Troca de cadeiras: Alessandro Michele, ex-diretor criativo da Gucci, hoje na Valentino e Demna Gvasalia, ex-diretor criativo da Balenciaga, hoje na Gucci (Arturo Holmes/MG23/Getty Images for The Met Museum/Vogue/Getty Images)
Repórter de Casual
Publicado em 23 de setembro de 2025 às 12h09.
Última atualização em 23 de setembro de 2025 às 12h33.
Assim como o entra e sai de modelos na passarela de um desfile, as marcas de moda também passaram por diversas trocas nos cargos de direção criativa. No total, 13 grifes europeias dos principais grupos de moda trocaram suas gestões. Hoje, 23, Milão dá início à sua semana de moda, com desfiles de etiquetas como Gucci, Bottega Veneta e Jil Sander. Após o encerramento no dia 27, os olhares estarão voltados às passarelas de Paris, que terá início da temporada em 1º de outubro.
Um preview do que virá já foi apresentado, pelo menos por conta de Demna Gvasalia, ex-Balenciaga que agora imprime sua assinatura na Gucci. Ontem, 22, o estilista georgiano apresentou o lookbook das primeiras peças para a grife italiana, com uma estética dos estereótipos italianos, como o que vestiriam senhoras endinheiradas milanesas, jovens festeiras e “filhinhos de papai”.
“Ainda não estou definindo minha visão Gucci, mas a plataforma sobre a qual a construo. Quero redefinir a compreensão e a percepção do que a Gucci é por meio da minha reinterpretação”, disse Gvasalia em entrevista ao site WWD.
O momento da Gucci é sensível, visto que a maior marca do grupo Kering enfrenta dificuldades financeiras que levaram à saída de Alessandro Michele. As vendas da Gucci representam metade das vendas do grupo e dois terços dos lucros do grupo comandado por François-Henri Pinault.
A entrada de Demna é estratégica, já que o estilista transformou a Balenciaga em uma casa de moda tradicional para uma pegada de streetwear. Sob sua gestão, a marca obteve o crescimento mais rápido do portfólio da Kering em seus 10 anos de liderança.
Porém, a passagem do georgiano pela marca espanhola também teve momentos controversos, com uma campanha publicitária em 2022 com uma criança segurando um ursinho de pelúcia em trajes de sexuais, que causou uma queda nas vendas. Peças inusitadas como o polêmico tênis destruído lançado em 2022, a bolsa de couro azul semelhante a uma sacola de plástico da Ikea e colaborações com a Crocs também mexeram na visão do consumidor sobre a marca.
Outras nomeações foram feitas na Gucci. Na semana passada, foi anunciada a nomeação de Francesca Bellettini como diretora-executiva da Gucci, substituindo Stefano Cantino, que ocupava o cargo havia nove meses. Essa foi a primeira mudança significativa sob a gestão de Luca De Meo, novo CEO da Kering.
Louise Trotter: passagens pela Gap, Calvin Klein, Tommy Hilfiger, Lacoste e Carven (Jeff Spicer/Getty Images)
Uma das marcas que mais define o estilo quiet luxury, a italiana Bottega Veneta, também terá uma estreia nesta semana. No sábado, 27, Louise Trotter apresentará a nova coleção da terceira maior marca do portfólio da Kering sob sua assinatura. Ainda que o desempenho da marca tenha sido melhor do que outras etiquetas da Kering, com crescimento de receita de um dígito no trimestre mais recente, a crise no grupo nos dois últimos anos respingaram nas bolsas de couro trançadas da marca.
Com passagens pela Gap, Calvin Klein, Tommy Hilfiger, Lacoste (onde foi a primeira mulher a assumir a direção criativa) e por último, pela Carven, é esperado que Trotter traga referências de alfaiataria com um olhar mais casual, mas sem abrir mão do artesanato italiano em couro que a marca é conhecida por.
