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O impacto da taxa Selic acima de 14% ao ano na economia real e no mercado de capitais

Como os juros elevados afetam investimentos, crédito e crescimento econômico no Brasil

 (J Studios/Getty Images)

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Panorama Econômico

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Publicado em 25 de junho de 2025 às 15h17.

Quando a taxa Selic ultrapassa a marca dos 14% ao ano, os reflexos na economia real e no mercado de capitais são inevitáveis e, em sua maioria, bastante negativos para os investimentos produtivos e de risco. A Selic, por ser a taxa básica de juros da economia, serve de referência para todas as demais taxas de juros do país, desde empréstimos bancários até o rendimento de aplicações financeiras.

Com juros elevados nesse patamar, o capital tende a migrar fortemente para investimentos de renda fixa, especialmente para títulos públicos e grandes bancos, que oferecem segurança e retornos elevados sem risco de mercado. Nesse cenário, o investidor tem menos incentivo para alocar recursos em ativos de risco, como ações de empresas ou fundos imobiliários (FIIs), uma vez que o prêmio pelo risco diminui drasticamente.

O mercado de capitais sofre diretamente, com desvalorização das ações e queda nos fundos imobiliários. Empresas listadas na bolsa enfrentam maior dificuldade para captar recursos via emissão de ações ou debêntures, o que compromete investimentos em expansão, inovação e geração de empregos – pilares da economia real. O crédito privado também encarece, restringindo ainda mais o crescimento econômico.

Além disso, o setor imobiliário, representado pelos FIIs, torna-se menos atrativo, pois os rendimentos distribuídos passam a competir com os juros elevados da renda fixa. O fluxo de recursos direciona-se, então, para o Tesouro Direto e CDBs de grandes bancos, retraindo a liquidez e pressionando ainda mais os preços dos ativos de risco.

No médio e longo prazo, essa dinâmica trava o crescimento econômico, aumenta o custo da dívida pública e penaliza principalmente os setores produtivos, que dependem de um mercado de capitais saudável para financiar o desenvolvimento.

 

Por: Marcelo Meneses, CFP® Formado em Administração de Empresas pela Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) e com MBA em Economia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Possui as certificações CPA-20 e CFP®️ e 23 anos de experiência no mercado financeiro, atuando em Wealth Management nos maiores bancos do país (Itaú, Bradesco e Santander), acompanhando a evolução do mercado e a sofisticação dos produtos financeiros nas últimas duas décadas

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