Carreira

Tem mais de 50 e busca emprego? Esta executiva mostra que experiência ainda conta — e muito

Com mais de 50 anos e uma carreira sólida, Renata Filardi mostra que é possível se recolocar no mercado com estratégia, atualização e atitude; veja conselhos

Renata Filardi é membro do Conselho Deliberativo da ABRH Brasil e do Conselho da Associação Comercial do Rio de Janeiro

Renata Filardi é membro do Conselho Deliberativo da ABRH Brasil e do Conselho da Associação Comercial do Rio de Janeiro

Guilherme Santiago
Guilherme Santiago

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Publicado em 20 de maio de 2025 às 08h00.

Para muitos profissionais com mais de 50 anos, o mercado de trabalho é um terreno hostil. Dificuldades para recolocação, a percepção de desatualização e o receio de que profissionais maduros estejam “fora do ritmo” são obstáculos recorrentes. Mesmo quando há abertura, a trajetória de reinserção costuma ser mais longa e exigente.

“Temos evoluído no debate sobre diversidade”, afirma Renata Filardi, diretora de Recursos Humanos da Farmoquímica S.A. e membro do Clube CHRO da EXAME e Saint Paul. “Mas o etarismo, muitas vezes inconsciente, ainda está muito presente nas decisões de contratação”, pondera.

A difícil estrada da reinserção profissional após os 50

Renata fala com a propriedade de quem conhece o tema por dentro.

Há mais de 12 anos na posição de CHRO, ela também integra o Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH) e, aos 50+, é um exemplo de profissional ativa, atualizada e valorizada. 

"É possível se manter relevante, sim. Mas é preciso se posicionar, se atualizar e saber comunicar o seu valor"Renata Filardi, diretora de Recursos Humanos da Farmoquímica S.A e presidente da diretoria executiva ABRH RJ

Com o olhar de quem contrata e de quem também atravessa essa etapa da vida, Renata compartilha recomendações práticas para quem está em busca de uma recolocação depois dos 50. Veja a seguir.

Currículo: menos é mais

Renata alerta para um erro comum em currículos de profissionais com 50+: querer contar toda a trajetória profissional em uma única página. 

“O ideal é focar nos últimos dez anos. Não é necessário incluir experiências muito antigas ou detalhar a formação desde o início da carreira”, explica.

Além disso, segundo ela, o currículo deve ser adaptado a cada vaga. “Evite um modelo padrão para todas as empresas. Estude a vaga, entenda o que a empresa valoriza e direcione o conteúdo para isso”, reforça.

Outras dicas valiosas: omita dados que possam acionar vieses, como data de nascimento ou cidade. E destaque experiências e competências relevantes com clareza. “Você pode fazer um resumo no início, com uma visão geral das áreas em que atuou, e depois ser mais específico nos cargos mais recentes.”

Renata também reforça a importância de listar habilidades técnicas, idiomas e cursos atualizados. “Coloque o que você domina. Mas não precisa dizer que fez um curso de Excel nos anos 90. Foque em mostrar o que você sabe hoje.”

Renata Filardi é membro do Conselho Deliberativo da ABRH Brasil e do Conselho da Associação Comercial do Rio de Janeiro (Arquivo Pessoal)

Entrevista: postura, atualização e exemplos concretos

A entrevista é um momento decisivo – e, para muitos profissionais maduros, cercado de insegurança. Renata recomenda uma preparação cuidadosa e uma mudança de foco. “Em vez de pensar ‘por que não me contratariam?’, pense ‘por que deveriam me contratar?’. É sobre valorizar o que você tem de melhor.”

Demonstrar flexibilidade e abertura a aprendizados é essencial. “O medo das empresas é que a pessoa mais madura esteja engessada. Mostre que você está disposto a aprender coisas novas e dê exemplos reais disso”, recomenda. Renata sugere trazer casos concretos para sustentar competências. “Se falar em inovação, diga o que fez de diferente, como foi aceito e qual o resultado.”

Outro ponto sensível é a questão salarial. “Se você está em transição ou recomeçando, vale dizer que está em busca de aprendizado e estabilidade. E que entende que o salário pode ser menor neste momento”, sugere.

Networking e posicionamento digital

Para Renata, esconder-se não é uma boa estratégia. “As pessoas precisam saber que você está buscando. Fale com amigos, ex-colegas, profissionais de RH”, diz a executiva.

"Se você não se mostra, ninguém vai lembrar de você quando surgir uma oportunidade"Renata Filardi, diretora de Recursos Humanos da Farmoquímica S.A

Ela também destaca a importância da presença digital — especialmente no LinkedIn. “Mas não basta criar perfil. Seja ativo, interaja, publique, atualize suas informações. Mostre que está no jogo.”

Outro conselho é adotar uma postura ativa. “Não espere a vaga vir até você. Faça buscas em sites, cadastre-se em empresas que te interessam”, diz. E, se preferir mais discrição, fale com pessoas-chave da sua rede. “Nem todo mundo precisa saber, mas algumas pessoas estratégicas, sim. Isso pode fazer toda a diferença.”

Atualização e atitude: pilares de uma nova fase

A longevidade e as transformações sociais e tecnológicas apontam para um novo cenário: ninguém mais está condenado a uma única carreira. 

“Hoje, com mais saúde e mais tempo de vida, podemos e devemos pensar em novas possibilidades depois dos 50”, diz ela, que vê com bons olhos o crescimento de programas corporativos voltados a profissionais maduros. “Algumas empresas já criaram iniciativas específicas. É importante buscar companhias que valorizem essa diversidade.”

Para ela, há um lembrete importante: “Buscar emprego é difícil para todos. Haverá ‘nãos’. Mas é preciso manter a motivação, entender seus pontos fortes e seguir em frente”, afirma.

A experiência ainda importa

A trajetória de Renata Filardi é a prova de que é possível se manter relevante no mercado após os 50. Com estratégia, autoconhecimento e disposição para aprender, profissionais maduros podem se reinventar, agregar valor às empresas e conquistar novas posições — não apesar da idade, mas com ela.

“Valorize sua experiência. E nunca deixem de se atualizar. A maturidade é um trunfo, não um obstáculo”, finaliza.

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