O plano está sendo construído com o Ministério das Cidades e prevê investimentos de até R$ 500 bilhões até 2054 — trinta anos após o levantamento ter sido iniciado (Leandro Fonseca/ EXAME)
Agência de notícias
Publicado em 4 de agosto de 2025 às 07h15.
Um estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mapeou 194 projetos de transporte público coletivo de média ou alta capacidade e apontou que o Brasil precisa dobrar o tamanho do sistema de metrô e quadruplicar o de BRT e VLT nas próximas décadas.
O plano está sendo construído com o Ministério das Cidades e prevê investimentos de até R$ 500 bilhões até 2054 — trinta anos após o levantamento ter sido iniciado.
"A necessidade de mobilização de recursos é enorme. Enfrentaremos lá na frente a escassez de recursos e a dificuldade de implementar esses projetos. Por isso, a gente procura soluções mais baratas quando elas são adequadas. O BRT, por exemplo, tem se mostrado importante para o país. Ele tem uma eficiência mais baixa que um transporte sobre trilhos, mas o custo de implementação está na casa de R$ 50 milhões por quilômetro, enquanto o metrô pode chegar a R$ 1 bilhão por quilômetro", explica Felipe Borim, superintendente da Área de Infraestrutura do BNDES.
Borim participou na última quinta-feira do encontro “Caminhos do Brasil”, uma iniciativa dos jornais O GLOBO e Valor Econômico e da rádio CBN, com patrocínio do Sistema Comércio, através da CNC, do Sesc, do Senac e de suas federações. Os debates sobre mobilidade urbana também contaram com a diretora-executiva do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP Brasil), Clarisse Cunha Linke, e com o ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho.
"Depois do mapeamento, o governo federal construirá, com os entes, uma lista de prioridades de quais projetos terão recursos alocados num primeiro momento. Mas é preciso perenidade nessas ações ao longo dos anos. Nós vamos investir R$ 42 bilhões na área em quatro anos. Antes disso, não houve financiamento nenhum. Isso não pode acontecer", defende Jader.
De acordo com o levantamento do BNDES, chamado de Estudo Nacional de Mobilidade Urbana, a rede base de metrô do Brasil (aquela já construída somada ao que está em fase de implementação) chega a 376 quilômetros. O acréscimo previsto pelo plano é de mais 323 quilômetros. Já a de BRT, VLT ou monotrilho — categorias que são aglutinadas no estudo — cresceria de 631 para 2,5 mil quilômetros.
"Todas as grandes cidades vão ter que ter BRT e metrô se complementando, bem integrados. Cada modelo tem suas vantagens", pontua Clarisse Cunha Linke, do ITDP.
O mapeamento também analisa projetos de trens e de corredores de ônibus. No primeiro caso, apenas São Paulo está prevendo uma ampliação de sua malha — acrescendo 96 quilômetros aos 308 que existem atualmente. Já o segundo passaria de 326 quilômetros para 483 em três décadas.
"Neste momento, o VLT é uma tecnologia mais eficiente do que o trem para dentro das cidades. Para grandes distâncias, a tendência é seguir com o trem. A região metropolitana de São Paulo é maior e mais populosa do que outras do Brasil. Portanto, sistemas metroferroviários, que têm maior capacidade de carregamento, tendem a ser modais mais presentes", afirma Borim.
O número de passageiros de transporte público, segundo o representante do BNDES, caiu 43% de 2014 a 2023. A migração se dá em grande medida para formas de transporte individual, como carros e especialmente motos de aplicativo — um jeito mais barato e rápido de se locomover.
"Isso é uma consequência de um serviço que não é de bom nível por falta de planejamento e de bons projetos. Ao mesmo tempo, a perda de passageiros aprofunda a crise, porque você reduz a demanda em um sistema que já tem problemas de financiamento com o pagamento de tarifa", diz Felipe Borim.
A Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos cita que os coletivos tiveram uma queda de 44,1% no número de passageiros transportados nos últimos dez anos. Isso equivale a cerca de 19,1 milh