Essa variação interanual foi a menor desde março de 2021”, indicaram.
O governo de Javier Milei comemorou o número, que ele atribuiu ao “plano de estabilização ortodoxo bem-sucedido” da equipe econômica.
“Fizeram um ajuste histórico de 15 pontos do PIB, acabaram com a emissão monetária e eliminaram o controle cambial”, escreveu o porta-voz presidencial Manuel Adorni em seu canal de Whatsapp, referindo-se ao controle cambial que estava em vigor desde 2019 e que foi parcialmente eliminado este ano.
A percepção de alguns argentinos vai na contramão do que os indicadores refletem, com a inquietação social crescendo devido a uma desinflação que eles não veem refletida em seus bolsos.
Cristian Rodríguez, 45 anos, funcionário do setor de logística de títulos, disse que o aumento do custo de vida não é acompanhado pela recuperação dos salários, o que afeta seu padrão de vida e o de sua família.
“Ele disse que, embora digam que a inflação diminuiu, os salários também foram paralisados. Não temos aumento há um ano”, disse ela à AFP.
Em 16 de abril, a Argentina recebeu US$ 12 bilhões no primeiro desembolso de um novíssimo acordo de US$ 20 bilhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI), em um retumbante voto de confiança no programa econômico do presidente ultraliberal Javier Milei.