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Brasil reafirma liderança global em inovação financeira com novas prioridades do Open Finance

Banco Central do Brasil define novas prioridades para 2025 e 2026, com foco em inovação e inclusão financeira

 (OsakaWayne Studios/Getty Images)

(OsakaWayne Studios/Getty Images)

Publicado em 18 de junho de 2025 às 09h29.

Por Daniel H. C. Alvarenga

Na 19ª Reunião do Conselho de Administração do Open Finance, realizada em maio de 2025, o Banco Central do Brasil (BCB) apresentou o cronograma de prioridades para este e o próximo ano, reforçando o compromisso do país com a modernização, a eficiência e a inclusão no sistema financeiro.

Além dos produtos atualmente em desenvolvimento, foram anunciadas cinco novas iniciativas que passarão a ser priorizadas, cada uma com alto potencial de impacto para usuários e instituições.

A Jornada Otimizada busca simplificar a experiência do usuário nos processos de compartilhamento de dados e iniciação de pagamentos, reduzindo etapas e aumentando a eficiência dos fluxos.

Já a Jornada Assíncrona permitirá que o usuário autorize operações mesmo sem redirecionamentos imediatos, proporcionando mais flexibilidade e autonomia em sua rotina financeira.

O Pix Parcelado, por sua vez, funcionará de modo semelhante ao parcelamento no cartão de crédito, permitindo a divisão de compras via Pix, com possibilidade de juros, dependendo da política da instituição ofertante. Outra inovação promissora é o Pix Offline, que viabilizará pagamentos mesmo sem conexão à internet — uma medida especialmente relevante para regiões do país com baixa conectividade. Por fim, a Portabilidade de Salário ampliará a liberdade do trabalhador de escolher a instituição na qual deseja receber seu pagamento, fomentando a concorrência e ampliando o poder de escolha do consumidor.

Essas iniciativas são fruto do contínuo empenho dos profissionais do Banco Central, em especial de seu quadro técnico de carreira, cuja dedicação vem posicionando o Brasil entre os países mais avançados do mundo em tecnologia financeira. O reconhecimento desse trabalho tem ultrapassado fronteiras. Na Fintech Week Londres 2025, realizada no início de maio, o ecossistema brasileiro foi tratado com respeito por especialistas britânicos, indianos, italianos, chilenos e argentinos. Todos foram unânimes em afirmar que o Brasil é uma referência mundial, especialmente em pagamentos instantâneos e no desenvolvimento do Open Finance.

Com o Pix, lançado em novembro de 2020, o Brasil protagonizou uma revolução nos meios de pagamento, oferecendo transferências instantâneas, gratuitas para pessoas físicas e disponíveis 24 horas por dia. A ampla adoção do sistema contribuiu de forma decisiva para a inclusão financeira, ao mesmo tempo em que tornou o ambiente mais competitivo e acessível. Já com o Open Finance, o país não apenas acompanhou modelos internacionais como o britânico, como também os superou em muitos aspectos. Inicialmente denominado Open Banking, o projeto foi ampliado para abranger também produtos e serviços do mercado de seguros, ganhando a nomenclatura atual. Desde seu lançamento em 2021, o Open Finance Brasil já reúne mais de 40 milhões de usuários, superando inclusive o número de usuários ativos no Reino Unido, que, em março de 2025, somavam cerca de 13,3 milhões.

Esse avanço é explicado por três pilares fundamentais: uma regulação clara e progressiva, uma infraestrutura tecnológica sólida e uma cultura institucional voltada à inovação. Esses elementos têm garantido a confiança dos usuários e a adesão de um número crescente de instituições financeiras, criando um ambiente mais competitivo, transparente e centrado no consumidor.

As novas prioridades para 2025 e 2026 reafirmam o protagonismo do Brasil no cenário global. Com medidas como a jornada otimizada, o Pix parcelado e a portabilidade de salário, o país continua a moldar o futuro dos serviços financeiros. O projeto do Open Finance Brasil segue em expansão acelerada, com foco em trazer mais transparência aos produtos bancários e securitários, além de promover maior inclusão financeira. Trata-se de um passo decisivo para democratizar o acesso a serviços tradicionalmente restritos às camadas mais favorecidas da população, consolidando um sistema financeiro mais justo, acessível e eficiente para todos os brasileiros.

*Daniel H. C. Alvarenga é advogado especializado em regulação financeira e autor do livro “Open Finance: Sistema Financeiro Aberto – Regulamentação Jurídica Comentada”.

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