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Governo Lula escolhe funcionário de carreira do Banco do Brasil para a presidência dos Correios

Empresa teve prejuízo de R$ 4,37 bilhões no primeiro semestre deste ano

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Publicado em 16 de setembro de 2025 às 20h55.

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O governo Lula escolheu o funcionário de carreira do Banco do Brasil Emmanoel Schmidt Rondon para assumir a presidência dos Correios.

O nome já teve o aval da Casa Civil e já foi encaminhado ao Comitê de Pessoas, Elegibilidade, Sucessão e Remuneração da empresa dos Correios. A previsão é que a nomeação ocorra até o fim desta semana.

Rondon irá substituir Fabiano Silva dos Santos — que vinha em um limpo desde 4 de julho, quando enviou a Lula uma carta com pedido de demissão.

A situação abriu uma disputa entre União Brasil e o PT para decidir quem terá a prerrogativa de indicar o nome para o comando da estatal. Atualmente, as seis diretorias da empresa são divididas meio a meio entre as duas legendas, com Fabiano tendo sido indicado pelos petistas. Procurado, o atual presidente dos Correios não quis comentar.

Interlocutores de Lula afirmavam que o presidente resistia em entregar uma empresa tão simbólica como os Correios ao União Brasil. Auxiliares presidenciais lembram que o petista tem um cuidado maior com a companhia. A descoberta de desvios na estatal em 2005, em seu primeiro mandato, foi um dos pontos de partida para o escândalo do mensalão. Na época, o comando havia sido dado ao PTB, de Roberto Jefferson, então aliado do Palácio do Planalto.

Foi assim quando, na formação do governo, Lula alçou Fabiano Silva ao comando dos Correios, ignorando os pedidos do União Brasil, que negociara o Ministério das Comunicações e pedia na ocasião “porteira fechada”, ou seja, a prerrogativa de indicar nomes para todos os órgãos vinculados à pasta, caso dos Correios. Fabiano foi considerado como nome da cota de Lula. A ligação do advogado com o grupo Prerrogativas, que foi crítico ferrenho da operação Lava-Jato e da prisão do petista, o ajudou a chegar ao posto.

Agora, a nova direção deverá estar alinhada com a Casa Civil e fazer os cortes de pessoal que o ministro Rui Costa já diagnosticou como necessários. Fabiano vinha resistindo a fazer demissões e a implantar um plano de fechamento de agências.

Prejuízo no primeiro semestre

Os Correios passam por uma grave crise financeira. O prejuízo da estatal subiu e chegou a R$ 2,640 bilhões no segundo trimestre deste ano, de acordo com balanço divulgada no início do mês. O resultado equivale a quase cinco vezes o registrado no mesmo período de 2024, quando a estatal teve prejuízo de R$ 553 milhões.

Ao longo de todo o primeiro semestre deste ano o prejuízo chegou a R$ 4,37 bilhões. No mesmo período do ano passado, o resultado negativo foi de R$ 1,35 bilhão.

Nas notas explicativas que fazem parte do balanço, os Correios afirmam que, apesar das medidas estratégicas, enfrentam restrições financeiras "decorrentes de fatores conjunturais externos que impactaram diretamente a geração de receitas".

"Entre os principais motivos, destaca-se a retração significativa do segmento internacional, em razão de alterações regulatórias relevantes nas compras de produtos importados, que provocaram a queda do volume de postagens e o aumento da concorrência, resultando na redução das receitas vinculadas a esse segmento", afirma a empresa, referindo-se à "taxa das blusinhas", a cobrança sobre produtos importados de pequeno valor.

A empresa afirma que implementou um plano de recuperação que contempla um conjunto de iniciativas de eficiência. "As ações priorizam o incremento de receitas, por meio da diversificação de serviços e da expansão da atuação comercial, bem como a otimização e racionalização das despesas e a redução de custos operacionais, preservando a universalização dos serviços e assegurando ganhos de produtividade e sustentabilidade financeira".

Para se ter uma ideia, em todo o primeiro semestre, a receita bruta de vendas e serviços somou R$ 8,52 bilhões. Uma queda nominal de 11,3% em relação a mesmo período de 2024. O serviço de postagem internacional, afetado pela taxa das blusinhas, levantou só R$ 815,2 milhões — um tombo de 61,3% em relação ao ano passado.

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