Economia

Desigualdade deve ser combatida junto com processo de ajuste fiscal, diz Haddad

Ministro da Fazenda esteve na Faculdade de Direito da USP para uma aula durante a manhã desta sexta, em São Paulo

Haddad falou durante aula na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) (Diogo Zacarias/Flickr)

Haddad falou durante aula na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) (Diogo Zacarias/Flickr)

Agência o Globo
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Publicado em 27 de junho de 2025 às 13h12.

Última atualização em 27 de junho de 2025 às 13h26.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira, 27, que o ajuste nas contas públicas deve ser realizado junto com um esforço de combate às desigualdades sociais no Brasil. Segundo Haddad, historicamente, o ajuste fiscal é sinônimo de supressão de direitos no país.

"Historicamente, o ajuste fiscal é sinônimo de supressão de direitos no Brasil. É assim que as pessoas fazem a leitura [...] Quem vai pagar essa conta? Em geral, é o salário mínimo, é o aposentado, é o servidor público, é o pessoal da periferia. Quando você fala: vamos corrigir essas contas, mas vamos chamar o dono da cobertura para pagar o condomínio, aí não é possível. Curiosamente, o ajuste fiscal fica em segundo plano. Ele não é mais interessante. Ninguém mais fala disso".

Durante uma aula na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), o ministro afirmou que, com as renúncias fiscais somando cerca de R$ 800 bilhões, o rico está presente no orçamento, enquanto o pobre só aparece na hora de pagar o imposto de renda.

"O rico está no orçamento. São R$ 800 bilhões de renúncia fiscal e o pobre está no imposto de renda. Ou seja, nós temos uma sociedade de ponta-cabeça, em que a base da pirâmide sustenta o Estado e o topo da pirâmide não comparece com a sua justa parte para manter a sociedade funcionando".

A declaração de Haddad vem após o Congresso Nacional ter derrubado o decreto do governo que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), medida que, segundo estimativa da Fazenda, poderia gerar R$ 10 bilhões em arrecadação.

A decisão agravou ainda mais a tensão entre Executivo e Legislativo, com líderes parlamentares chegando a falar em rompimento com o Palácio do Planalto. Foi a primeira vez desde 1992 que um decreto presidencial foi barrado pelo Congresso, impondo uma derrota histórica ao governo Lula.

Nesta sexta-feira, a coluna de Renata Agostini, no O Globo, revelou que o governo pretende entrar com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reverter a decisão do Congresso.

"Se nós não colocarmos um processo ambicioso de transformação, forças obscurantistas vão começar a fazer estragos. [...] Para que nós vamos onerar mais quem está pedindo socorro? No momento que o país precisa fazer qualquer movimento, vamos olhar para quem não comparece e não comparece historicamente", concluiu Haddad.

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