Pierpaolo Piccioli: após 25 anos na Valentino, diretor criativo assume cargo na Balenciaga (Pascal Le Segretain/Getty Images)
Após 25 anos na Valentino, sendo oito como diretor criativo, Pierpaolo Piccioli apresentará sua primeira coleção para a marca espanhola no dia 4 de outubro durante a Semana de Moda de Paris. Sob a nova gestão, espera-se que o italiano apresente uma nova imagem para a marca, atualmente voltada para o streetwear.
Além disso, o segmento de acessórios como bolsas e o mercado de beleza também será um foco de Piccioli, que apresentou peças de sucesso como o modelo Rockstud e a cor Valentino Pink PP, assim como a linha de maquiagens da Valentino. Com mais de 271 lojas pelo mundo, a Balenciaga está preparando fragrâncias para serem lançadas ainda neste ano.
Desde o ano passado, a direção criativa da Valentino está sob a batuta de Alessandro Michele, ex-Gucci.
Matthieu Blazy: novo diretor criativo da Chanel (Victor VIRGILE/Gamma-Rapho /Getty Images)
É esperado que Mathieu Blazy traga seu foco no artesanato, assim como o fez na direção criativa da Bottega Veneta por três anos para a Chanel. O designer franco-belga substituirá Virginie Viard, colaboradora próxima de Karl Lagerfeld, que esteve na liderança do cargo desde a morte do estilista em 2019. Ainda que as coleções apresentadas sob a gestão de Viard tenham obtido certo sucesso comercial, não foram vistas como grandes criações inovadoras. O desfile acontecerá no dia 6 de outubro, em Paris.
Dario Vitale: diretor criativo italiano é o primeiro designer sem o sobrenome Versace a assumir o comando da grife italiana (Versace/Reprodução)
O peso da entrada de Dario Vitale na Versace é grande, já que o diretor criativo italiano é o primeiro designer sem o sobrenome Versace a assumir o comando da grife italiana, liderada por Donatella Versace desde 1997. A nomeação de Vitale aconteceu poucas semanas antes da grife ser adquirida pela Prada por € 1,25 bilhão.
A apresentação oficial da coleção acontecerá na quinta-feira, 26, mas o designer já apresentou algumas criações durante o Festival de Cinema de Veneza ao vestir Julia Roberts e Amanda Seyfried no tapete vermelho com um paletó azul de alfaiataria com camisa listrada e jeans. Vitale possui no currículo trabalhos na Bottega Veneta e na Miu Miu.
Jonathan Anderson: estilista da Loewe sai da marca espanhola após 11 anos e assume direção criativa da Dior (Pascal Le Segretain/Getty Images)
Se há um nome com uma grande expectativa por trás é o de Jonathan Anderson, que após 11 anos de sucesso na Loewe assume a direção criativa das coleções feminina, masculina e de alta-costura da Dior. Na linha feminina e de alta-costura da Dior, Anderson sucede Maria Grazia Chiuri. A mudança promete uma virada de chave para a LVMH, que espera uma injeção de novidades para a segunda maior em tamanho em seu portfólio de moda e artigos de couro. Em junho, o estilista apresentou a primeira coleção masculina. O desfile feminino acontecerá em 1º de outubro, em Paris.
Jack McCollough e Lazaro Hernandez, fundadores da Proenza Schouler assumem a direção criativa da Loewe (Taylor Hill/Getty Images)
Uma das poucas marcas a dividir a assinatura das coleções é a espanhola Loewe. Após a saída de Jonathan Anderson para a Dior, Jack McCollough e Lazaro Hernandez, fundadores da Proenza Schouler assumem a direção criativa. A dupla americana terá o desafio de seguir o saldo positivo da Loewe sob o comando de Anderson, que elevou os lucros da grife de € 230 milhões em 2014 para € 1,07 bilhão em 2024, segundo estimativas do Morgan Stanley. É esperado que a dupla siga com o foco nos trabalhos artesanais, com destaque para os acessórios. O desfile acontecerá no dia 3 de outubro, em Paris.
Também assumem novas cadeiras: Simone Bellotti, na Jil Sander, Miguel Castro Freitas, na Mugler, Mark Thomas na Carven, Glen Martens na Maison Margiela e Duran Lantink na Jean Paul Gaultier.