Repórter
Publicado em 24 de setembro de 2025 às 17h03.
Cientistas alertam que uma nova onda de calor marinha, semelhante à que quase extinguiu uma espécie de ave no Pacífico, pode estar se formando novamente. O fenômeno, apelidado de "Blob" (ou "Bolha", em português), foi responsável pela morte de quatro milhões de airos entre 2014 e 2016, afetando uma vasta região do nordeste do Oceano Pacífico.
De acordo com o Copernicus, o programa da União Europeia dedicado ao monitoramento das mudanças climáticas, a temperatura média da superfície do Pacífico alcançou 20,82 °C em agosto deste ano. Esse valor é o terceiro mais alto registrado para o mês desde o final do século XIX, ficando apenas 0,16 °C abaixo do recorde anterior de agosto de 2023.
As recentes análises indicam que, dessa vez, o fenômeno se espalhou por uma área ainda maior, abrangendo cerca de 8.000 quilômetros, desde a costa oeste dos Estados Unidos até o Japão, segundo informações da emissora americana CNN. Para comparação, o "Blob" de 2014 cobriu uma área de aproximadamente 1.600 quilômetros, do Mar de Bering até o Golfo do Alasca.
Especialistas do Serviço Nacional de Parques dos EUA explicam que o evento é desencadeado por uma combinação de fatores: “temperaturas mais altas do ar (que aquecem a superfície do oceano), alterações nos padrões de vento (que alteram a mistura de águas e trazem água fria das profundezas) e a massa de água quente persistente ao longo do equador, conhecida como ENSO (El Niño-Oscilação Sul)”.
A onda de calor marinha de 2014 foi considerada uma das maiores mortes em massa de uma única espécie na história recente. Um ano após o início do fenômeno, em 2015, a cadeia alimentar de diversas espécies já estava severamente afetada, e grandes colônias de airo-comum (Uria aalge) começaram a enfrentar escassez de alimentos.
As aves que não sucumbiam à fome acabavam debilitadas a ponto de não conseguir se reproduzir. O impacto foi devastador: 62 mil aves morreram em um único ano, totalizando 4 milhões ao longo de toda a duração do evento.