A construção de um império (Feng Li/Getty Images)
Redatora
Publicado em 18 de setembro de 2025 às 05h42.
A morte de Giorgio Armani, aos 91 anos, abriu espaço para uma disputa entre grandes grupos do setor de luxo e beleza pelo controle da marca fundada pelo estilista há 50 anos. Mais do que moda, o valor da empresa está fortemente ligado às receitas obtidas com fragrâncias e óculos licenciados, de acordo com informações da Reuters.
Em 2024, a Armani registrou receita de 2,3 bilhões de euros em seu negócio de moda, uma queda de 5% em relação ao ano anterior. Porém, quando se incluem os contratos de licenciamento com a francesa L’Oréal e a italiana EssilorLuxottica, o faturamento total atinge 4,25 bilhões de euros.
As parcerias, que remontam à década de 1980, são responsáveis por cerca de 1,5 bilhão de euros anuais em vendas de perfumes e cosméticos, e 500 milhões de euros em óculos. Desse montante, aproximadamente 10% retorna ao grupo Armani em forma de royalties.
O testamento de Giorgio Armani, divulgado após sua morte em 4 de setembro, estabeleceu que a prioridade em uma eventual venda deve ser dada a parceiros já existentes. A L’Oréal, a EssilorLuxottica e o conglomerado francês LVMH foram citados como potenciais compradores.
A licença com a EssilorLuxottica foi renovada em 2023 por mais 15 anos, enquanto o contrato com a L’Oréal se estende até 2050. Essa duração amplia o desafio para novos investidores que busquem consolidar todos os ramos da marca sob uma única gestão.
De acordo com analistas, a L’Oréal poderia seguir o modelo da Estée Lauder, que comprou a Tom Ford em 2022 e manteve a operação de fragrâncias, concedendo licenças para moda e acessórios. Já a EssilorLuxottica, apesar da parceria histórica, tem direcionado seu foco para tecnologia médica.
A LVMH, liderada por Bernard Arnault, tem estrutura para absorver todas as frentes da Armani — moda, beleza e óculos. Porém, a existência de contratos de licenciamento de longo prazo e o poder de veto atribuído a uma fundação criada por Armani representam obstáculos a uma integração imediata.
Atualmente, a operação de moda do grupo apresenta margem operacional de apenas 3% da receita líquida, enquanto L’Oréal e EssilorLuxottica reportaram margens de 20% e 17%, respectivamente.