Ciência

Morcego do Maranhão carrega coronavírus semelhante ao covid-19, descobrem cientistas

Genoma identificado por cientistas em Riachão (MA) traz sequência ligada à alta infectividade do SARS-CoV-2 e MERS-CoV

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 1 de novembro de 2025 às 14h02.

Cientistas de instituições do Japão, Brasil e outros países identificaram, em um morcego do Maranhão, um vírus com similaridades genéticas relevantes com os coronavírus que causaram epidemias em humanos, como o da covid-19. O estudo, conduzido com amostras de tecido intestinal de espécies encontradas em áreas rurais e florestais do Maranhão e de São Paulo, lançou um alerta sobre potenciais riscos zoonóticos na fauna brasileira.

O novo vírus foi detectado em um exemplar da espécie Pteronotus parnellii, coletado no município de Riachão (MA). Ao sequenciar o material genético, os pesquisadores descobriram a presença de um genoma viral similar ao SARS-CoV-2, que provocou a pandemia de covid-19, e ao MERS-CoV, identificado em 2012 no Oriente Médio.

A principal descoberta do estudo foi a presença do sítio de clivagem da furina, uma sequência de aminoácidos rara entre coronavírus de morcegos. Essa estrutura, também presente no SARS-CoV-2, é reconhecida por uma enzima humana chamada furina, que ativa a spike protein — a proteína que o vírus utiliza como uma chave para entrar nas células humanas.

No contexto da covid-19, esse sítio foi apontado por diversos estudos como um dos fatores que aumentaram a eficiência de transmissão do coronavírus entre humanos. A sua detecção no novo vírus, provisoriamente batizado de BRZ batCoV, levanta a possibilidade de um risco evolutivo, segundo os autores.

A constatação reforça a necessidade de ampliar a vigilância genômica em populações silvestres, especialmente em áreas tropicais como a Amazônia e o Cerrado, onde a pressão humana sobre ecossistemas facilita o contato entre espécies e possíveis saltos virais. Embora o BRZ batCoV não represente, por ora, uma ameaça direta à saúde humana, sua análise ajuda a mapear variantes virais com potencial pandêmico.

Acompanhe tudo sobre:MaranhãoCoronavírusAnimaisPesquisa

Mais de Ciência

Uso de derivados de GLP-1 deve movimentar US$ 150 bilhões até 2030

Família encontra tesouro de reis e rainhas e pode ganhar R$ 1,6 milhão

Por que furacões têm nomes de mulheres?

Conheça os novos protocolos de desengasgo em bebês, crianças e adultos