Inteligência artificial: domínio em IA rende até 43% a mais na remuneração anual (Royalty-free/iStock/Getty Images)
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Publicado em 9 de setembro de 2025 às 13h50.
Nesta semana, tive uma experiência maravilhosa: almocei com Guga Stocco, uma das cabeças mais antenadas do país quando o assunto é inovação. Lá pelo cafezinho, esse soltou uma frase instigante: “Quando a eletricidade passou a ser distribuída pelas casas, ninguém imaginou que, logo depois, inventariam um liquidificador; com Inteligência Artificial é a mesma coisa. Vai criar produtos e serviços que ainda não temos a capacidade de imaginar”.
Respondi à provocação: “Talvez os inventores da eletricidade tenham imaginado a lâmpada, mas o liquidificador não”. Chegando em casa, naquela noite, fiquei observando o meu aparelho de televisão e cheguei à conclusão de que havia invenções que, de fato, nem poderiam ser imaginadas pelos gênios que conseguiram domar a eletricidade ao final do Século 19. E o que poderia ser criado no ambiente da IA, como foi a televisão com a eletricidade? Viagem no tempo? Vida eterna através do download das memórias em um corpo novo? Teletransporte? Ou algo que nem conseguimos imaginar?
Do domínio da energia elétrica até à invenção do liquidificador e da televisão se passaram cerca de quarenta anos – e houve um hiato de pelo menos vinte anos para que esses dois produtos fossem vendidos em grande quantidade no varejo.
Há três décadas, tivemos um fenômeno parecido, quando surgiram quase ao mesmo tempo a telefonia celular e a internet, no início dos anos 1990. Mas somente em 2007 é que apareceu o iPhone, que abriu caminho para uma verdadeira revolução digital.
E agora temos diante de nós a Inteligência Artificial, que vai abrir caminhos que ainda não podem ser previstos pela maioria dos mortais. Estamos diante de uma quebra de paradigmas nunca vista antes. Inúmeros livros que falavam do futuro (ficção científica ou não) ficaram obsoletos à medida que o Chat GPT passou a fazer parte de nossas vidas – e, com ele, inúmeras outras ferramentas que estão transformando nosso estilo de vida e a forma pela qual vamos trabalhar.
De um lado, pode-se imaginar que o aprendizado será algo que fará parte do passado, uma vez que a IA deverá realizar qualquer tarefa que necessite de conhecimento profundo. Mas, ao mesmo tempo, somente aqueles que possuem um bom repertório vão saber manejar a ferramenta de forma satisfatória e encontrar soluções originais e inovadoras.
Se a maioria das pessoas vai criar prompts previsíveis, as respostas medíocres vão dominar o nosso mundo corporativo. Mas há caminhos para encontrar a originalidade. Hoje, já existem ferramentas que se encaixam na categoria de “deep research” e devem mudar inexoravelmente o nosso estilo de trabalho.
As ferramentas de “deep research” com inteligência artificial se diferenciam das IAs tradicionais por sua capacidade de realizar investigações estruturadas em vez de apenas gerar respostas rápidas ou genéricas. Enquanto uma IA convencional pode oferecer uma síntese superficial com base em dados amplos, as plataformas de pesquisa profunda são projetadas para rastrear fontes específicas, cruzar evidências, identificar lacunas e construir raciocínios complexos — como se estivessem conduzindo uma apuração jornalística ou uma análise científica.
É como ter um especialista que sabe escrever em seu bolso. Essas ferramentas não apenas respondem: pesquisam e desenvolvem conteúdo como se fossem assistentes particulares de laboratório. Ferramentas de pesquisa profunda não representam o futuro: são o presente que já surgiu. A vida analógica, em breve, será exceção e o improviso humano vai conviver com algoritmos que estão a disposição 24 horas por dia.
O acesso à informação – antes uma vantagem competitiva – foi totalmente democratizado. O sucesso, daqui para frente, não será mais obtido pelo domínio do conhecimento, mas através da nossa capacidade de continuar pensando por conta própria e usar a IA para atingir a inventividade e a quebra de paradigmas. A Inteligência Artificial deve ser usada como uma ferramenta, não como um cérebro eletrônico que vai substituir a sua massa encefálica. Portanto, use-a com moderação – e com sua própria sagacidade.