gato de schrödinger (ChatGPT/Reprodução)
Redação Exame
Publicado em 8 de agosto de 2025 às 15h04.
O experimento mental do Gato de Schrödinger, proposto em 1935 pelo físico austríaco Erwin Schrödinger, continua a ser um dos paradoxos mais fascinantes da física moderna. Ele foi concebido para ilustrar os limites da interpretação de Copenhague da mecânica quântica, segundo a qual um sistema pode existir em múltiplos estados simultaneamente até ser observado.
Recentemente, pesquisadores da Academia Austríaca de Ciências conseguiram recriar o estado de superposição quântica em temperaturas mais elevadas do que o habitual — cerca de 1,8 Kelvin, acima do zero absoluto. Esse avanço é significativo porque demonstra que a superposição pode ocorrer mesmo em estados térmicos mais "quentes", o que amplia as possibilidades de aplicação prática, especialmente em sistemas de computação quântica.
Outro marco foi atingido por cientistas que mantiveram um estado quântico por mais de 23 minutos usando átomos de rubídio resfriados e manipulados com campos magnéticos e lasers. Esse feito representa um avanço importante na luta contra a decoerência — processo que faz sistemas quânticos perderem sua superposição ao interagir com o ambiente. Essa estabilidade alcançada abre caminho para sensores ultra-sensíveis e computadores quânticos mais robustos, cada vez mais importantes na corrida tecnológica moderna.
O Gato de Schrödinger não é apenas um experimento físico, mas também uma provocação filosófica. Ele levanta questões sobre o papel do observador na definição da realidade e sobre os limites da nossa compreensão do universo. A ideia de que um sistema pode estar simultaneamente em dois estados — como um gato vivo e morto — desafia a lógica clássica e continua a inspirar debates sobre a natureza da realidade.
A superposição quântica, ilustrada pelo paradoxo do gato, é a base dos qubits, unidades fundamentais da computação quântica. Diferente dos bits clássicos, que assumem valores de 0 ou 1, os qubits podem representar ambos simultaneamente, permitindo cálculos exponencialmente mais rápidos.
Conceito que até a IBM experimentou
A ideia original, proposta em 1935 por Erwin Schrödinger, imaginava um gato preso em uma caixa, simultaneamente vivo e morto até que alguém abrisse a tampa. Este cenário ilustra como partículas quânticas podem existir em estados de superposição — uma condição impossível de ser observada diretamente no mundo macroscópico.
Atualmente, cientistas têm reproduzido “gatos” usando partículas, átomos e circuitos supercondutores.
Um dos feitos mais recentes foi o da IBM, que produziu uma superposição envolvendo 120 qubits interligados, utilizando um estado conhecido como GHZ (Greenberger-Horne-Zeilinger), segundo uma coluna da New Scientist.
A experiência demonstrou que seus sistemas quânticos conseguem criar e sustentar estados complexos — um passo essencial para tornar os computadores quânticos mais eficientes.
Além do experimento da IBM, a busca por criar “gatos quânticos” maiores se intensificou. Em 2023, pesquisadores conseguiram colocar um cristal com 10 quadrilhões de átomos em estado de superposição, ampliando o entendimento sobre até onde a mecânica quântica pode ser aplicada em objetos macroscópicos.
Desde tentativas com partículas de luz até experimentos envolvendo criaturas microscópicas, como o tardígrado, o desafio de aproximar o mundo visível dos fenômenos quânticos fascina pesquisadores ao redor do planeta.
Ainda que colocar seres vivos em superposição continue fora do alcance atual, o número crescente de experiências mostra que o conceito do gato — antes visto como “ridículo”, segundo o próprio Schrödinger — se tornou uma referência prática no avanço da tecnologia quântica.