(uzenzen/Getty Images for National Geographic Magazine)
Colunista
Publicado em 13 de maio de 2025 às 14h23.
Mulheres representam mais de um terço do empreendedorismo brasileiro. Conforme dados do IBGE, elas são 10 milhões de empreendedoras, em sua maioria no setor de serviços (55,4%), seguidas pelas comerciantes, que são 25,4% das empresárias.
Mais da metade delas são também responsáveis pela principal ou única renda da família. Ainda que mais escolarizadas, faturam menos que os homens, segundo levantamento do SEBRAE, com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC): a remuneração média das mulheres é cerca de R$ 800 menor que a dos demais empreendedores.
Além do fato de empreenderem mais por necessidade que oportunidade – aspecto crucial na atual disparidade -, empreendedoras lidam com desafios extras, como a falta de tempo em função da sobrecarga com o trabalho de cuidado, agravados por barreiras menos explícitas, como o machismo estrutural. Não por acaso, investem 17% menos horas em suas empresas, enquanto dedicam o dobro de horas aos trabalhos domésticos comparado aos homens.
O direcionamento de gênero já na infância também é algo a ser observado. Atividades desenvolvidas pelas crianças se refletem na vida adulta e explicam por que mulheres atuam mais na prestação de serviços em detrimento das áreas tecnológicas e de inovação.
Olhando, porém, para o copo meio cheio, estamos avançando. A diferença de rendimento tem diminuído e o número de negócios liderados por empreendedoras tem crescido. O mesmo levantamento do SEBRAE apontou aumento de 34,5% de empresárias na última década, contra 20% novas empresas lideradas por homens no mesmo período. E entre 2019 e 2023, o rendimento delas cresceu 5,7%, reduzindo a desigualdade de ganhos de 32% para 30%.
O futuro do empreendedorismo brasileiro, portanto, será feminino. A dúvida é quanto tempo essa perspectiva levará para se concretizar. O que depende, sobretudo, de políticas públicas que abram novos espaços, reduzam obstáculos e permitam uma competição mais equilibrada entre homens e mulheres.
O papel do Sebrae nesse processo é essencial, ao capacitar empreendedoras em todo o país. Neste ano, ainda criamos uma gerência específica para este público, com abordagem inclusiva, visto que diversidade é a mãe da inovação que, por sua vez, é a mãe da competitividade e da criatividade.
O fomento ao empreendedorismo feminino é peça fundamental no desenvolvimento econômico e social do Brasil. Ao superar desigualdades de gênero e promover um ambiente mais equânime para que mulheres cresçam e prosperem, o país caminhará significativamente na redução de todas as desigualdades e no fortalecimento de sua economia.